229 Exercícios de INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (com resposta)
Exercícios extraídos da Internet. Sem fonte definida.
(IBGE) Texto para as questões 1 a 6:
1º - Uma diferença de 3.000 quilômetros e
32 anos de vida separa as margens do abismo entre o Brasil que vive muito, e
bem, e o Brasil que vive pouco, e mal. Esses números, levantados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, e pela Fundação Joaquim Nabuco, de
Pernambuco, referem-se a duas cidades situadas em polos opostos do quadro
social brasileiro. Num dos extremos está a cidade de Veranópolis, encravada na
Serra Gaúcha. As pessoas que nascem ali têm grandes possibilidades de viver até
os 70 anos de idade. Na outra ponta fica Juripiranga, uma pequena cidade do
sertão da Paraíba. Lá, chegar à velhice é privilégio de poucos. Segundo o IBGE,
quem nasce em Juripiranga tem a menor esperança de vida do país: apenas 38
anos.
§2ºA estatística revela o tamanho do
abismo entre a cidade serrana e a sertaneja. Na cidade gaúcha, 95% das pessoas
são alfabetizadas, todas usam água tratada e comem, em média, 2.800 calorias
por dia. Os moradores de Juripiranga não têm a mesma sorte. Só a metade deles
recebe água tratada, os analfabetos são 40% da população e, no item
alimentação, o consumo médio de calorias por dia não passa de 650.
§3ºO Brasil está no meio do trajeto que
liga a dramática situação de Juripiranga à vida tranquila dos veranenses. A
média que aparece nas estatísticas internacionais dá conta de que o brasileiro
tem uma expectativa de vida de 66 anos.
§4ºVeranópolis, como é comum na Serra
Gaúcha, é formada por pequenas propriedades rurais em que se planta uva para a
fabricação de vinhos. Tem um cenário verdejante. Seus moradores - na maioria
descendentes de imigrantes europeus - plantam e criam animais para o consumo da
família. Na cidade paraibana, é óbvio, a realidade é bem diferente. Os
sertanejos vivem em cenário árido. Juripiranga não tem calçamento e o esgoto
corre entre as casas, a céu aberto. Não há hospitais. A economia gira em torno
da cana-de-açúcar. Em época de entressafra, a maioria das pessoas fica sem
trabalho.
§5ºNo censo de 1980, os entrevistadores
do IBGE perguntaram às mulheres de Juripiranga quantos de seus filhos nascidos
vivos ainda sobreviviam. O índice geral de sobreviventes foi de 55%. Na cidade
gaúcha, o resultado foi bem diferente: a sobrevivência é de 93%.
§6ºContrastes como esses são comuns no
país. A estrada entre o país rico e o miserável está sedimentada por séculos de
tradições e culturas econômicas diferentes. Cobrir esse fosso custará muito
tempo e trabalho.
(Revista Veja - 11/05/94 - pp. 86-7 - com
adaptações)
1. Os 32 anos referidos no texto como um
dos indicadores do abismo existente entre as cidades de Veranópolis e
Juripiranga corresponde à diferença entre:
a) suas respectivas idades, considerando
a época da fundação
b) as idades do morador mais velho e do
mais jovem de cada cidade
c) as médias de idade de seus habitantes
d) a expectativa de vida das duas
populações
e) os índices de sobrevivência dos bebês
nascidos vivos.
2. Segundo o texto, Veranópolis e
Juripiranga encontram-se em polos opostos. Assinale a única opção cujos
elementos não caracterizam uma oposição entre essas duas cidades:
a) Norte x Sul d) Verdejante x Árido
b) Serra x Sertão e) Plantação x Consumo
c) Dramática x Tranquila
3. Analise as afirmações abaixo e
assinale V para as que, de acordo com o texto, considerar verdadeiras e F para
as falsas:
( ) A cidade paraibana não tem sequer a
metade dos privilégios de que goza
a cidade gaúcha.
( ) O Brasil, como um todo, encontra-se
numa posição intermediária entre as
duas cidades.
( ) Apesar de afastadas pelas
estatísticas, Veranópolis e Juripiranga se
unem pelas tradições culturais.
( ) Embora com resultados diferentes, a
base da economia das duas cidades
é a agricultura.
( ) De seus ancestrais europeus os
sertanejos adquiriram as técnicas rurais.
A seqüência correta é:
a) V - V - V - F - F d) F - F - V - F - V
b) V - V - F - F - F e) F -
F - V - V - V
c) V - V
- F - V - F
4. "Cobrir esse fosso custará
muito tempo e trabalho." O fosso mencionado no texto diz respeito ao (à):
a) abismo entre as duas realidades
b) esgoto que corre a céu aberto
c) calçamento deficiente das estradas
brasileiras
d) falta de trabalho durante a
entressafra
e) distância geográfica entre os dois
pólos
5. Numa análise geral do texto, podemos
classificá-lo como predominantemente:
a) descritivo d) narrativo
b) persuasivo e) sensacionalista
c) informativo
6. Em "a cidade de Veranópolis,
encravada na Serra Gaúcha"... e "A estrada ... está sedimentada por
séculos...", os termos sublinhados alterariam o sentido do texto se fossem
substituídos, respectivamente, por:
a) cravada e assentada d) enfiada e
fixada
b) fincada e estabilizada e) escavada e
realçada
c) encaixada e firmada
(IBGE)
Texto para as questões 7 a 11:
A ABOLIÇÃO DO TRÁFICO NEGREIRO
§1º A extinção do tráfico negreiro não
foi um fato isolado na vida econômica do Brasil; ao contrário, ela correspondeu
às exigências da expansão industrial da Inglaterra.
§2º Depois que esse país conseguiu dar o
salto qualitativo - o da mecanização da produção - não lhe interessava mais a
existência da escravidão na América, pois, com a implantação do capitalismo
industrial, tornava-se necessária a ampliação de mercados consumidores. A
escravidão passou, então, a ser um entrave aos interesses ingleses, visto que
os escravos estavam marginalizados do consumo.
§3º Com relação ao Brasil, a Inglaterra
usou mais do que a simples pressão: só reconheceu a independência daquele país
mediante tratado, no qual o Brasil se comprometia a abolir o tráfico de negros.
§4º Todavia, não foi tomada qualquer
medida efetiva, o que levou a aprovação da Lei de 1831 que, na prática, deveria
acabar com o tráfico, pois estabelecia a liberdade de todos os africanos que
entrassem no país a partir daquela data.
§5º
Esta lei, contudo, ficou "para inglês ver". Ela serviu para refrear
um pouco a pressão britânica. Esta, porém, nunca cessou de todo e, em 1845, o
Parlamento inglês aprovou o "Bill Aberdeen", que concedia à marinha
inglesa o direito de revistar os navios suspeitos de tráfico e, mais ainda,
permitia a prisão de navios acusados de praticarem pirataria e o julgamento dos
traficantes por tribunais ingleses.
§6º A partir daí, a pressão sobre o
governo brasileiro tornou-se muito maior e a situação chegou a ficar
insustentável, pois os navios brasileiros começaram a ser revistados, embora
navegassem ao longo da costa ou, ainda, quando ancorados nos portos.
§7º Finalmente, em 1850, o Parlamento
brasileiro aprovou a Lei Eusébio de Queirós, que proibia, definitivamente, o
tráfico negreiro para o Brasil.
(Ana Maria F. da Costa Monteiro e outros.
História. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação, 1988, p.181, com
pequenas adaptações.)
7. A leitura dos dois primeiros
parágrafos do texto nos permite concluir que:
a Inglaterra necessitava da ampliação de
mercado consumidor e, portanto, fomentou o fim da escravidão na América.
a
escravidão na América foi resultado da mecanização da produção na Inglaterra.
o capitalismo industrial gerou
consumidores marginalizados: os escravos.
o Brasil, ao mecanizar sua produção,
definiu o fim do tráfico de escravos.
A Inglaterra apoiava a escravidão na
América porque necessitava dar um salto qualitativo em sua economia.
8. A expressão "para inglês
ver" (5§º) significa que:
a) a Inglaterra estava vigiando os navios
negreiros
b) o Brasil obedeceu ao Bill Alberdeen,
do Parlamento inglês
c) os ingleses viram a Lei de 1831, que
terminou com o tráfico negreiro
d) a Lei de 1831, criada e anunciada aos
ingleses, não foi cumprida
e) em 1831, a Inglaterra viu que a
abolição do tráfico era uma realidade
9. A Lei de 1831 foi uma tentativa para
extinguir o tráfico negreiro porque (§4º):
a. proibia a entrada de negros no país
b. permitia o confisco dos navios
negreiros que aqui aportassem
c. dava aos negros o direito à liberdade,
desde que a desejassem
d. considerava livres os negros que
entrassem no Brasil após aquela data
e. não permitindo que os navios negreiros
aportassem, gerava prejuízo aos traficantes
10. Assinale a afirmativa incorreta a
respeito do fim do tráfico de escravos:
Levou a economia brasileira ao caos
Chegou a afetar a soberania brasileira
Só ocorreu quando a pressão britânica
chegou ao máximo
Demorou dezenove anos para se efetivar,
após a primeira tentativa em 1831
Gerou alterações na economia brasileira
11. Após a leitura do texto, concluímos
que o Brasil:
preocupado com sua independência em
relação a Portugal, esquecia-se dos direitos humanos
necessitava dos escravos como mão-de-obra
assalariada na lavoura para fazer-se independente
cedeu às pressões inglesas porque
obedecia a instruções de Portugal, do qual era colônia
só teria sua independência reconhecida
pela Inglaterra se extinguisse o tráfico negreiro
resistiu às pressões, pois o tráfico de
escravos era fundamental para a sua economia
12. (IBGE) Nos textos abaixo, os
parágrafos foram colocados, de propósito, fora de sua seqüência normal. Numere
os parênteses de 1 a 5, de acordo com a ordem em que os parágrafos devem
aparecer para que o texto tenha sentido:
( ) "Não conseguindo fazer a
reposição da energia física e mental, os
trabalhadores de baixa renda tornam-se as
maiores vítimas de doenças,
comprometendo até mesmo a sua força de
trabalho.
( ) Quando realizamos um trabalho,
gastamos certa quantidade de energia
física e mental.
( ) E a situação torna-se ainda mais
grave quando o trabalhador se vê forçado
a prolongar sua jornada de trabalho a fim
de aumentar seus rendimentos e
atender às suas necessidades.
( ) Portanto, quanto maior a jornada de
trabalho, maior será seu desgaste
físico e mental, afetando, desse modo,
ainda mais, a sua saúde.
( ) A energia despendida precisa ser
reposta através de uma alimentação
adequada, do descanso em moradia
ventilada e higiênica e outros fatores."
