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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Afiando o machado




o machado...

Pedro, um lenhador, após um grande trabalho em uma área de desmatamento, se viu desempregado. Após tanto tempo cortando árvores, entrou no corte! A madeireira precisou reduzir custos...
Saiu, então, à procura de nova oportunidade de trabalho. Seu tipo físico, porém, muito franzino, fugia completamente do biotipo de um lenhador. Além disso, o machado que carregava era desproporcional ao seu tamanho. Aqueles que conheciam Pedro, entretanto, julgavam-no um ótimo profissional.
Em suas andanças, Pedro chegou a uma área reflorestada que estava começando a ser desmatada. Apresentou-se ao capataz da madeireira como um lenhador experiente. E ele o era! O capataz, após um breve olhar ao tipo miúdo do Pedro e, com aquele semblante de selecionador implacável, foi dizendo que precisava de pessoas capazes de derrubar grandes árvores, e não de "catadores de gravetos".
Pedro, necessitando do emprego, insistiu. Pediu que lhe fosse dada uma oportunidade para demonstrar sua capacidade. Afinal, ele era um profissional experiente! Com relutância, o capataz resolveu levar Pedro à área de desmatamento. E só fez isso pensando que Pedro fosse servir de chacota aos demais lenhadores. Afinal, ele era um fracote...
Sob os olhares dos demais lenhadores, Pedro se postou frente a uma árvore de grande porte e, com o grito de "madeira", deu uma machadada tão violenta que a árvore caiu logo no primeiro golpe. Todos ficaram atônitos!
Como era possível tão grande habilidade e que força descomunal era essa, que conseguira derrubar aquela grande árvore numa só machadada? Logicamente, Pedro foi admitido na madeireira. Seu trabalho era elogiado por todos, principalmente pelo patrão, que via em Pedro uma fonte adicional de receita.
O tempo foi passando e, gradativamente, Pedro foi reduzindo a quantidade de árvores que derrubava. O fato era incompreensível, uma vez que ele estava se esforçando cada vez mais.
Um dia, Pedro se nivelou aos demais. Dias depois, encontrava-se entre os lenhadores que menos produziam... O capataz que, apesar da sua rudeza, era um homem vivido, chamou-o e o questionou sobre o que estava ocorrendo. "Não sei", respondeu Pedro, "nunca me esforcei tanto e, apesar disso, minha produção está decaindo".
O capataz pediu, então, que Pedro lhe mostrasse o seu machado. Quando o recebeu, notando que ele estava cheio de "dentes" e sem o "fio de corte", perguntou ao lenhador: "Por que você não afiou o machado?".
Pedro, surpreso, respondeu que estava trabalhando muito e por isso não tinha tido tempo de afiar a sua ferramenta de trabalho. O capataz ordenou que o trabalhador ficasse no acampamento e amolasse seu machado. Só depois disso ele poderia voltar ao trabalho. Pedro fez o que lhe foi mandado.
Quando retornou à floresta, percebeu que tinha voltado à forma antiga conseguia derrubar as árvores com uma só machadada.
A lição que Pedro recebeu cai como uma luva sobre muitos de nós, preocupados em executar nosso trabalho ou, pior ainda, julgando que já sabemos tudo o que é preciso, deixamos de "amolar o nosso machado", ou seja, deixamos de atualizar nossos conhecimentos.
Sem saber o motivo, vamos perdendo posições em nossas empresas ou nos deixando superar pelos outros. Em outras palavras, perdemos a nossa potencialidade.
Muitos avaliam a experiência que possuem pelos anos em que se dedicam àquilo que fazem. Se isso fosse verdade, aquele funcionário que aprendeu, em 15 minutos, a carimbar os documentos que lhe chegam às mãos, depois de 10 anos na mesma atividade poderia dizer que tem 10 anos de experiência. Na realidade, tem 15 minutos de experiência repetida durante dez anos.
A experiência não é a repetição monótona do mesmo trabalho, e sim a busca incessante de novas soluções, tendo coragem de correr riscos que possam surgir. É preciso "gastar tempo" para afiar o nosso machado.

