Tipos de Discursos
Discurso no texto narrativo deve ser entendido como a maneira como o narrador apresenta a fala ou os pensamentos das personagens. São três os tipos de discurso: direto, indireto, indireto livre.
Discurso Direto
O mais comum de todos, ocorre quando a personagem “fala” diretamente com o leitor; nesse tipo de discurso, o narrador reproduz integralmente o que a personagem diz. Geralmente, usa-se o travessão para iniciar tal discurso.
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba)
Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador "fala" pela personagem como se estivesse mandando um recado dela para o leitor, por isso é indireto. Para tanto, terá que usar, necessariamente, as conjunções integrantes "que" e "se" ao introduzir tal discurso. Exemplo:
Sofia replicou, com ar de censura, que sempre era tarde para os amigos.
Transformando o discurso direto em indireto. Exemplos:
Discurso direto:
Mariana disse:
“─ Não me casarei com este velhote.”
Discurso indireto:
Mariana disse que não se casaria com aquele velhote.
PASSAGEM DO DISCURSO DIRETO PARA O INDIRETO
Observe a mudança de estrutura das frases que indicam as falas dos personagens:
Discurso direto
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Discurso indireto
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─ vou( presente)mudar a situação aqui, retrucou a mulher.
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A mulher retrucou que ia( pretérito imperfeito)mudar a situação ali.
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─ Tive( pretérito perfeito)uma ideia formidável, disse Juca.
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Verbo no
Juca disse que tivera(pretérito mais-que-perfeito) uma ideia formidável.
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Não me casarei(futurdo presente)com este velhote, afirmou Marina.
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Verbo no
Marina afirmou que não se casaria(futuro do pretérito) com aquele velhote.
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─ Libertem(imperativo afirmativo) o prisioneiro, ordenou o rei.
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O rei ordenou que libertassem(imperfeito do subjuntivo)o prisioneiro.
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Observação: usam-se as mesmas regras para fazer a passagem do discurso indireto para o direto.
O DISCURSO INDIRETO LIVRE
O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que se associam as características do discurso direto e do indireto.
Dos três tipos de discursos, esse é o mais complexo. O que ocorre, nesse caso, é que a fala interior da personagem (as emoções, os pensamentos , os sentimentos, as reflexões) misturam-se com a fala do narrador, causando certa confusão em relação a quem está se pronunciando (o narrador ou a personagem). Portanto, na maioria dos casos, desaparecem os verbos de elocução( mandar, deixar, falar, responder, indagar) e os sinais de pontuação. O discurso indireto livre é mais comum quando o narrador é onisciente
Observe, nos trechos abaixo, que as falas do narrador e da personagem Fabiano parecem fundir-se. No trecho em verde, fica claro que a narrativa foi interrompida e o narrador insere a fala e os pensamentos de Fabiano.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! (Cap. X, Contas)
Mais um exemplo retirado da obra “vidas Secas”
“Aí Fabiano baixou pancada e amunhecou . Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha conhecia o seu lugar.”
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
1) FUVEST 2010
Leia
o seguinte texto:
Um
músico ambulante toca sua sanfoninha no viaduto do Chá, em São Paulo.
Chega
o “rapa” e o interrompe:
—
Você tem licença?
—
Não, senhor.
—
Então me acompanhe.
—
Sim, senhor. E que música o senhor vai cantar?
b) Reescreva o diálogo que compõe o texto, usando o
discurso indireto. Comece com:
O fiscal do “rapa” perguntou ao músico...
2) FUVEST 2009
Leia o trecho a seguir, extraído de um conto, e
responda ao que se pede.
eu estava ali deitado olhando através da vidraça as
roseiras no jardim fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas venezianas de
meu quarto e de repente cessava e tudo ficava tão quieto tão triste e de
repente recomeçava e as roseiras frágeis e assustadas irrompiam na vidraça e eu
estava ali o tempo todo olhando estava em minha cama com minha blusa de lã as
mãos enfiadas nos bolsos os braços colados ao corpo as pernas juntas estava de
sapatos Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos deixe de preguiça menino!
mas dessa vez eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada ela
sentou-se na beirada da cama e pousou a mão em meu joelho e falou você não quer
mesmo almoçar?
Luiz
Vilela. Eu estava ali deitado.
b) Cite, do texto, um exemplo de emprego do
discurso direto.
3) FUVEST 2008
Em janeiro de 1935, um grupo de turistas
pernambucanos passeava de carro quando deu de cara com Lampião e seu bando.
Revirando a bagagem do grupo, um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao
chefe, que perguntou a quem ela pertencia. Apavorado, um deles levantou o dedo.
“Quero que o senhor tire o meu retrato”, disparou o “rei do cangaço”, pondo-se
a posar. O homem, esforçando-se, bateu uma chapa, mas avisou: “Capitão, esta
posição não está boa”. Dando um salto e caindo de pé, Lampião perguntou: “E
esta? Está melhor?” Outra foto foi feita. Quando libertava os turistas, após
pilhá-los, o “fotógrafo” de ocasião indagou-lhe como podia enviar as imagens.
“Não é preciso. Mande publicar nos jornais”, disse o cangaceiro.
Carlos
Haag, Pesquisa FAPESP.
b)
Os trechos abaixo encontram-se em discurso indireto e discurso direto,
respectivamente. Transforme em discurso direto o primeiro trecho e, em discurso
indireto, o segundo.
I.
(...) um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou
ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia.
II.
“Quero que o senhor tire o meu retrato”, disparou o
“rei do cangaço”. (...).
4) FUVEST 2007
“‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se
gostara de um certo quadro.”
Se
a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a
forma verbal correspondente
a
“gostara” seria
a) gostasse.
b) gostava.
c) gostou.
d) gostará.
e) gostaria.
5) FUVEST 2003
Conta-me Cláudio Mello e
Souza. Estando em um café de Lisboa a conversar com dois amigos brasileiros, foram
eles interrompidos pelo garçom, que perguntou, intrigado:
— Que raio de língua é
essa que estão aí a falar, que eu percebo(*) tudo?
(*) percebo = compreendo
(Rubem
Braga)
Transponha a
fala do garçom para o discurso indireto. Comece com: O garçom lhes
perguntou, intrigado, que raio de língua... .
6) FUVEST 2003
Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete
anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele
mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô.
Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara,
reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele
estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e… O
homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha
nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas.
Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o
tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta
dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo,
longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica
olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando,
aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser
sentimental!
(Luis Fernando Verissimo, Comédias
para se ler na escola)
O discurso indireto livre é empregado na seguinte
passagem:
a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o
tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco
e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela
cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de
repente se vê com sete anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não
encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se
afasta.
7) FUVEST 2002
Diálogo ultra-rápido
— Eu queria propor-lhe uma troca de idéias ...
— Deus me livre!
(Mário
Quintana)
b) Transforme o diálogo anterior em um único
período, utilizando apenas o discurso indireto e conservando o sentido do
texto.
8) FUVEST 2001
Observe este anúncio, com foto que retrata um
depósito de lixo.
a)
Passe para o discurso indireto a frase “Filho, um dia isso tudo será seu”.
RESPOSTAS AQUI
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ResponderExcluirObrigada, Roberta, volte sempre!
ExcluirMuito bom!
ResponderExcluirObrigada.
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ResponderExcluirObrigado
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ResponderExcluirEstou fazendo um curso de Português aqui nos Estados Unidos e isso ajudou-me muito!! Obrigada!!!!!
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ResponderExcluirEstou ficando maluca...
ResponderExcluirObrigada vai me ajudar bastante!
perfeito
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