(Melhem Adas. Geografia. Vol. 2. São
Paulo, Moderna, 1984,
p. 33)
A sequência correta é:
a) 3 - 5 - 1 - 4 - 2 d) 1 - 4 - 5 - 3 - 2
b) 3 - 1 - 4 - 5 - 2 e) 2 - 1 - 4 - 5 - 3
c) 2 - 3 - 1 - 5 - 4
(IBGE) Texto para as questões 13 a 16:
§1º O Brasil é um país cuja história e
cultura foram e seguem sendo uma construção do trabalho de "três
raças": os índios, habitantes originais de todo o território nacional, os
pretos trazidos da África e os brancos vindos de Portugal a partir de 1500.
§2º De acordo com a maioria dos
estudiosos do assunto na atualidade, os fragmentos de "contribuição
cultural" de diferentes grupos étnicos não são o mais relevante. Pretender
mensurar a participação do indígena ou do negro brasileiros em uma cultura dominantemente
branca e de remota origem européia, através do seu aporte à culinária, à
tecnologia agrícola, ao artesanato, ou à vida ritual do país, é ocultar, sob o
manto da pitoresca aparência, aquilo que é fundamentalmente essencial.
§3º Isto porque em toda a nação que, como
o Brasil, resulta do encontro, dos conflitos e das alianças entre grupos
nacionais e étnicos, sempre a principal lição que se pode tirar é o aprendizado
da convivência cotidiana com a diferença, com o direito "do outro" e
com o fraterno respeito pelas minorias quaisquer que sejam. Não é possível
esquecermos que negros e indígenas participaram sempre da vida brasileira com
servos e escravos, como sujeitos e povos espoliados e que, apesar de tudo
souberam lutar e resistir. Sepé Tiaraju, um líder guerreiro indígena, e Zumbi,
um guerreiro tornado escravo e que preferiu morrer guerreiro no seu Quilombo
dos Palmares a voltar a ser um escravo, talvez sejam os melhores exemplos de
contribuição dos povos minoritários à cultura brasileira, do que todos os
pequenos produtos que negros e índios acrescentaram a uma cultura nacional.
(Carlos Rodrigues Brandão. Índios, negros
e brancos: a construção do Brasil. In: Correio, Rio de janeiro, Fundação
Getúlio Vargas, ano 15, fevereiro de 1987)
13. Assinale a opção que está de acordo
com as idéias expressas no texto:
A construção da história e da cultura do
Brasil resulta do trabalho de índios, pretos e brancos.
A influência de índios e negros deu-se
especialmente na culinária e no artesanato.
É possível detectar, com relativa
facilidade, a participação do indígena ou do negro na cultura branca de origem
europeia.
Os conflitos entre os três grupos étnicos
nacionais geram uma necessidade de convivência fraterna entre os indivíduos.
Negros e indígenas escravizados uniram-se
para lutar e resistir, participando, assim da vida brasileira.
14. Com relação ao parágrafo anterior, o
último parágrafo expressa uma:
a) advertência d) justificativa
b) condição e) oposição
c) contradição
15. O vocábulo "originais" (1º
parágrafo) pode ser interpretado como:
a) diferentes d) peculiares
b) excêntricos e) primitivos
c) exóticos
16. O vocábulo "mensurar" (2.º
parágrafo) pode ser interpretado como:
a) averiguar d) regular
b) examinar e) sondar
c) medir
17. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que
a inversão dos termos altera o sentido fundamental do enunciado:
a) Era uma poesia simples / Era uma
simples poesia
b) Possuía um sentimento vago / Possuía
um vago sentimento
c) Olhava uma parasita mimosa / Olhava
uma mimosa parasita
d) Havia um contraste eterno / Havia um
eterno contraste
e) Vivia um drama terrível / Vivia um
terrível drama
(TST) As questões de números 18 a 21
baseiam-se no texto que se segue:
A racionalidade comunicativa se tornou
possível com o advento da modernidade, que emancipou o homem do jugo da
tradição e da autoridade, e permitiu que ele próprio decidisse, sujeito
unicamente à força do melhor argumento, que proposições são ou não aceitáveis,
na tríplice dimensão: da verdade (mundo objetivo), da justiça (mundo social) e
da veracidade (mundo subjetivo). Ocorre que simultaneamente com a racionalização
do mundo vivido, que permitiu esse aumento de autonomia, a modernidade gerou
outro processo de racionalização, abrangendo a esfera do Estado e da Economia,
que acabou se automatizando do mundo vivido e se incorporou numa esfera
"sistêmica", regida pela razão instrumental. A racionalização
sistêmica, prescindido da coordenação comunicativa das ações e impondo aos
indivíduos uma coordenação automática, independente de sua vontade, produziu
uma crescente perda de liberdade.
18. De acordo com o texto, na
modernidade:
a racionalização comunicativa valorizou o
trabalho
o homem pôde decidir quais seriam os
novos valores aceitáveis
o advento da racionalidade emancipou o
homem do jugo da tradição e da autoridade
o homem, ao perder a tradição, perdeu a
autoridade
a racionalidade impeliu o homem ao jugo
da tradição
19. A racionalização do mundo vivido
permitiu:
a) a tríplice dimensão da verdade d) um
aumento da autonomia
b) a aceitação da autoridade e) a busca
da justiça social
c) a valorização do trabalho
20. A modernidade gerou dois processos da
racionalização:
a) a do mundo vivido e a sistêmica
b) a subjetiva e a objetiva
c) a instrumental e a da Economia
d) a da tradição e a da autoridade
e) a da comunicação e a do mundo vivido
21. A racionalização regida pela razão
institucional:
a) veio explicar a tradição e a
autoridade
b) é imprescindível para a comunicação
humana
c) impõe aos indivíduos a comunicação das
ações
d) ganhou dimensão maior por causa do
Estado
e) fez decrescer a liberdade
(ETF-SP) Instruções para as questões de
números 22 e 23. Essas questões referem-se a compreensão de leitura. Leia
atentamente cada uma delas e assinale a alternativa que esteja de acordo com o
texto apresentado. Baseie-se exclusivamente nas informações nele contidas.
Para fazer uma boa compra no ramo
imobiliário, não basta ter dinheiro na mão. É imprescindível que o comprador
seja frio, calculista e bem informado. Na hora de comprar um imóvel, a emoção é
um dos maiores inimigos de um bom negócio. Assim, por mais que se goste de uma
casa, convém manter sempre um certo ar de contrariedade. Se o vendedor perceber
qualquer sinal de emoção, isso poderá custar dinheiro ao comprador. Não é por
outra razão que quem compra para especular ou apenas para investir costuma
conseguir um melhor negócio do que quem está à procura de um lugar para morar.
22. Segundo o texto:
Os vendedores, via de regra, buscam
ludibriar os compradores, e vice-versa.
O vendedor costuma aumentar o preço do
imóvel quando o comprador não está bem informado sobre o mercado de valores.
O mercado imobiliário oferece bons
investimentos apenas para quem pretende especular.
No ramo imobiliário, uma atitude que
aparente indiferença pode propiciar negócio mais vantajoso para o comprador.
No mercado imobiliário, o comprador
realiza melhor negócio adquirindo uma propriedade de que não tenha gostado
muito.
23. Segundo o mesmo texto:
Quanto maior a disponibilidade financeira
do comprador, maior a probabilidade de sucesso no negócio imobiliário.
Disponibilidade econômica não é o único
fator que possibilita a realização de um bom negócio.
O vendedor, por preferir negociar com
investidores, desfavorece o comprador da casa própria.
Gostar de uma casa é psicologicamente
importante em qualquer tipo de compra, seja ela para residência ou para
investimento.
O mercado imobiliário oferece
oportunidades mais seguras para o investidor que para o especulador.
(TRT) As questões 24 a 27 referem-se ao
texto abaixo:
"Sete Quedas por nós passaram / E
não soubemos amá-las / E todas sete foram mortas, / E todas sete somem no ar. /
Sete fantasmas, sete crimes / Dos vivos golpeando a vida / Que nunca mais
renascerá." (Carlos Drummond de Andrade
24. Por fantasmas, no texto, entende-se:
a) entes sobrenaturais que aparecem aos
vivos
b) imagens dos que existem no além
c) imagens de culpa que iremos carregar
d) imagens que assombram e causam medo
e) frutos da imaginação doentia do homem
25. A repetição do conectivo
"e" tem efeito de marcar:
que existe uma sequência cronológica dos
fatos
um exagero do conectivo
que existe uma descontinuidade de fatos
que existe uma implicação natural de
conseqüência dos dois últimos fatos em relação ao primeiro
que existe uma coordenação entre as três
orações
26. A afirmação: "Sete Quedas por
nós passaram / E não soubemos amá-las."
Faz-nos entender que:
a) só agora nos damos conta do valor
daquilo que perdemos
b) enquanto era possível, não passávamos
por Sete Quedas
c) Sete Quedas pertence agora ao passado
d) Todos, antigamente, podiam apreciar o
espetáculo; agora não
e) Os brasileiros costumam desprezar a
natureza
27. Na passagem: "E todas sete foram
mortas, / E todas sete somem no ar." O uso de todas sete se justifica:
a) como referência ao número de quedas
que existiram no rio Paraná
b) para representar todo conjunto das
quedas que desaparece
c)
para destacar o valor individual de cada uma das quedas
d) para confirmar que a perda foi parcial
e) pela necessidade de concordância
nominal
28. (FARIAS BRITO) "Nada há mais
velho que a moda, nada mais fácil que a originalidade das desobediências".
(João Ribeiro: Páginas de Estética) A palavra sublinhada apresenta conotação:
a) de absoluto aplauso d) irônica
b) de censura impiedosa e) de irrestrita
co-participação
c) de constrangido aplauso
29. (CESCEM) "O homem momento
desempenha, na História, papel semelhante ao do pequeno holandês que tapou com
o dedo um buraco no dique, e assim salvou a cidade. Sem querer reduzir o
encanto da lenda, podemos salientar que, praticamente, qualquer pessoa naquela
situação poderia ter feito o mesmo (...) Aqui, por assim dizer, tropeça-se na
grandeza, exatamente como se poderia tropeçar num tesouro que salvasse uma
cidade. A grandeza, entretanto, é algo que deve exigir algum talento
extraordinário, e não apenas a sorte de existir e, num momento feliz estar no
lugar certo."