Autor desconhecido( com adaptações)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MORADA NO CÉU


Morada no Céu
Um homem muito rico morreu e foi recebido no céu.
O anjo guardião levou-o por várias alamedas e foi lhe mostrando as casas e moradias. Passaram por uma linda casa com belos jardins.
O homem perguntou:
Quem mora aí?
O anjo respondeu:
  É o Raimundo, aquele seu motorista que morreu no ano passado.
O homem ficou pensando:
"Puxa! O Raimundo tem uma casa dessas! Aqui deve ser muito bom!"
Logo a seguir surgiu outra casa ainda mais bonita.
  E aqui, quem mora? - perguntou o homem.
O anjo respondeu:
  Aqui é a casa da Rosalina, aquela que foi sua cozinheira.
O homem ficou imaginando que, tendo seus empregados magníficas residências, sua morada deveria ser no mínimo um palácio. Estava ansioso por vê-la. Nisso o anjo parou diante de um barraco construído com tábuas e disse:
  Esta é a sua casa!
O homem ficou indignado:
  Como é possível! Vocês sabem construir coisa muito melhor.
  Sabemos - responde o anjo - mas nós apenas construímos. O material é você mesmo que seleciona e nos envia lá de baixo.  

Moral da história: cada gesto de amor e partilha é um tijolo com o qual construímos a eternidade. Tudo se decide por aqui mesmo, nas escolhas e atitudes de cada dia.
DESCONHEÇO A AUTORIA.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

E QUANDO A BÊNÇÃO NÃO VEM?




E quando a bênção não vem? 

Considero um dos aspectos mais difíceis da fé a perseverança na oração quando a bênção não vem. O desafio máximo para mim é aquela súplica repetida, dias, meses, anos consecutivos, sem nenhum vislumbre da possibilidade da bênção pedida.

Em primeiro lugar você testa seu pedido para verificar se ele está de acordo com a Palavra de Deus e comprova que está.

Em segundo lugar você se examina para sondar seu interior e buscar, por ventura, algum pecado oculto, algum pecado não confessado, e sente, no espírito, que nessa área tudo está acertado com o Senhor.

Em terceiro lugar você apela para as orações de pessoas fiéis, dignas, probas; apela para as orações de grupos de oração, apela para orações de pastores e nada se modifica.

É deserto espiritual. É aridez completa. Tremendas interrogações se levantam no seu interior e satanás não perde tempo para tentar desequilibrar seu raciocínio espiritual transformando-o num raciocínio mundano. Em meio a toda essa batalha íntima, há agravamento nas circunstâncias para as quais você roga, suplica e implora a bênção.

Você jejua, lê a Bíblia, ora com sinceridade, é fiel no dízimo, dá bom testemunho de Cristo, está agregado ao Corpo de Cristo – a Igreja, você coopera, louva e a bênção não vem.

Parece que o céu se tornou de chumbo espesso e  que o Pai não ouve você. Mil vezes, irmãos bem intencionados, tentando consolar você, disseram que há o  tempo do Senhor e o nosso, que há uma promessa para a sua vida, que já está para acontecer, e você à espera da bênção recebida (vive como se ela já tivesse acontecido) e “ainda não”; que virá. Enfim, há inúmeras frases, bem feitas e bíblicas que procuram dar uma desculpa.

Todos sinceros, amigos boníssimos que veem o seu sofrimento e querem ajudar, verificaram de sua parte, de que alguém, ou muitas pessoas, já receberam aquela bênção que você intensamente pede. Que há com você? Falta fé? Onde está o seu Deus? Necessariamente, e nesse enfraquecimento você ouve a voz do Pai:

“Eu não me esqueci de você filha. A bênção virá, creia! Ela virá com certeza! Sabe que você não seria a crente que é se não sofresse esse desafio? Sabe que hoje você me busca muito mais, me ama muito mais, me serve muito mais. Sabe por que Eu ainda não liberei a bênção que você pede tanto? Estou aguardando, filha, mas é a manifestação maior da minha graça que está nesse processo todo. Minha graça tem consolado você, tem-lhe dado muita paciência, tem feito de você uma pessoa perdoadora sem limites. Durante esse tempo, filha, sua vaidade cedeu lugar à humildade sincera, seu temperamento explosivo, transformou-se na meiguice do seu comportamento. Como você aprendeu a viver! Como você aprendeu a controlar a língua! Como você aprendeu a economizar seus recursos! Tudo isso filha, porque você está dentro de um rígido sistema de vida que a eleva e que nunca a diminui. Eu ouvi todas as orações que você fez. Continue orando sem cessar, pois esse é o meu propósito para você. Fui Eu quem fez isso.”

