quarta-feira, 4 de setembro de 2013

EU CANTAREI DE AMOR

Por mais que o poeta seja competente para criar versos, seja genial, ele não consegue explicar o amor em suas várias faces, materializado na beleza inatingível da mulher que o desprezara.

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dous mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, sospiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigurosa
Contentar-m'-ei dizendo a menos parte.

Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa,
Aqui falta saber, engenho e arte.

Camões

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