Assinale a alternativa que melhor resume
a ideia principal do texto:
Se tiver sorte, qualquer pessoa pode
salvar uma cidade, mas isso não é sinal de grandeza
É encantadora a lenda do menino holandês
que salvou sua cidade, mas não podemos transpor seu caso para outras situações
O homem-momento pode ser comparado ao
menino holandês que salvou sua cidade, isto é, ambos têm a sorte de estar no
lugar certo no momento exato
Na história, somos enganados por lendas
que atribuem a uma pessoa o que poderia ser realizado por qualquer outra
Algumas pessoas tornam-se grandes por
acaso, mas a grandeza real exige qualidades individuais
(CESCEM) Texto para as questões 30 e 31:
"A MENTE" ou a "ALMA"
ou a "PSIQUÊ" são imateriais demais para serem investigadas por algum
método científico. Aquilo com que os psicólogos lidam de fato é o
comportamento, que é bastante palpável para ser observado, registrado e
analisado. Este ponto de vista é muitas vezes criticado por pessoas que dizem
que esta maneira de ver as coisas omite importantes qualidades e aspectos da
natureza humana. Tal objeção pode ou não ser verdadeira a longo prazo, e se
transforma quase numa questão mais filosófica que científica. Não adianta
discuti-la aqui. Vamos simplesmente concordar em que poderemos avançar até
certo ponto, considerando apenas o comportamento, deixando para depois a
demonstração das possíveis limitações dessa posição."
30. O texto só nos apresenta elementos
suficientes para afirmarmos que:
Não há método científico aplicável em
psicologia, porque a MENTE é material e não pode ser sujeita a experimentos
materiais.
Não podendo estudar cientificamente a
"PSIQUÊ", os psicólogos estudam o comportamento; mas o comportamento
não é a pessoa toda, por isso a psicologia não pode ser científica.
A psicologia não tem por objeto o estudo
da ALMA, mas sim do comportamento, que é mensurável.
Para haver ciência, é preciso haver observação
e medida; não se pode medir diretamente a MENTE, logo, não há CIÊNCIA DA MENTE.
É suficientemente conhecido pela maioria
das pessoas que o estudo do comportamento não abrange importantes qualidades da
natureza humana; a Psicologia é, pois, questão mais filosófica que científica.
31. Assinale a alternativa que se baseia
exclusivamente nas informações que o texto lhe dá:
A objeção de que o estudo do
comportamento não abrange todos os aspectos da natureza humana pode ser
verdadeira por muito tempo ainda.
Se é verdade que o estudo do
comportamento não abrange todos os aspectos da natureza, a psicologia pode ser
considerada de natureza mais filosófica do que científica.
Não adianta discutir se a psicologia é
filosófica ou ciência; o melhor é concordar que há limitações no estudo do
comportamento.
Verdadeiro ou não o estudo do
comportamento impõe limitações ao conhecimento da natureza humana, certo é que
há muito campo para estudo científico, considerando-se apenas o comportamento.
Muitas pessoas não acreditam na
psicologia porque ela não consegue estudar importantes qualidades e aspectos da
natureza humana.
(USP) Texto para as questões 32 e 33:
A vaidade me faz marcar uma corrida de
cem metros, que eu já sei de antemão que posso correr; corro, venço, e a
vaidade se satisfaz, pequenina. O orgulho não: é audacioso e me faz marcar uma
corrida de quilômetro, que eu ainda não sei se poderei correr; corro, e só
consigo alcançar 600 metros. Torno a correr e faço 620. Corro outra vez e
espantadamente faço 720! E continuarei correndo. Se conseguir quilômetro,
imediatamente meu orgulho ficará descontente e dirá que foi pouco, e transporá
a meta para 2 quilômetros. E hei de morrer um dia tendo apenas (apenas!)
conseguido um quilômetro e meio.
32. Segundo o texto:
Vaidade e orgulho são sentimentos
negativos, porque fazem o homem agir apenas em função de seus espectadores e
não de seus sentimentos íntimos.
O homem vaidoso é um ser insatisfeito,
pois sempre acha que pode ir além do que realizou.
A vaidade faz-nos estabelecer objetos que
estão além do nosso nível de realização; daí ser ela fonte contínua de
insatisfação.
Movido pela vaidade, o homem estabelece
para si objetivos que sabe poder realizar.
O orgulho, ao contrário da vaidade,
impulsiona o homem à ação.
33. Segundo o mesmo texto:
O orgulho, por despertar necessidades
muito ambiciosas, faz do homem um escravo de seus desejos.
O orgulho impulsiona o homem a
estabelecer níveis de realização cada vez mais altos.
A vaidade é sentimento antagônico ao
orgulho, pois enquanto este conduz ao progresso aquela destrói o
desenvolvimento do homem.
O orgulho, diferentemente da vaidade, faz
que o homem se prepare emocionalmente a fim de evitar sentimentos de
frustração.
Vaidade e orgulho são sentimentos
positivos, pois levam o homem à realização plena de seus desejos.
(FUVEST) Leia com atenção e responda as questões
de números 34 a 36:
"Quando os jornais anunciaram para o
dia 1º deste mês uma parede de açougueiros, a sensação que tive foi mui diversa
da de todos os meus concidadãos. Vós ficastes aterrados; eu agradeci ao céu.
Boa ocasião para converter esta cidade ao vegetarianismo.
Não sei se sabem que eu era carnívoro por
educação e vegetariano por princípio. Criaram-me a carne, mais carne, ainda
carne, sempre carne. Quando cheguei ao uso da razão e organizei o meu código de
princípios, incluí nele o vegetarianismo; mas era tarde para a execução. Fiquei
carnívoro. Era sorte humana; foi a minha. Certo, a arte disfarça a hediondez da
matéria. O cozinheiro corrige o talho. Pelo que respeita ao boi, a ausência do
vulto inteiro faz esquecer que a gente come um pedaço do animal. Não importa, o
homem é carnívoro. Deus, ao contrário, é vegetariano. Para mim a questão do
paraíso terrestre explica-se clara e singelamente pelo vegetarianismo. Deus
criou o homem para os vegetais, e os vegetais para o homem; fez o paraíso cheio
de amores e frutos, e pôs o homem nele." (Machado de Assis)
34. Segundo o texto a população ficou
aterrorizada porque:
o autor queria convertê-la ao
vegetarianismo.
a parede poderia alastrar-se e vir a
prejudicar o abastecimento geral da cidade.
a Teologia condenava o uso da carne; Deus
é vegetariano.
os jornais incentivavam a prática do
vegetarianismo.
sabia que a carne iria faltar.
35. Do texto ainda se pode deduzir que:
a) a arte dos cozinheiros facilita ao
homem ser carnívoro.
b) o autor considera-se homem de sorte
por ser carnívoro.
c) o uso da razão não aconselhava ao
autor alimentar-se de vegetais.
d) o autor preferia o vegetarianismo por
uma razão estética.
e) os vegetais são o principal alimento
do homem.
36. Em "Criaram-me a carne...",
o termo sublinhado pode ser substituído, sem alteração de sentido, por:
a) para a d) segundo a
b) à maneira de e) conforme a
c) com
(FUVEST) Texto para as questões 37 a 41:
"Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite
Desmetaforizada,
Desmistificada,
Despojada do velho segredo de melancolia
Não
é agora o golfão das cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas
Sem show para as disponibilidades
sentimentais!
Fatigado de mais valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si
- Satélite."
37. Nesse texto, o poeta:
restringe-se a uma descrição de um fim de
tarde.
lamenta a morte das noites de sua
juventude, pois já não pode contemplar a lua.
reduz à lua a um "golfão de
cismas".
manifesta seu afeto à lua,
independentemente de significações sentimentais que outros atribuíram a ela.
limita-se à narração de um episódio que
ocorreu num fim de tarde.
38. O poeta afirma sua afeição à lua:
para fazer a apologia do progresso
científico.
para advertir que não estamos mais em
tempo de dar vazão aos nossos sentimentos.
porque ela ainda é "o astro dos
loucos e dos enamorados".
para criticar a ausência de sentimento do
mundo contemporâneo.
apesar de despojada de metáfora e de
mito.
39. Indique qual dos seguintes trechos do
poema contradiz a passagem "Sem show para disponibilidades
sentimentais":
a) "Gosto de ti assim"
b) "Despojada do velho segredo de
melancolia"
c) "Não é agora o golfão de
cismas"
d) "A Lua baça / Paira"
e) "Demissionária das atribuições
românticas"
40. Assinale a alternativa em que a
expressão extraída do texto pode ser substituída por
"exclusivamente", mantendo-se a máxima fidelidade ao sentido do
poema:
a) "cosmograficamente" d)
"Sem show"
b) "agora" e) "assim"
c) "tão somente"
41. No contexto do poema as palavras
"plúmbeo" e "baça" devem ser entendidas respectivamente
como:
a) cinzento e fosca d) opaco e baixa
b) lustrosos e brilhante e) emplumado e
embaçada
c) molesto e brilhante
42. (FUVEST) Leia atentamente: "Nas
carreiras em que o número de inscritos for inferior ao triplo do número de
vagas oferecidas, todos os candidatos inscritos serão convocados para a 2a
fase, independentemente do comparecimento à 1a fase ou do resultado
obtido." (Manual de Informações da Fuvest, 1980). Segundo o texto acima,
pode-se dizer que:
Todos os candidatos serão convocados para
a 2a fase, independentemente do resultado obtido na prova da 1a fase
Serão impedidos de comparecer à prova da
1a fase os candidatos às carreiras em que o número de inscritos for inferior ao
triplo do número de vagas
Os candidatos serão convocados tanto na
1a quanto na 2a fase desde que correspondam à terça parte do total de inscritos
O candidato pode comparecer tão-somente a
2a fase dos exames, desde que, na carreira por ele escolhida, o número de
inscritos não seja superior ao triplo do número de vagas
O número de vagas oferecidas na 2a fase é
o triplo do número oferecido na 1a fase, independentemente das notas obtidas na
carreira escolhida
43. (FUVEST)
I - Uma andorinha não faz verão.
II - Nem tudo que reluz é ouro.
III - Quem semeia ventos, colhe
tempestades.
IV - Quem não tem cão caça com gato.
As idéias centrais dos provérbios acima
são, respectivamente:
a) solidariedade - aparência - vingança -
dissimulação
b) cooperação - aparência - punição -
adaptação
c) egoísmo - ambição - vingança - falsificação
d) cooperação - ambição - consequência -
dissimulação
e) solidão - prudência - punição -
adaptação
(FUVEST) Texto para as questões 44 a 46:
"Podemos gostar de Castro Alves ou
Gonçalves Dias, poetas superiores a ele; mas ele só é dado amar ou repelir.
Sentiu e concebeu demais; escreveu em tumulto, sem exercer devidamente o senso
crítico, que possuía não obstante mais vivo do que qualquer poeta romântico,
excetuado Gonçalves Dias.
Mareiam a sua obra poemas sem relevo nem
músculo, versalhada que escorre desprovida de necessidade artística. O que
resta, porém, basta não só para lhe dar categoria, mas, ainda, revelar a
personalidade mais rica da geração."
(Antônio Cândido, Formação da Literatura
Brasileira)
44. Com relação a gostar e amar ou
repelir, podemos depreender que:
gostar de, não pressupõe, no texto,
nenhuma diferença quanto a amar.