Daí você compreende, fortalecida em Cristo, que a terna mão do Pai nunca se afastou de você. Seu amor imensurável jamais falhou em protegê-la. Que a soberania de Deus ainda é reconhecida em sua plenitude.

Então, ajoelhada, contrita em lágrimas, você se recorda do apóstolo Paulo, tantas vezes provando na carne e repete feliz e crendo: “A minha graça te basta”.


Texto adaptado de "Autor desconhecido"

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CRER É TAMBÉM PENSAR


John Stott não escreveu um livro grande, mas um grande livro. Este servo de Deus nos encoraja a usarmos nossas mentes a serviço de Cristo.
Boa leitura!
Crer é também pensar
John R. W. Stott
Ninguém deseja um cristianismo frio, triste, intelectualizado.
Mas será que isso significa que temos que evitar a todo custo o “intelectualismo”? Não é a experiência o que realmente importa, e não a doutrina? Muitos estudantes fecham suas mentes ao fecharem seus livros, convencidos de que ao intelecto compete apenas um papel secundário, se tanto, na vida cristã. Até que ponto têm eles razão? Qual é o lugar da mente na vida do cristão iluminado pelo Espírito Santo?
Tais perguntas são de vital importância prática, e afetam todos os aspectos de nossa fé. Por exemplo, até que ponto devemos apelar à razão das pessoas em nossa apresentação do evangelho? 
A “fé” implica algo completamente irracional? O senso comum tem algum papel a desempenhar na conduta do cristão?
Tendo esses e outros problemas em vista, o Rev. John Stott aborda neste livreto o lugar da mente na vida cristã. explica por que o uso da mente é tão importante para o cristão, e como se aplica em aspectos práticos de sua vida. E faz um vigoroso apelo aos cristãos para mostrarem “uma devoção inflamada pela verdade”.
***

