sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Qual é o nome?


COMUNICAÇÃO
(Luis Fernando Veríssimo)
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"
"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."
"Pois não?"
"Um... como é mesmo o nome?"
"Sim?"
"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima."
"Sim senhor."
"O senhor vai dar risada quando souber."
"Sim senhor."
"Olha, é pontuda, certo?"
"O quê, cavalheiro?"
"Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?"
"Infelizmente, cavalheiro..."
"Ora, você sabe do que eu estou falando."
"Estou me esforçando, mas..."
"Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?"
"Se o senhor diz, cavalheiro."
"Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero."
"Sim senhor. Pontudo numa ponta."
"Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?"
"Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?"
"Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho."
"Sinto muito."
"Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando."
"Eu não estou pensando nada, cavalheiro."
"Chame o gerente."
"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?"
"É de, sei lá. De metal."
"Muito bem. De metal. Ela se move?"
"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim."
"Tem mais de uma peça? Já vem montado?"
"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."
"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa."
"Ah, tem clique. É elétrico."
"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."
"Já sei!"
"Ótimo!"
"O senhor quer uma antena externa de televisão."
"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."
"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"
"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa."
"Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e..."
"Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"
"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"
"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?"


... (Fonte: VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.) )

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

VERBO DEFECTIVO



VERBO DEFECTIVO
Quando  um verbo possui conjugação incompleta, ou seja, não  é conjugado em todos os tempos , modos e pessoas, dizemos que é um verbo DEFECTIVO. Exemplo: o verbo extorquir não é conjugado na primeira pessoa do  presente do indicativo  logo não é conjugado no presente do subjuntivo( tempo derivado do presente do indicativo ).
Exemplo: verbo falir
Presente do indicativo
Nós fal-imos
Vós fal- is
Nos demais tempos e modos, os verbos defectivos são conjugados normalmente.
Exemplo de verbos defectivos:
adequar, falir, doer, reaver, abolir, banir, brandir, carpir, colorir, explodir,  demolir, feder, aturdir, esculpir, extorquir,
Observação:
Existem verbos que não são defectivos, porém causam constrangimento ao serem conjugados. Um exemplo disso  o verbo computar. Imagine alguém dizendo “eu computo”, “tu computas,” “ele computa.” Por isso  usamos um auxiliar para conjugá-los, como fazemos com os demais defectivos.  Vou computar,  irei falir, vou explodir, quero reaver, preciso colorir, etc.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Verbo: tempos pimitivos e tempos derivados

VERBOS : Tempos primitivos e derivados
TEMPOS PRIMITIVOS
1-    Presente do indicativo
Verbos terminados em –ar > amar ( am-o ,am-as, am-a, am-amos, am-ais, am-am)
Verbos terminados em –er > vender( vendi, vend-es, vend-e, vend-emos, vend-eis, vend-em
Verbos terminados em –ir > permitir( permit-o, permit-es, permit-e, permit-imos, permit-is, permit-em)

2      Pretérito Perfeito do indicativo
-ar> amar( amei, amaste, amou, amamos, amastes, amaram)
-er > vender( vend-i, vend-este, vend-eu, vend-emos, vend-estes, vend-eram)
-ir > permitir( permit-i, permit-iste, permit-iu, permit-imos, permit-istes, permit-iram

3      Infinitivo Impessoal  ( é o nome do verbo)-ar >amar , -er> vender, -ir> permitir

TEMPOS DERIVADOS
Tempos derivados do presente do indicativo:
a.    Presente do subjuntivo
Verbos terminados em –ar > amar
 am-e, am-es, am-e, am-emos, am-eis, am-em)
Verbos terminados em  -er > vender
Vend-a, vend-as, vend-a, vend-amos, vend-ais, vend-am
Verbos terinados em –ir > permitir
Permit-a, permit-as, permit-a, permit-amos, permit-ais, permit-am

b.    Imperativo:
1-    Afirmativo –ar > amar ( am-a tu, am-e você, am-emos nós, am-ai vós, am-em vocês)
-er > vender( vend-e tu, vend-a você, vend-amos nós, vend-ei vós, vend-am vocês
-ir > permitir( permi-te tu, permit-a você, permit-amos nós, permit-i vós, permit-am vocês)

2-    Negativo  -ar > amar( não am-es tu, não am-e você, não am-emos nós, não am-eis vós, não am-em vocês.