é possível gostar de Castro Alves ou
Gonçalves Dias, mas não se pode apreciar o autor não nomeado.
amor ou repulsa implicam envolvimento
mais afetivo que racional.
se gosta de Castro Alves ou Gonçalves
Dias porque são superiores ao autor em questão.
se ama ou se repele ao autor não citado
por ele ser inferior aos dois citados.
45. Assinale a expressão que melhor
denota o juízo pejorativo de Antônio Cândido acerca de boa parte da poesia do
autor não nomeado:
a) "a ele só nos é dado (...) repelir"
d) "versalhada"
b) "sentiu e concebeu demais"
e) "o que resta"
c) "escreveu em tumulto"
46. Com respeito ao senso crítico de que
fala o texto, pode-se dizer que:
o poeta não citado não possuía o menos
senso crítico, a julgar pelas suas poesias.
Castro Alves possuía pouco senso crítico.
o poeta não nomeado não exercia na
realização de suas poesias o senso crítico manifesto fora delas.
entre Gonçalves Dias, Castro Alves e o
autor subentendido, o que possuiria maior senso crítico é este último.
dos três poetas referidos é Gonçalves
Dias quem possui o senso crítico mais vivo.
(TFC) Leia o trecho reproduzido abaixo
para responder às questões 47 a 49:
Com franqueza, estava arrependido de ter
vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo
e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o
Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de
desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do
morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda
imensa, que bojava no ar, uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas
unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.
- Fui um bobo em vir, disse eu ao
Raimundo.
- Não diga isso, murmurou ele.
("Conto de escola". Machado de
Assis In: Contos, São Paulo, Ática, 1992, 9ª ed., p. 25-30)
47. Indique o segmento que completa, de
acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: No trecho transcrito, o
narrador personagem é um menino que relata:
as dificuldades que experimenta nas aulas
de leitura e gramática.
o desespero por não possuir um papagaio
de papel tão soberbo como aquele que via no céu.
os temores de ficar de castigo, sentado,
os livros no joelho.
o arrependimento por não ter acompanhado
Raimundo nas estripulias com os meninos do morro.
suas emoções em um dia de escola.
48. Indique o segmento que completa, de
acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: O menino se confessava
"arrependido de ter vindo" porque:
os outros meninos vadios passariam a
chamá-lo de bobo.
não gostava que os outros meninos
empinassem seu papagaio de papel.
preferia ter ficado com os outros
meninos, a brincar na rua.
tivera de cumprir a promessa de que
viria, feita a Raimundo.
sentia dor nas pernas, ao ficar muito
tempo sentado, com os livros nos joelhos.
49. Indique a letra que não apresenta uma
relação semântica correta entre os termos emparelhados:
a) menino-narrador - arrependimento de
ter vindo
b) menino-narrador - preso de uma corda
imensa
c) papagaio de papel - uma cousa soberba
d) papagaio de papel - bojava no ar
e) papagaio de papel - alto e largo
50. (TFC) Abaixo você tem cinco frases
que formam o parágrafo inicial de um texto. Ordene-as de maneira a obter um
parágrafo coeso e coerente:
Assim também, se você decidir chamar a
rosa por um outro nome, ainda assim ela continuará sendo uma rosa.
Quem quiser dizer o contrário que o faça.
Em resumo, o nosso país é o que é.
Isso em nada mudará essa realidade.
O Brasil é um país de Terceiro Mundo.
a) 1, 2, 3, 4, 5 d) 5, 2, 4, 1, 3
b) 3, 5, 1, 4, 2 e) 2, 4, 3, 5, 1
c) 4, 5, 1, 2, 3
(FUVEST) Texto para as questões 51 a 54:
Fantasmas primitivos e superstições
cibernéticas
O Brasil é um país de contrastes.
Enquanto diplomatas do Itamaraty pretendiam explicar aos americanos do
Departamento de Estado como funciona a reserva de mercado para fabricantes
brasileiros de equipamentos de informática, políticos ilustres - entre os quais
um governador, um ministro de Estado, um prefeito e dois candidatos ao governo
de um grande Estado da Federação - reuniram-se num ato público impressionante:
o enterro da Mãe Menininha do Gantois.
Mãe Menininha do Gantois era a mais
famosa sacerdotisa de cultos espíritas de origem africana, no Brasil. Sua morte
foi pranteada por compositores de rock, romancistas cotados para o Prêmio
Nobel, artistas plásticos respeitados, cantores de música popular, boêmios
notórios e notáveis do poder das repúblicas Nova e Velha. Seu enterro parou a
vida de uma das maiores cidades do Pais, Salvador, capital da Bahia, ao som dos
atabaques e sob os olhares comovidos de milhares de pessoas que se enfileiraram
nas calçadas das ruas do centro da cidade, por onde o cortejo passou.
Diante do cortejo imenso e da importância
política que presenças ilustres deram ao ato, resta-nos raciocinar sobre o
imenso esforço de educação que é necessário para que o Brasil se transforme
numa nação moderna, em condições de competir com os maiores países do mundo. A
importância exagerada dada a uma sacerdotisa de cultos afro-brasileiros é a
evidência mais chocante de que não basta ao Brasil ser catalogado como a oitava
maior economia do mundo, se o País ainda está preso a hábitos culturais
arraigadamente tribais. Na era do chip, no tempo da desenfreada competição
tecnológica, no momento em que a tecnologia desenvolvida pelo homem torna a
competição de mercados uma guerra sem quartel pelas inteligências mais argutas
e pelas competências mais especializadas, o Brasil, infelizmente, exibe a face
tosca de limitações inatas, muito dificilmente corrigíveis por processos
normais de educação a curto prazo. Enquanto o mundo lá fora desperta para o
futuro, continuamos aqui presos a conceitos culturais que datam de antes da
existência da civilização. (O Estado de São Paulo - 17/08/86)
51. De acordo com o texto:
a reserva de mercado de equipamentos de
informática pertence a políticos ilustres.
o ato público impressionou os políticos
ilustres.
Mãe Menininha do Gantois era uma política
ilustre.
o Itamaraty explicou que o Brasil é um
país de contrastes.
o enterro de Mãe Menininha do Gantois foi
um ato público.
52. Segundo o texto:
a) reserva de mercado é bom para
políticos ilustres.
b) Mãe Menininha do Gantois era africana.
c) alguns romancistas foram cortados do
Prêmio Nobel.
d) milhares de pessoas assistiram ao
enterro.
e) Salvador é a maior cidade do País.
53. Conforme o texto:
presenças ilustres deram importância
política ao enterro.
a guerra pelo mercado se desenvolve nos
quartéis.
os hábitos culturais do Brasil fazem dele
a oitava maior economia do mundo.
com a informática, os processos de
educação serão corrigidos a curto prazo.
para que o Brasil se transforme em nação
moderna, precisa competir com os maiores países do mundo.
54. Pelo texto, o Brasil "está preso
a hábitos culturais arraigadamente tribais", porque:
ainda faz reserva de mercado para fabricantes
brasileiros de equipamentos de informática.
seus políticos vão a funerais de todas as
figuras públicas do País.
continuamos presos a valores culturais
anteriores à civilização.
os diplomatas insistem em explicar aos
americanos o funcionamento da reserva de mercado de equipamentos de
informática.
os políticos tiram proveito das
cerimônias fúnebres.
(FUVEST) Texto para as questões 55 a 58:
"Algum tempo hesitei se devia abrir
estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o
meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira
é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem
a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e
mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no
cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco."
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de
Brás Cubas)
55. O autor afirma que:
vai começar suas memórias pela narração
de seu nascimento.
vai adotar uma seqüência narrativa
vulgar.
o que o levou a escrever suas memórias
foram duas considerações sobre a vida e a morte.
vai começar suas memórias pela narração
de sua morte.
vai adotar a mesma seqüência narrativa
utilizada por Moisés.
56. Definindo-se como um "defunto
autor", o narrador:
a) pôde descrever sua própria morte.
b) escreveu suas memórias antes de
morrer.
c) obteve em vida o reconhecimento de sua
obra.
d) ressuscitou na sua obra após sua
morte.
e) descreveu a morte após o nascimento.
57. Segundo o narrador, Moisés, contou
sua morte no:
a) promontório d) intróito
b) meio do livro e) começo da missa
c) fim do livro
58. O tom predominante no texto é de:
a) luto e tristeza d) mágoa e hesitação
b) humor e ironia e) surpresa e nostalgia
c) pessimismo e resignação
(FUVEST) Texto para as questões 59 a 62:
"Na última laje de cimento armado,
os trabalhadores cantavam a nostalgia da terra ressecada.
De um lado era a cidade grande: de outro,
o mar sem jangadas.
O mensageiro subiu e gritou:
- Verdejou, pessoal!
Num átimo, os trabalhadores largaram-se
das redes, desceram em debandada, acertaram as contas e partiram.
Parada a obra.
Ao dia seguinte, o vigia solitário
recolocou a tabuleta: "Precisa-se de operários", enquanto o
construtor, de braços cruzados, amaldiçoava a chuva que devia estar caindo no
Nordeste." (Aníbal Machado, Cadernos de João)
59. "... os trabalhadores cantavam
...", porque:
a) trabalhavam na cidade grande.
b) estavam alegres por terminar a última
laje.
c) contemplavam o mar sem jangadas.
d) estavam saudosos da terra natal.
e) iriam acertar as contas e partir.
60. Por que é que o pessoal desceu em
debandada quando o mensageiro gritou " - Verdejou, pessoal!"?:
a) O mensageiro deu um sinal de perigo.
b) Havia chegado o dinheiro do pagamento.
c) O pessoal entendeu que tinha chovido.
d) Foram lançar as redes de pesca.
e) Ia começar a festa da cobertura.
61. O construtor "amaldiçoava a
chuva" porque:
a) ela impedia a saída das jangadas para
o mar.
b) chovia no Nordeste e não no local da
construção.
c) a chuva fizera o construtor perder os
trabalhadores.
d) não seria possível tocar a obra
debaixo de chuva.
e) num átimo, os trabalhadores
largaram-se das redes.
62. Indique a alternativa em que todas as
palavras ou expressões se referem a um mesmo tema presente no texto:
a) cimento armado, nostalgia,
trabalhadores
b) terra ressecada, cimento armado,
construtor
c) mar sem jangadas, vigia solitário,
construtor
d) cantavam, construtor, operários
e) chuva, terra ressecada, verdejou
(FUVEST) Texto para as questões 63 e 64:
- Primo Argemiro!
E, com imenso trabalho, ele gira no
assento, conseguindo pôr-se de-banda, meio assim.
Primo Argemiro pode mais: transporta uma
perna e se escancha no cocho.
- Que é, Primo Ribeiro?
- Lhe pedir uma coisa... Você faz?
- Vai dizendo, Primo.