CRISTIANISMO DE MENTE VAZIA

O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje: “Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento”. Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.
Dou graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo. É como ouvi certa vez o Dr. John Mackay dizer, quando era presidente do Seminário de Princeton: “A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda ação”.
O espírito de anti-intelectualismo é corrente hoje em dia. No mundo moderno multiplicam-se os programatistas, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer ideia não é: “É verdade?” mas sim: “Será que funciona?”. Os Jovens têm a tendência de ser ativistas, dedicados na defesa de uma causa, todavia nem sempre verificam com cuidado se sua causa é um fim digno de sua dedicação, ou se o modo como procedem é o melhor meio para alcançá-lo. Um universitário de Melbourne, Austrália, ao assistir a uma conferência na Suécia, soube que um movimento de protesto estudantil começara em sua própria universidade. Ele retorcia as mãos, desconsolado. “Eu devia estar lá”, desabafou, “para participar.
O protesto é contra o que?” Ele tinha zelo sem conhecimento.
Mordecai Richler , um comentarista canadense, foi muito claro a esse respeito: “O que me faz Ter medo com respeito a esta geração é o quanto ela se apóia na ignorância. Ser o desconhecimento geral continuar a crescer, algum dia alguém se levantará de um povoado por aí dizendo Ter inventado... a roda”.
Este mesmo espectro de anti-intelectualismo surge freqüentemente para perturbar a Igreja cristã. Considera a teologia com desprazer e desconfiança. Vou dar alguns exemplos.
Os católicos quase sempre têm dado uma grande ênfase no ritual e na sua correta conduta. Isso tem sido, pelo menos, uma das características tradicionais do catolicismo, embora muitos católicos contemporâneos (influenciados pelo movimento litúrgico) prefiram o ritual simples, para não dizer o austero. Observe-se que o cerimonial aparente não deve ser desprezado quando se trata de uma expressão clara e decorosa da verdade bíblica. O perigo do ritual é que facilmente se degenera em ritualismo, ou seja, numa mera celebração em que a cerimônia se torna um fim em si mesma, um substituto sem significado ao culto racional.
Por outro lado, há cristãos radicais que concentram suas energias na ação política e social. A preocupação do movimento ecumênico não é mais ecumenismo em si, ou planos de união de igrejas, ou questões de fé e disciplina; muito pelo contrário, preocupa-se com problema de dar alimento aos famintos, casa aos que não tem moradia; com o combate ao racismo, com os direitos dos oprimidos; com a promoção de programas de ajuda aos países em desenvolvimento, e com o apoio aos movimentos revolucionários do terceiro mundo. Embora as questões da violência e do envolvimento cristão na política sejam controvertidos, de uma maneira geral deve-se aceitar que luta pelo bem estar, pela dignidade e pela liberdade de todo homem, é da essência da vida cristã. Entretanto, historicamente falando, essa nova preocupação deve muito de seu ímpeto à difundida frustração de que jamais se alcançará um acordo em matéria de doutrina. O ativismo ecumênico desenvolve-se com reação à tarefa de formulação teológica, a qual não pode ser evitada, se é que as igrejas neste mundo devam ser reformadas e renovadas, para não dizer, unidas.
Grupos de cristãos pentecostais, muitos dos quais fazem da experiência o principal critério da verdade. Pondo de lado a questão da validade do que buscam e declaram, uma das características mais séria, de pelo menos alguns neo-pentecostais, é o seu declarado anti-intelectualismo.
Um dos líderes desse movimento disse recentemente, a propósito dos católicos pentecostais, que no fundo o que importa” não é a doutrina, mas a experiência”. Isso equivale a por nossa experiência subjetiva acima da verdade de Deus revelada. Outros dizem crer que Deus propositadamente dá às pessoas uma expressão inteligente a fim de evitar a passagem por suas mentes orgulhosas, que ficam assim humilhadas. Pois bem. Deus certamente humilha o orgulho dos homens, mas não despreza a mente que ele próprio criou.
Estas três ênfases - a de muitos católicos no ritual, a de radicais na ação social, e a de alguns pentecostais na experiência - são, até certo ponto, sintomas de uma só doença, o anti-intelectualismo.
São válvulas de escape para fugir à responsabilidade, dada por Deus, do uso cristão de nossas mentes.
Num enfoque negativo, eu daria como substituto este trabalho “a miséria e a ameaça do cristianismo de mente vazia”. Mais positivamente, pretendo apresentar resumidamente o lugar da mente na vida cristã. Passo a dar uma visão geral do que pretendo abordar. No segundo capítulo, a título de introdução, apresentarei alguns argumentos - tanto seculares como cristãos - a favor da importância do uso de nossas mentes. No terceiro, constituindo a tese principal, descreverei seis aspectos da vida e responsabilidade cristãs, nos quais a mente tem uma função indispensável. Concluindo , procurarei prevenir contra o extremo oposto, também perigoso, de abandonar um anti-intelectualismo superficial para cair num árido super-intelectualismo. Não estou em defesa de uma vida cristã seca, sem humor, teórica, mas sim de uma viva devoção inflamada pelo fogo da verdade. Anseio por esse equilíbrio bíblico, evitando-se os extremos do fanatismo. Apressar-me-ei em dizer que o remédio para uma visão exagerada do intelecto não é nem depreciá-lo , nem negligenciá-lo, mas mantê-lo no lugar indicado por Deus, cumprindo o papel que ele lhe deu.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ESPANTANDO A TRISTEZA




