sábado, 12 de outubro de 2024

O ASSASSINO ERA O ESCRIBA






O assassino era o escriba
Neste poema, o autor critica o uso de ironia e duplo sentido quando se refere aos termos empregados nas aulas de gramática no tocante ao uso exaustivo de nomenclaturas como "objeto direto", "adjunto adverbial", "aposto", entre outras. Ensinar a gramática pela gramática torna o ensino da língua enfadonho e desanimador. Para os alunos, muitos desses nomes não dizem nada, acham que é preciso decorar tudo e ficam profundamente irritados a ponto de desejarem matar o professor com "um objeto direto na cabeça"
Portanto, é preciso ENSINAR GRAMÁTICA INSERIDA NO CONTEXTO, trabalhar com textos e não com frases soltas. É importante ensinar a estrutura da frase, a coesão entre os parágrafos, o uso correto dos elementos linguísticos e para que servem os termos empregados. O aluno deve entender por que aprender a língua  e como usá-la na produção de texto.


O assassino era o escriba


"Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida
regular como um paradigma da primeira conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
Ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou-se com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava   partículas  expletivas ,
conectivos e agentes da passiva , o tempo todo
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça"
Paulo Leminski

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