- Pois então, olha: quando for a minha
hora, você não deixe me levarem p’ra o arraial... Quero ir mas é p’ra o
cemitério do povoado... Está desdeixado, mas ainda é chão de Deus... Você chama
o padre, bem em-antes... E aquelas coisinhas que estão numa capanga bordada,
enroladas em papel-de-venda e tudo passado com cadarço, no fundo da canastra...
se rato não roeu... você enterra junto comigo... Agora eu não quero mexer lá...
Depois tem tempo... Você promete?...
- Deus me livre e guarde, Primo
Ribeiro... O senhor ainda vai durar mais do que eu.
- Eu só quero saber é se você promete...
- Pois então, se tiver de ser desse jeito
de que Deus não há-de querer, eu prometo.
- Deus lhe ajude, Primo Argemiro.
E Primo Ribeiro desvira o corpo e curva
ainda mais a cara.
Quem sabe se ele não vai morrer mesmo?
Primo Argemiro tem medo do silêncio.
- Primo Argemiro, o senhor gosta
d’aqui?...
- Que pergunta! Tanto faz... É bom, p’ra
se acabar mais ligeiro... O doutor deu prazo de um ano... Você lembra?
- Lembro! Doutor apessoado, engraçado...
Vivia atrás dos mosquitos, conhecia as raças lá deles, de olhos fechados, só
pela toada da cantiga... Disse que não era das frutas e nem da água... Que era
o mosquito que punha um bichinho amaldiçoado no sangue da gente... Ninguém não
acreditou... Nem o arraial. Eu estive lá, com ele...
- Primo Argemiro, o que adianta...
- ... E então ele ficou bravo, pois não
foi? Comeu goiaba, comeu melancia da beira do rio, bebeu água do Pará, e não
teve nada...
- Primo Argemiro...
- ... Depois dormiu sem cortinado, com
janela aberta... Apanhou a intermitente; mas o povo ficou acreditando..
- Escuta! Primo Argemiro... Você está
falando de-carreira, só para não me deixar falar!
- Mas, então, não fala em morte, Primo
Ribeiro!... Eu, por nada que não queria ver o senhor se ir primeiro do que
eu...
- P’ra ver!... Esta carcaça bem que está
agüentando... Mas, agora, já estou vendo o meu descanso, que está
chega-não-chega, na horinha de chegar...
- Não fala isso, Primo!... Olha aqui: não
foi pena ele ter ido s’embora? Eu tinha fé em que acabava com a doença...
- Melhor ter ido mesmo... Tudo tem de
chegar e de ir s’embora outra vez... Agora é a minha cova que está me
chamando... Aí é que eu quero ver! Nenhumas ruindades deste mundo não têm poder
de segurar a gente p’ra sempre, Primo Argemiro...
- Escutas, Primo Ribeiro: se alembra de
quando o doutor deu a despedida p’ra o povo do povoado? Foi de manhã cedo,
assim como agora... O pessoal estava todo sentado nas portas das casas, batendo
queixo. Ele ajuntou a gente... Estava muito triste... Falou: - "Não
adianta tomar remédio, porque o mosquito torna a picar... Todos têm de se mudar
daqui... Mas andem depressa, pelo amor de Deus!"... - Foi no tempo da
eleição de seu Major Vilhena... Tiroteio com três mortes...
64. "Disse que não era das frutas e
nem da água... Que era o mosquito que punha um bichinho amaldiçoado no sangue
da gente..." "O pessoal estava todo sentado nas portas das casas,
batendo o queixo." Estas duas passagens apresentam a causa e os sintomas
da doença nomeada: "Apanhou a intermitente". Qual das alternativas
identifica a doença?
a) febre amarela d) esquistossomose
b) maleita e) doença de Chagas
c)
tifo
(FUVEST) Texto para as questões 65 a 70:
A FLAUTA E O SABIÁ
Em rico estojo de veludo, pousado sobre
uma mesa de charão, jazia uma flauta de prata. Justamente por cima da mesa, em
riquíssima gaiola suspensa ao teto, morava um sabiá. Estando a sala em
silêncio, e descendo um raio de sol sobre a gaiola, eis que o sabiá, contente,
modula uma ária.
Logo a flauta escarninha põe-se a
casquinar no estojo como a zombar do módulo cantor silvestre.
- De que te ris? indaga o pássaro.
E a flauta em resposta:
- Ora esta! pois tens coragem de lançar guinchos
diante de mim?
- E tu quem és? ainda que mal pergunte.
- Quem sou? Bem se vê que és um selvagem.
Sou a flauta. Meu inventor, Mársias, lutou com Apolo e venceu-o. Por isso o
deus despeitado o imolou. Lê os clássicos.
- Muito prazer em conhecer... Eu sou um
mísero sabiá da mata, pobre de mim! fui criado por Deus muito antes das
invenções. Mas deixemos o que lá foi. Dize-me: que fazes tu?
- Eu canto.
- O ofício rende pouco. Eu que o diga que
não faço outra coisa. Deixarei, todavia, de cantar - e antes nunca houvesse
aberto o bico porque, talvez, sendo mudo, não me houvessem escravizado - se,
ouvindo a tua voz, convencer-me de que és superior a mim. Canta! Que eu aprecie
o teu gorjeio e farei como for de justiça.
- Que eu cante?!...
- Pois não te parece justo o meu pedido?
- Eu canto para regalo dos reis nos
paços; a minha voz acompanha hinos sagrados nas igrejas. O meu canto é a
harmoniosa inspiração dos gênios ou a rapsódia sentimental do povo.
- Pois venha de lá esse primor. Aqui
estou para ouvir-te e para proclamar-te, sem inveja, a rainha do canto.
- Isso agora não é possível.
- Não é possível! por quê?
- Não está cá o artista.
- Que artista?
- O meu senhor, de cujos lábios sai o
sopro que transformo em melodia. Sem ele nada posso fazer.
- Ah! é assim?
- Pois como há de ser?
- Então, minha amiga - modéstia à parte -
vivam os sabiás! Vivam os sábias e todos os pássaros dos bosques, que cantam
quando lhes apraz, tirando do próprio peito o alento com que fazem a melodia.
Assim da tua vanglória há muitos que se ufanam. Nada valem se os não socorre o
favor de alguém; não se movem se os não amparam; não cantam se lhes não dão
sopro; não sobem se os não empurram. O sabiá voa e canta - vai à altura porque
tem asas, gorjeia porque tem voz. E sucede sempre serem os que vivem do
prestígio alheio, os que mais alegam triunfos. Flautas, flautas... cantam nos
paços e nas catedrais... pois venha daí um dueto comigo.
E, ironicamente, a toda a voz, pôs-se a
cantar o sabiá, e a flauta de prata, no estojo de veludo... moita.
Faltava-lhe o sopro.
(Coelho Neto)
65. Do texto, pode-se inferir que a cena
começa:
num recinto em silêncio.
ao ar livre, numa varanda iluminada pelo
sol.
no paço real, com um festa oferecida
pelos cortesãos para regalar o monarca.
no adro de uma igreja, ao som dos hinos
sagrados.
na prateleira de uma das salas
ensolaradas de uma ruidosa loja de instrumentos musicais.
66. Dentre as seguintes expressões
proverbiais, indique aquela que melhor se aplica ao texto "A flauta e o
sabiá":
a) Gato escaldado tem medo de água fria.
b) Não se deve fazer continência com o
chapéu alheio.
c) Patrão fora, feriado na loja.
d) Mais vale um pássaro na mão que dois
voando.
e) Santo de casa não faz milagre.
67. Dentre as seguintes passagens do
texto, assinale a que justifica o contentamento do sabiá:
"... riquíssima gaiola suspensa ao
teto...".
"... sobre uma mesa de charão, jazia
uma flauta... por cima da mesa... morava um sabiá...".
"... descendo um raio de sol sobre a
gaiola ...".
"Estando a sala em
silêncio...".
"... o sabiá, contente, modula uma
ária".
68. No texto, a expressão o deus
refere-se a:
a) Apolo (o deus do sol) d) Deus (criador
do sabiá)
b) Mársias (o gênio da flauta) e) o
Senhor da flauta
c) Orfeu (o deus da música)
69. Com a frase Lê os clássicos, a flauta
está sugerindo que o sabiá:
conheça os autores que foram contemplados
com o Prêmio Nobel de literatura.
desconhece os compositores de música
clássica.
deve ler os principais
"best-sellers".
ignora a cultura greco-latina.
lê os clássicos brasileiros.
70. O sabiá desafiou a flauta a cantar
porque:
quem canta para reis devotos nas igrejas
canta para qualquer pessoa.
as flautas foram inventadas para cantar.
cantar era uma arte própria da flauta.
ele mesmo não conseguiria abrir o bico.
a flauta havia menosprezado o talento
dele.
(FUVEST) Texto para as questões 71 a 78:
Um dia desta semana, farto de vendavais,
naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como se descompõem os
homens, acionistas e diretores, importadores e industriais, farto de mim, de
todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página
de anúncios, e disse comigo:
- Eia, passemos em revistas as procuras e
ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de
barbeiro, casas para alugar, amas-de-leite, cobradores, coqueluche, hipotecas,
professores, tosses crônicas...
E o meu espírito, estendendo e juntando
as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por
uma coluna abaixo. Quando voltou à tona trazia entre os dedos esta pérola:
"Uma viúva interessante, distinta,
de boa família e independente de meios, deseja encontrar por esposo um homem de
meia-idade, sério, instruído, e também com meios de vida, que esteja como ela,
cansado de viver só, resposta por carta ao escritório desta folha, com as
iniciais M.R. ... anunciando, a fim de ser procurada essa carta."
Gentil viúva, eu não sou o homem que
procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato, porque
tu não és qualquer pessoa, tu vales alguma cousa mais que o comum das mulheres.
Ai de quem está só! dizem as sagradas letras; mas não foi a religião que te
inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. Positivo também
não, porque o positivismo é infenso às segundas núpcias. Que foi então, senão a
triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar, estás cansada de viver
só.
E a cláusula de ser esposo outro
aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar
ninguém. Ficaram desde já excluídos os sonhadores, os que amem o ministério e
procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da vida. Que
não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da
meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor
purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de
salvação, pois que exiges que também, possua. E há de ser instruído, para
encher com as cousas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as
mãos presas) a tomada de Constantinopla.
Viúva dos meus pecados, quem és tu que
sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero.
Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca,
perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que sentia, e explicava-se por
figura: "Não é a tempestade que me aflige, é o enjôo do mar." Viúva
minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjôo.
Vês que a travessia ainda é longa, - porque a tua idade está dentre trinta e
dous e trinta e oito anos, - o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de
um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te contenta com o
remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, "a vida retirada, em que
a lama acha todo o seu sossego". Tu já provaste esse preparado; não te fez
nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.