Um grão de mostarda para espantar a tristeza


Uma antiga lenda chinesa fala de uma mulher cujo filho único morreu. Em sua dor, ela aproximou-se do mestre e disse:
 − De que orações ou de que encantamentos mágicos dispões para trazeres de volta a vida de meu filho?'
Em vez de mandá-la embora ou argumentar com ela, ele lhe disse:
− Traga-me um grão de mostarda de um lar que jamais conheceu a tristeza. Nós o usaremos para expulsar a tristeza de sua vida.
A mulher partiu de imediato em busca do grão mágico. Primeiramente dirigiu-se a uma esplêndida mansão, bateu à porta e falou:
−  Estou procurando uma casa que nunca conheceu a tristeza. Esta é uma delas? É muito importante para mim!
Responderam-lhe:
− Vieste ao lugar errado. E começaram a descrever-lhe as trágicas coisas que recentemente lhes tinham acontecido. A mulher pensou consigo mesma: 'Quem é capaz de ajudar esses infelizes melhor do que eu, que tive minhas próprias desgraças?' E demorou-se algum tempo confortando-os.
Em seguida, prosseguiu na busca de uma casa que nunca conhecera a tristeza. Porém,  em todos os lugares, nas choupanas ou nos palácios, ela só encontrava histórias de tristeza e desgraças. Ao final, ela se envolveu tanto em amenizar a dor das outras pessoas que esqueceu a busca da semente de mostarda, não percebendo que acabara por expulsar a tristeza de sua vida.

 Texto adaptado

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O DIAMANTE

O diamante

Luís Fernando Veríssimo
Um dia, Maria chegou em casa da escola muito triste. - O que foi? - perguntou a mãe de Maria. Mas Maria nem quis conversa. Foi direto para o seu quarto, pegou o seu Snoopys e se atirou na cama, onde ficou deitada, emburrada.
A mãe de Maria foi ver se Maria estava com febre. Não estava. Perguntou se Maria estava sentindo alguma coisa. Não estava. Perguntou se estava com fome. Não estava. Perguntou o que era, então.
- Nada - disse Maria.
A mãe resolveu não insistir. Deixou Maria deitada na cama, abraçada com o seu Snoopy, emburrada. Quando o pai de Maria chegou em casa do trabalho, a mãe de Maria avisou:
- Melhor nem falar com ela...
Maria estava com cara de poucos amigos. Pior. Estava com cara de amigo nenhum.
Na mesa do jantar, Maria de repente falou:
- Eu não valo nada. O pai de Maria disse:
- Em primeiro lugar, não se diz "eu não valo nada". É "eu não valho nada". Em segundo lugar, não é verdade. Você valhe muito. Quer dizer, vale muito.
- Não valho.
- Mas o que é isso? - disse a mãe de Maria. - Você é a nossa filha querida. Todos gostam de você. A mamãe, o papai, a vovó, os tios, as tias. Para nós, você é uma preciosidade.
Mas Maria não se convenceu. Disse que era igual a mil outras pessoas. A milhões de outras pessoas.
- Só na minha aula tem sete Marias!
- Querida... - começou a dizer a mãe. Mas o pai interrompeu.
- Maria - disse o pai -, você sabe por que um diamante vale tanto dinheiro?
- Porque é bonito.
- Porque é raro. Um pedaço de vidro também é bonito. Mas o vidro se encontra em toda parte. Um diamante é difícil de encontrar. Quanto mais rara é uma coisa, mais ela vale. Você sabe por que o ouro vale tanto?
- Por quê?
- Porque tem pouquíssimo ouro no mundo. Se o ouro fosse como areia, a gente ia caminhar no ouro, ia rolar no ouro, depois ia chegar em casa e lavar o ouro do corpo para não ficar suja. Agora, imagina se em todo o mundo só existisse uma pepita de ouro.
- Ia ser a coisa mais valiosa do mundo.
- Pois é. E em todo o mundo só existe uma Maria.
- Só na minha aula são sete.
- Mas são outras Marias.
- São iguais a mim. Dois olhos, um nariz...
- Mas esta pintinha aqui nenhuma delas tem.
-É...
- Você já se deu conta de que em todo o mundo só existe uma você?
- Mas, pai...
- Só uma. Você é uma raridade. Podem existir outras parecidas. Mas você, você mesma, só existe uma. Se algum dia aparecer outra você na sua frente, você pode dizer: é falsa.
- Então eu sou a coisa mais valiosa do mundo.
- Olha, você deve estar valendo aí uns três trilhões... Naquela noite a mãe de Maria passou perto do quarto dela e ouviu Maria falando com o Snoopy:
- Sabe um diamante?


(Luis Fernanado Veríssimo, O santinho. 3.ed. Porto Alegre, 1991)

Mario

 Mediar: Medeio  Ansiar: anseio Remediar: remedeio  Incendiar; incendeio  Odiar: odeio Na turma do MARIO, os verbos em -iar seguem a mesma c...