Neste soneto, o poeta declara todo seu amor e admiração pela língua portuguesa.
“LÍNGUA PORTUGUESA”
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac (1865 – 1918)
- Vocabulário:
Lácio - região na Itália central onde se falava Latim
Ganga – Impureza contidas nos minérios
Canglor – Som estridente de trombetas
Trom - Som de canhão
Procela – tempestade
Arrolo – cantiga de ninar
Viço – Força, beleza
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