(Machado de Assis, A Semana, 1882)
71. Em qual dos elementos abaixo se
baseia a imagem mais recorrente no texto?
a) água d) fogo
b) terra e) sol
c)
ar
72. No trecho "Ficam desde já
excluídos os sonhadores..." (§6º), entende-se que os sonhadores ficam
excluídos do grupo dos que:
a) têm condições de serem escolhidos.
b) desejam comprar um bilhete da loteria.
c) sacrificam os outros.
d) querem um diálogo de amor.
e) amam o mistério.
73. No trecho "... precisas de um
preparado para matar esse mal cruel e indefinível." (§7º), o
"mal" é:
a) a falta de amor d) a saudade do
casamento
b) o tédio da solidão e) a aproximação da
velhice
c) o enjôo do mar
74. De acordo com o texto, o cronista
teve desejo de ver a viúva porque:
a) ela era distinta e interessante.
b) ela possuía bens que a tornavam
independente.
c) ela lhe parecia superior às outras
mulheres.
d) ela estava triste e precisava de
consolo.
e) ele também estava cansado de viver só.
75. De acordo com o texto, o capitão:
pretendia, por motivos pessoais, deixar
suas funções de guarda do imperador.
não suportava mais a solidão das
prolongadas viagens marítimas.
tinha a saúde abalada pelo sacudir
constante do navio.
estava aborrecido porque tinha conflitos
com seus companheiros de trabalho.
devia procurar a solução para seu
problema dentro de si mesmo.
76. Infere-se do texto que, na opinião do
cronista:
a viúva, tendo sido feliz no primeiro
casamento, desejava retomar no segundo o ritmo daqueles dias que se haviam ido.
o primeiro marido da viúva fora uma
pessoa séria e aborrecida, que poucas alegrias lhe dera enquanto vivo.
a viúva pretendia encontrar, no segundo
casamento, uma vida mais cheia de aventuras e viagens emocionantes.
o verdadeiro objetivo da viúva era constituir
uma fortuna razoável, juntando suas posses às do futuro marido.
a morte do primeiro marido deixara na
vida de sua mulher um vazio que ela desejava preencher com outro casamento.
77. De acordo com o texto:
o eventual pretendente à viúva deve
procurar resposta a sua carta na redação do jornal.
a viúva, ou alguém em seu lugar,
procurará na redação a carta do eventual pretendente.
o jornal veiculará novo anúncio, em
resposta aos eventuais pretendentes da viúva.
a viúva deixará na redação do jornal uma
carta, em resposta ao pretendente eventualmente escolhido.
um novo anúncio fará saber ao eventual
pretendente que a viúva oportunamente o procurará.
78. Entre os excertos abaixo, assinale
aquele que o autor cria uma metáfora de "vida":
... como se descompõem os homens,
acionistas e diretores, importadores e industriais...
... o meu espírito, estendendo e juntando
as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por
uma coluna abaixo.
... a meia-idade, zona em que as paixões
arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno.
... a travessia ainda é longa, o mar é
agitado, o navio joga muito.
... o remédio é a solidão, a vida
retirada, em que a alma acha todo o seu sossego.
(FUVEST) Texto para as questões 79 e
80:
Os principais problemas da agricultura
brasileira referem-se muito mais à diversidade dos impactos causados pelo
caráter da modernização, do que à persistência de segmentos que dela teriam
ficado imunes. Se hoje existem milhões de estabelecimentos agrícolas
marginalizados, isso se deve muito mais à natureza do próprio processo de
modernização, do que à sua suposta falta de abrangência. (Folha de São Paulo,
13/9/94, 2-2)
79. Segundo o texto:
a.
o processo de modernização deve tornar-se mais
abrangente para implementar a agricultura.
b.
os problemas da agricultura resultam do
impacto causado pela modernização progressiva do setor.
c.
os problemas da agricultura resultam da
inadequação do processo de modernização do setor.
d.
segmentos do setor agrícola recusam-se a
adotar processos de modernização.
e.
os problemas da agricultura decorrem da
não-modernização de estabelecimentos agrícolas marginalizados.
80. No texto "à persistência
de segmentos que dela teriam ficado imunes.", a expressão teriam ficado
exprime:
o desejo de que esse fato não tenha
ocorrido.
a certeza de que a imunidade à
modernização é própria de estabelecimentos agrícolas marginalizados.
a hipótese de que esse fato tenha
ocorrido.
a certeza de que esse fato não ocorreu.
a possibilidade de a imunidade à
modernização ser decorrente da persistência de certos segmentos.
81. (FUVEST)"Haveis de
entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas,
uma no sujeito que a possui, outra no espírito dos que a ouvem ou contemplam.
Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um
sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não
existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como
as urges e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por
outras palavras mais energéticas, não há espetáculo sem espectador. Um dia,
estando a cuidar nestas cousas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco
o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a
valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então
cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais
trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens,
pois me deu a doutrina salvadora." (Machado de Assis, O segredo do bonzo)
No texto acima, ao afirmar "então
cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais
trabalhos", a personagem:
a.
expressa a intenção de divulgar seus
conhecimentos, aproximando-se dos outros homens.
b.
procura convencer o leitor a poupar esforços
na busca do conhecimento.
c.
demonstra que a virtude e o saber exigem muito
trabalho dos homens.
d.
resume o conceito da doutrina salvadora,
desenvolvida no parágrafo.
e.
exprime
a idéia de que a admiração dos outros é mais importante que o conhecimento em
si.
(FUVEST) Texto para as questões 82 a 85:
Condicionada fundamentalmente pelos
veículos de massa, que a coagem a respeitar o "código" de convenções
do ouvinte, a música popular não apresenta, senão em grau atenuado, o
contraditório entre informação e redundância, produção e consumo. Desse modo,
ela se encaminha para o que Umberto Eco denomina de música
"gastronômica": um produto industrial que não consegue nenhum
objetivo artístico, mas, ao contrário, tende a satisfazer as exigências do
mercado, e que tem, como característica principal, não acrescentar nada de
novo, redizendo sempre aquilo que o auditório já sabe e espera ansiosamente ver
repetido. Em suma: o servilismo ao "código" apriorístico -
assegurando a comunicação imediata com o público - é o critério básico de sua
confecção. "A mesma praça. O mesmo banco. As mesmas flores, o mesmo
jardim." O mesmismo. Todo mundo fica satisfeito. O público. A TV. Os
anunciantes. As casas de disco. A crítica. E, obviamente, o autor. Alguns
ganham com isso (financeiramente falando). Só o ouvinte-receptor não
"ganha" nada. Seu repertório de informações permanece,
mesmissimamente, o mesmo.
Mas nem tudo é redundância na música
popular. É possível discernir no seu percurso momentos de rebeldia contra a
estandardização e o consumismo.
Assim foi com o Jazz Moderno e a
Bossa-Nova.
(Augusto de Campos. O Balanço da Bossa).
82. O texto discute:
a.
a nulidade da ação dos veículos de massa sobre
a música popular.
b.
a invariabilidade da mensagem transmitida pela
música popular.
c.
o entusiasmo do auditório em relação à música
popular.
d.
a adesão ao consumismo representada pelo Jazz
Moderno e a Bossa-Nova.
e.
o
objetivo artístico a que se propõe a música popular.
83. De acordo com o texto, a
música popular:
a) não persegue nenhum objetivo
artístico.
b) oferece um repertório de informações
sempre igual.
c) nem sempre se curva às pressões
consumistas.
d) tem que ser servil ao
"código" apriorístico.
e) é sempre uma música
"gastronômica".
84. De acordo com o texto, o autor
produz a música "gastronômica" porque:
a) gosta de progredir, volta-se para o
futuro.
b) sente-se inseguro diante do novo.
c) é rebelde, contrário à estandardização.
d) quer satisfazer os veículos de massa.
e) tem espírito crítico muito
desenvolvido.
85. Segundo o autor, a boa música
popular deve:
a) garantir a sobrevivência de seu autor.
b) privilegiar a redundância.
c)
assegurar a comunicação imediata com o público.
d) voltar-se contra o consumismo.
e) apresentar o contraditório entre
informação e redundância.
(TRE-SP) Instruções para as questões 86
a 91
Essas questões referem-se a compreensão
de leitura. Leia atentamente cada uma delas e assinale a alternativa que esteja
de acordo com o texto. Baseie-se exclusivamente nas informações nele contidas:
86.Quando conjugam três fatores -
tecnologia, investimento e mercado - o país é rico, ainda que sem recursos
naturais, como é o caso do Japão ou da Noruega. Se não se conjugam, o país pode
ter recursos mas não tem riquezas, como é o caso do Brasil e da Indonésia. Isso
ocorre também dentro do mesmo país. Minas Gerais, por exemplo, tem mais recursos
minerais e menos riqueza do que São Paulo.
De acordo com o texto:
a.
A conjugação dos três fatores - tecnologia,
investimento e mercado - é condição indispensável para homogeneizar a situação
econômica dos diferentes países.
b.
O Japão
e a Noruega, assim como o Brasil e a Indonésia, igualam-se em condições
naturais de crescimento.
c.
Existe uma diferença entre os recursos
extraídos do solo e a riqueza provinda da economia.
d.
A
coexistência da tecnologia, do investimento e do mercado garante a sustentação
dos recursos naturais.
e.
Dentro
do mesmo país podem ocorrer profundas diferenças na maneira de exploração do
solo.
87.Em jornal idôneo, a seção que
abriga as cartas dos leitores é precioso reflexo do que pensa o povo. Descontadas
as restrições impostas pela ética profissional e as conveniências eventuais da
natureza empresarial, as cartas dos leitores, pelo seu conteúdo
reivindicatório, representam valiosa colaboração aos que se esfalfam no
exercício diário da informação criteriosa.
De acordo com o texto:
a.
Em jornal não idôneo, não existem cartas dos
leitores.
b.
As
restrições impostas pela ética profissional inibem a inspiração dos leitores.
c.
As conveniências eventuais de natureza
empresarial condicionam negativamente a iniciativa dos leitores.
d.
O exercício de informações criteriosa é
própria dos bons jornais.
e.
As cartas dos leitores funcionam como
termômetro da opinião pública.
88. Cada indivíduo tem sua configuração espiritual, e
ele não muda com os anos. É tão constante quanto nossos cromossomos ou as
nossas impressões digitais. As circunstâncias é que variam, permitindo por
vezes que certos tipos ofereçam de si imagem nova e até surpreendente, num
desmentido a julgamentos anteriores. Só em determinadas circunstâncias é que se
pode medir bem a têmpera de um indivíduo, sua inteligência, sua poesia, sua
capacidade de amar. Mas o indivíduo não muda. Mudam os ângulos e as luzes com que
o vemos.
Infere-se do texto que:
a) Se opera a cada instante um
aprimoramento do homem.
b) Nossas opiniões a respeito das pessoas
são relativas.
c) A complexidade de comportamento torna
penosa a vida do indivíduo.
d) Nada é permanente na conduta do homem.
e) Se mede a têmpera do indivíduo por sua
capacidade de amar.