Formação do imperativo(tiramos do presente do indicativo a segunda pessoa( singular e plural: tu e vós  menos o S. As demais pessoas( você, nós e vocês) tiramos do presente do subjuntivo. Exemplo:
Presente do indicativo
Eu canto
Tu cantaS
Ele canta
Nós cantamos
Vós cantaiS
Eles cantam
Imperativo afirmativo
   .............
Canta tu
Cante você
Cantemos nós
Cantai vós
Cantem vocês
Presente do subjuntivo
Que eu cante
Que tu cantes
Que ele/você cante
Que nós cantemos
Que vós canteis
Que eles/vocês cantem
Imperativo negativo
                ...........
Não cantes tu
Não cantes você
Não cantemos nós
Não canteis vós
Não cantem vocês







Tempos derivados do Pretérito perfeito do indicativo:

a.    Pretérito mais-que –perfeito do indicativo
Am-ar:      am-ara, am-aras, am-ara, am-áramos, am-áreis, am-aram
Vend-er:  vend-era, vend-eras, vend-era, vend-êramos, vend-êreis, vend-eram
Permit-ir:   permit-ira, permit-iras, permit-ira, permit-íramos, permit-íreis, permit-iram

b.    Pretérito imperfeito do subjuntivo  
 > amar( am-asse, am-asses, am-asse, am-ássemos, am-ásseis, am-assem)
> vender (Vend-esse, vend-esses, vend-esse, vend-êssemos, vend-êsseis, vend-essem)
>  permitir( Permit-isse, permit-isses, permit-isse, permit-íssemos, permit-ísseis. Permit-issem)

c.    Futuro do subjuntivo
       –ar >ama( am-ar, am-ares, am-ar, am-armos, am-ardes, am-arem)
 -er > vender  (Vend-er, vend-eres, vend-er, vend-ermos, vend-erdes, vend-erem
-ir > permitir( Permit-ir, permit-ires, permit-ir, permit-irmos, permit-irdes, permit-irem
. Tempos derivados do Infinitivo impessoal
      a.     Pretérito imperfeito do indicativo
       >   ama- va, ama -vas, am -ava, am-ávamos, am-áveis, am-avam)
       > vender(Vend-ia, vend-ias, vend-ia, vend-íamos, vend-íeis, vend-iam)
       >   permitir(Permit-ia, permit-ias, permit-ia, permit-íamos, permit-íeis, permit-iam)

b.    Futuro do presente do indicativo(-rei)
-ar> amar( amarei, amarás, amará, amaremos, amareis, amarão)
-er> vender ( vende-erei, vend-erás, vend-erá, vend-eremos, vend-ereis, vend-erão
Ir- > permitir( permit-irei, permit-irás, permit-rá, permit-iremos, permit-ireis, permit-irão

c.    Futuro do pretérito do indicativo ( -ria)
( amaria, amarias, amaria, amaríamos, amaríeis, amariam)
-er>vender ( vend-eria, vend-erias, vend-eria, vend-eríamos, vend-eríes, vend-eriam
- ir > permitir(permit-iria, permit-rias, permit-ria, permit-ríamos, permit-íreis, prmit-riam


d.    Infinitivo pessoal 
>amar ( amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem)
> vender( vend-er, vend-eres, vend-er, vend-ermos, vend-erdes, vend-erem)
> permitir ( permit-ir, permit-ires, permit-ir, permit-irmos, permit-irdes, permit-irem)

e.    Gerúndio
    –ar > amar( am-ando)
-er >vender ( vend-endo)
-ir > permitir( permit-indo)

f.     Particípio (amado, vend –ido, permit-ido)
Resumindo:
Tempos derivados do PRESENTE DO INDICATIVO:
a.    Presente do subjuntivo
b.    Imperativo afirmativo e imperativo negativo.

Tempos derivados do PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO:
a.    Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
b.    Pretérito imperfeito do subjuntivo
c.    C. Futuro do subjuntivo
Tempos derivados do INFINITIVO IMPESSOAL;
a.    Pretérito imperfeito do indicativo
b.    Futuro do presente doindicativo
c.    Futuro do pretérito do indicativo
d.    Infinitivo pessoal
e.    Gerúndio
f.     Particípio

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

POBRE PROFESSOR





O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.


(Poema extraído do livro Caprichos e relaxos de Paulo Leminsky.
São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 144).


O ASSASSINO ERA O ESCRIBA

O assassino era o escriba Neste poema, o autor critica o uso  de ironia e duplo sentido quando se refere aos termos empregados nas...