89.Poder atribuído a uma autoridade para
fazer cumprir determinada categoria de leis e punir quem as infrinja em
determinada área, a jurisdição confere ao magistrado judicial a faculdade de
julgar segundo a prova dos autos e segundo o direito.
De acordo com o texto:
a.
Fazer cumprir determinada categoria de leis é
direito de toda autoridade.
b.
A prova dos autos e o direito são os
fundamentos para o julgamento do juiz.
c.
A infração da lei é um ato do cidadão, que
deve ser punido.
d.
Sem a prova dos autos o juiz arrisca-se a dar
sentenças injustas.
e.
O magistrado judicial é a autoridade máxima no
processo de aplicação da penalidade.
90.Na nossa vida consciente
estamos expostos a todos os tipos de influência. As pessoas estimulam-nos ou
deprimem-nos, ocorrências na vida profissional ou social desviam a nossa
atenção. Todas essas influências podem levar-nos a caminhos opostos à nossa
individualidade; e quer percebamos ou não o seu efeito, nossa consciência é
perturbada e exposta, quase sem defesas, a estes incidentes. Isto ocorre em
especial com pessoas de atitude mental extrovertida, que dão todo relevo a
objetos exteriores, ou com as que abrigam sentimentos de inferioridade e de
dúvida, envolvendo o mais íntimo de sua personalidade.
O texto enfatiza que os elementos
externos:
a) Podem abalar a personalidade do ser
humano.
b) Podem tornar o homem inconsciente.
c) Possibilitam uma atitude mental
voltada para fora.
d) Podem comprometer a moral humana.
e) São capazes de expor a mente a lesões
internas.
91.No regime democrático, o
direito de votar não se deve reduzir a um gesto mecânico. No espírito dos
teóricos do sufrágio universal, o voto implica, para cada eleitor, a obrigação
de se manter permanentemente informado dos negócios públicos, de julgar
refletidamente as soluções propostas para as questões vitais do país,
estudando-as com objetividade e com a única preocupação do bem coletivo. O
exercício da soberania popular, que o voto materializa, consiste também em,
após ter escolhido um candidato, vigiar a maneira como desempenha o mandato.
Infere-se do texto que:
a) O eleitor é responsável pela carreira
política de seus candidatos.
b) A responsabilidade do eleitor não
termina no momento da votação.
c) O exercício da democracia obriga todos
os cidadãos a votarem.
d) O eleitor vota mecanicamente quando
sabe escolher seu candidato.
e) O candidato que decepcionar o seu
eleitor não será reeleito.
(TRE-MT) Texto para as questões 92 a 96:
(Trecho do discurso de posse do Ministro
Édson Arantes do Nascimento - PELÉ)
Bom dia.
Pela primeira vez na minha vida, nesses
40 anos de vida pública, eu vou ler um discurso incluindo o discurso que eu fiz
quando recebi o título de embaixador da Unesco, quando fiz, com muita honra,
parte da equipe que organizou a Eco-92 aqui no Brasil.
De toda maneira, bom dia. Neste primeiro
dia como ministro Extraordinário de Esporte eu quero dizer algumas poucas
palavras ao meu País.
Em primeiro lugar, eu quero falar do meu
orgulho em fazer parte da equipe do governo Fernando Henrique Cardoso. Estou me
sentindo como na época em que defendi a seleção brasileira, em 1958,
apreensivo, nervoso. Eu ainda menino ao lado de feras como Didi, Zito, Nílton
Santos, Bellini, Gilmar, Mané Garrincha e outros craques. É como eu me sinto
hoje. Inexperiente como ministro mas cercado de craques, e com uma vantagem:
ter um técnico ainda mais forte do que o nosso glorioso Vicente Feola. Esse
nosso técnico foi aprovado por todo o Brasil.
O nosso técnico, agora, tem 34 milhões de
votos e tem uma biografia tão acima de qualquer suspeita que fez pela primeira
vez na minha vida aceitar um posto no governo. Tenho certeza absoluta de que,
com esse time, vamos repetir o sucesso daquela seleção que ganhou a primeira
Copa do Mundo, na Suécia.
E, por falar em futebol, antes de mais
nada, eu devo deixar bem claro que na condição de ministro eu não posso, eu não
devo e eu não quero ter ressentimentos pessoais. O Brasil está acima de tudo.
Eu já disse o que tinha de dizer e não preciso ficar repetindo. Temos um
governo comprometido com a ética na política e uma Secretaria de Esportes
comprometida com o esporte.
Em segundo lugar, eu quero dizer que sei
exatamente do que sou capaz. Eu não vim para Brasília para começar nenhuma
carreira política. Eu vim apenas para retribuir ao meu país aquilo que ele me
deu. Eu não sou um administrador e não pretendo passar meus dias envolvido em
questões burocráticas. Vim ajudar o presidente a fazer um governo melhor. Eu
vim dar a minha contribuição, a minha imagem para que tenhamos, sem dúvida
nenhuma, um bom governo.
Ao lado do presidente Fernando Henrique
Cardoso e meus colegas de Ministério, eu quero criar uma política que leve a
prática esportiva ao país inteiro. Vamos privilegiar as crianças e os
adolescentes. Prioridades absolutas, como está escrito no artigo 227 da nossa
Constituição. E, aliás, eu já venho falando isso há mais de 20 anos.
Nós queremos desenvolver um trabalho, em
conjunto com o Ministério da Educação para, por exemplo, aprimorar o esporte
nas escolas e nos grêmios estudantis. Quero a parceria do Ministério do
Trabalho para levar o esporte ao trabalhador, via sindicatos, Seabras, etc.
Quero trabalhar com o Ministério das Relações Exteriores para promover, por
exemplo, os jogos afro-brasileiros ou os jogos do Mercosul. Quero, enfim,
promover o intercâmbio esportivo do Brasil e o mundo. Quero agir em conjunto
com o Ministério da Cultura para difundir os esportes típicos brasileiros, como
a capoeira, por exemplo, e tantos outros esportes. Eu quero atuar com o
Ministério da Justiça na difusão dos valores éticos que o esporte ensina, assim
como para impedir a violência, que tanto nos preocupa. Eu quero revigorar o
esporte entre os idosos, os portadores de deficiências.
Minha função, em resumo, será a de ajudar
a governar. Onde eu estiver - e nada me prenderá a lugar algum - eu estarei
levando a política do governo do meu país, abrindo portas, buscando
investimento, pondo a favor do Brasil a imagem que construí em mais de 40 anos
de vida pública.
Quero lembrar a todos que, se não tenho
experiência de governo, também não cheguei ontem ao mundo do esporte, e que,
além do mais - detalhe que muita gente desconhece -, vou poder contar com o
apoio dos meus colegas formados em Educação Física. Eles vão ser fundamentais
para que nossos projetos dêem certo. E vão ter o meu esforço para que tenham o
respeito que merecem.
(...)
92. Várias interpretações
possíveis podem ser feitas, de acordo com a seqüência do texto, sobre a
primeira frase do Pelé, um simples "Bom dia" (retomado no terceiro
parágrafo). A única interpretação incoerente e inadequada está na alternativa:
a.
A simplicidade inicial procura dar um tom
informal ao discurso.
b.
O
"bom dia" pode conotar um bom momento para a vida do país, e
particularmente, para o novo ministro.
c.
Pelé não destaca, desse modo, nenhuma
autoridade presente à sua posse.
d.
Ao
omitir os termos tradicionais ("Senhoras e Senhores"), Pelé mostra
seu constrangimento por ter sido escolhido ministro.
e.
O dia é propício para o novo ministro deixar
patentes, para todo o país, seus planos de ação na pasta dos Esportes.
93 . A comparação da situação
atual de Pelé (posse como ministro) com a sua participação na seleção
brasileira de 1958 se justifica de vários modos. O único inaceitável é o da
alternativa:
a.
Hoje, como anteriormente, Pelé apareceu como o
mais inexperiente da "equipe".
b.
Na "equipe" atual há
"craques" (na Política) como na de 1958.
c.
Agora
(como em 1958) Pelé está (estava) apreensivo e nervoso por causa da
responsabilidade assumida.
d.
A equipe atual tem "técnico", como a
anterior, embora o deste momento seja "mais forte".
e.
Agora
(como anteriormente), ele foi escolhido por pressão dos outros ministros sobre
o "técnico".
94. Segundo Pelé, ele foi levado a
aceitar - pela primeira vez - um cargo em um Governo, pela seguinte razão:
a.
A certeza de que a vida pregressa do
presidente abonava, politicamente, a conduta ética do novo governo.
b.
A necessidade de buscar novos interesses para
divulgar sua imagem de "rei" do futebol.
c.
A
consciência de que a equipe governamental obterá sucesso absoluto em todos os
setores.
d.
A vontade de resgatar, de um certo modo, um
sonho real dos menores abandonados.
e.
A possibilidade de opinar sobre os problemas
esportivos e tomar decisões sem provocar ressentimentos dos dirigentes
esportivos.
95. A idéia de que participar do governo é, como no
futebol, um trabalho de equipe, transparece, principalmente, na referência:
a.
à difusão dos valores éticos do esporte.
b.
às prioridades que serão dadas para as
crianças e os adolescentes.
c.
às diversas ações que serão desenvolvidas em
conjunto com outros ministérios.
d.
à sua preocupação em promover a realização
dos jogos afro-brasileiros.
e.
ao desejo de revigorar o esporte entre os
idosos e os deficientes físicos.
96. O ministro Pelé deixa antever que,
para realizar com êxito seus projetos, ele contará, especialmente com a
colaboração:
a) de todos os ministros
b) do próprio Presidente da República
c) dos professores de Educação Física
d) dos investidores particulares
e) dos seus assessores mais íntimos
(TRE-MT) Texto para as questões 97 a 101:
VICE-VERSA
VERÍSSIMO
Homem do ano. Ricupero. O que dormiu
santo e acordou diabo.
Num ano que se dobrou ao meio e terminou
como começou, só que ao contrário, Ricupero foi a dobradiça. Sentiu a reversão
no próprio corpo. É um símbolo perfeito para um ano em que nada era o que
parecia ou aconteceu como se esperava. Os heróis de janeiro são os vilões de
dezembro, os vencedores de janeiro são os derrotados de dezembro. E vice-versa.
O ano começou com Lula eleito e terminou
com o PT em depressão pós-eleitoral. Começou com tropas russas esmagando a
resistência à abertura e termina com tropas russas contra dissidentes, naquele
lugar. Começou com Berlusconi pronto para salvar a Itália e termina com
Berlusconi corrido do governo. Começou com Pedro Collor triunfante e Fernando
Collor liquidado e terminou com Fernando Collor por cima e Pedro por baixo,
inclusive da terra. Começou com Bisol acusando e termina com Bisol acusado,
começou com Jarbas Passarinho imbatível e termina com Passarinho abatido.
Começou com Itamar e Maurício Correa ridicularizados pelos seus desempenhos no
Carnaval, Itamar pela cantada na moça sem calças e Maurício Correa pelo
conjunto de trapalhadas, e com Aristides Junqueira como nosso modelo de sóbria
eficiência. Termina com Itamar consagrado como o melhor presidente acidental da
nossa história e noivo de uma moça direita, Aristides Junqueira como exemplo de
trapalhão - e Maurício Correa no Supremo. No começo do ano ninguém duvidava que
com Parreira e Dunga o Brasil ia dar vexame na Copa, e o Brasil termina o ano
tetra. O ano também começou com o Congresso brasileiro se autoflagelando pelo
escândalo dos anões do Orçamento e termina com o Congresso brasileiro querendo
se auto-anistiar.
Enfim, Ricupero foi a síntese do ano das
surpresas e do muito antes pelo contraditório. De um ano que, afinal, também
não teve muitos escrúpulos, pois só se contradisse. E Ricupero acaba como
símbolo de perdão, esquecimento e recomeço, pois está em Roma, onde, o seu
único castigo é ter que receber em dólar - que, por sinal, também começou o ano
por cima e termina por baixo. (Jornal do Brasil - 31.12.94)
97. O título do artigo de Veríssimo
(VICE-VERSA) se justifica porque:
a.
fala de fatos ocorridos no ano passado que
marcaram instavelmente o nosso desenvolvimento social.
b.
o governo de Itamar foi, em termos de honestidade,
o oposto ao do Collor.
c.
durante o ano personagens e instituições
positivas se tornaram negativas, e as negativas converteram-se em positivas.
d.
os irmãos Collor trocaram acusações recíprocas
durante esse período.
e.
os eleitores poderão julgar os acontecimentos
do ano de modos diferentes e ambíguos.
98. A afirmativa "O ano começou com
Lula eleito" está correlacionada:
a.
ao maior preparo desse candidato em relação
aos demais.
b.
às pesquisas eleitorais que colocaram Lula,
disparadamente, na frente dos outros candidatos.
c.
à
participação mais visível da militância do PT nos comícios políticos.
d.
à
vitória de Lula nas eleições para a presidência do Partido dos Trabalhadores.
e.
ao fato de ser ele o único candidato que
poderia estabilizar a nossa moeda e combater a inflação.
99. Dos personagens abaixo o único
que sofre uma mudança (reabilitação parcial) é:
a) Aristides Junqueira d) Ricupero
b) Parreira e) Berlusconi
c) Maurício Correa
100. A anistia a que se refere a
frase "e termina com o Congresso brasileiro querendo se
auto-anistiar" se relaciona, particularmente, com o seguinte fato:
a.
a corrupção dos chamados "anões do
Orçamento".
b.
a ausência freqüente às sessões do Senado e da
Câmara de muitos senadores e deputados.
c.
a não-votação do orçamento para o ano de 1995,
em tempo hábil.
d.
a recusa de votar o aumento do salário-mínimo.
e.
a utilização da gráfica do Senado para fins
eleitorais.
101. O acontecimento que
justificou o autor do artigo apresentar Aristides Junqueira "como o
exemplo de trapalhão" foi a seguinte:
a) a acusação - julgada inconsistente -
contra o ex-presidente Collor.
b) a participação no escândalo do
Orçamento.
c) a conivência com as
"trapalhadas" de Maurício Correa.
d) a autoria do anteprojeto da anistia de
Humberto Lucena.
e) a participação involuntária nas crises
do Congresso Nacional.
(TRE-ES) Texto para as questões 102 a
107:
GENTE HUMILDE
Tem certos dias em que eu penso em minha
gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar.
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem
contar.
São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como alegria que não tem onde encostar.
E aí me dá uma tristeza no meio peito
Feito um despeito de eu não ter como
lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha
gente
É gente humilde - que vontade de chorar.
(Garoto, Vinícius de Morais e Chico
Buarque de Hollanda)
102. "Tem certos dias em que eu
penso em minha gente." Gramaticalmente o verbo ter não está corretamente
empregado neste verso: "Tem certos dias..." O certo seria: Há certos
dias ..... Entretanto, o autor preferiu empregar o verbo ter no lugar de haver,
pois
desconhecia a regra gramatical
queria transmitir idéia de simplicidade,
deixando-se levar pela linguagem popular
sua intenção era transmitir e não
oferecer acertos gramaticais
usou a licença poética
não valorizava muito a gramática
103. "Tem certos dias em que eu
penso em minha gente." O poeta usou a expressão "minha gente"
porque
gostava muito daquela gente
tratava-se de seus admiradores
também descendia de gente humilde e se
achava parte daquela gente
sentia muita pena daquela gente
era um rei e aquela gente lhe pertencia
104. As cadeiras nas calçadas nos
transmitem a idéia de
a) abandono
b) relaxo
c) desocupação
d) familiaridade, espírito comunitário
e) aquecimento ao sol
105. É correto a respeito do texto:
a) O poeta pensa todos os dias em sua
gente
b) Ao pensar em sua gente o poeta se
alegra
c) Apesar da falta de apoio dos mais
fortes, o povo não se deixa abater
d) O poeta crê em Deus
e) Não existe um sentimento de
solidariedade entre o poeta e a gente humilde a que se refere
106. Pode-se afirmar a respeito do texto
que:
O poeta é totalmente realizado
O poeta sente-se feliz por se identificar
com o povo simples
O poeta sente-se frustrado por sua
impotência em não poder ajudar sua gente
O poeta não se sente realizado, por ser
pobre como seu povo
O poeta não possui qualquer identificação
com o povo que descreve
107. O poeta inveja a "gente
humilde", sobretudo, por sua (dela):
a) força de vontade d) alegria
b) humildade e) honestidade
c) simplicidade
(TRE-MG) As questões 108 a 116 referem-se
ao texto abaixo. Quando das perguntas, volte ao texto sempre que necessário:
SAINDO DE COMA
Filas de doentes à espera de um médico e
pacientes agonizando em corredores de hospital aguardando um leito. Essas são
imagens correntes quando se fala em saúde pública. Em algumas cidades
brasileiras, porém, com soluções alternativas foi possível suavizar esse
quadro. Nesses lugares, o cidadão recebe em sua própria casa a visita de
médicos, os doentes mentais não são afastados do convívio familiar e recebem
salários em razão da laborterapia. Os diversos programas alternativos
desenvolvidos no País mostram que é possível oferecer qualidade nos serviços ao
mesmo tempo em que se economizam recursos públicos.
Em Campinas, no interior de São Paulo, a
prefeitura começa, em agosto, a atender em casa pacientes com Aids. Esse é o
segundo passo de um projeto de sucesso de atendimento a doentes com
dificuldades de locomoção, que há dois anos recebem periodicamente a visita de
uma equipe formada por médicos, terapeutas e enfermeiros. O Serviço de
Atendimento Domiciliar (SAD) cuida atualmente de 108 pacientes. "Não sei o
que faria sem esse serviço", avalia Irene Albuquerque, filha de Maria
Antonieta Nogueira, 98 anos, portadora do mal de Alzheimer, doença que afeta o
sistema nervoso. Maria Antonieta passa o tempo todo na cama e desenvolveu uma
enorme ferida na região lombar. Os enfermeiros do SAD fazem curativos diários
na paciente. Para manter todo o programa, a prefeitura gasta R$ 112 mil por
ano, o equivalente a 0,1% do orçamento municipal destinado à saúde.
O atendimento domiciliar também vem sendo
aplicado em Santos (SP). Lá, gestantes e recém-nascidos são beneficiados por um
trabalho preventivo de sucesso. A mortalidade infantil caiu de 33 para 22 a
cada mil nascidos, nos últimos cinco anos, graças ao Sistema de Vigilância do
Recém-Nascido de Risco. Programa semelhante foi adotado em Porto Alegre (RS),
onde todo recém-nascido que apresenta algum tipo de problema passa a receber
visitas médicas periódicas, caso a mãe não compareça ao posto de saúde nas
datas estipuladas. Na capital gaúcha, a partir deste mês, os contribuintes
poderão, por telefone, agendar dia e hora para receber a visita do doutor. Os
doentes mentais foram os primeiros a ser beneficiados com as formas
alternativas de tratar a saúde pública. A palavra de ordem é esvaziar os
sanatórios. As guias de internação emitidas pela prefeitura de Betim (MG) aos
manicômios praticamente desapareceram. Em 1992, o Hospital Galba Veloso, de
Belo Horizonte, registrava uma média de 52 dessas guias por mês. Hoje, são
apenas três. Os pacientes passam o dia em três Centros de Referência e à noite
vão para casa. Os frutos da maior convivência social dos doentes mentais são
marcantes, também em Santos. No litoral paulista, os ex-internos da Casa de
Saúde Anchieta fazem a produção e locução do Rádio Tam-Tam, um programa que vai
ao ar diariamente na Rádio Cacique. Alguns ex-internos hoje trabalham na Usina
de Reciclagem de Alemoa e recebem um salário mínimo por mês. "Essa
experiência permite uma redução de 40% nos gastos com a saúde", diz o
secretário de Higiene e Saúde de Santos, Cláudio Maierovitch.
Mas a grande novidade prevista para o
sistema de saúde pública está empacada. Trata-se do Plano de Assistência à
Saúde (PAS), do prefeito paulista Paulo Maluf. Ele quer transferir a gerência
dos hospitais e postos de saúde municipais para cooperativas médicas
licenciadas pela prefeitura. O problema é que Maluf resolveu começar o projeto
antes de ele ser aprovado pela Câmara de Vereadores. O resultado foi uma
pendenga jurídica e a paralisia do programa, que só deverá ser votado pelos
vereadores este mês. O governo estadual também patina na implantação de
políticas alternativas de saúde pública. A administração Mário Covas está
liquidando o Programa Médico de Família, implantado em 1989 pelo então
secretário de Saúde e hoje deputado federal (PMDB) José Aristodemo Pinotti.
"O Estado alugava uma casa onde o médico deveria morar e atender a 400
famílias daquele bairro", explica o deputado. Foram instaladas 20 unidades
na capital. Hoje, restam dez. O projeto foi copiado por outros Estados e chegou
a ser premiado pela ONU.
(Isto É 1348 - 2/8/95)
108. O texto focaliza:
as conseqüências da política de saúde do
governo sobre esse setor
um programa de saúde alternativo que vem
tratando dos doentes com qualidade
os desvios de verba destinada à saúde por
prefeituras do interior
um programa de revitalização dos hospitais
públicos através de compra de equipamentos
um tratamento pioneiro para pacientes que
se apresentam em estado de coma em hospitais públicos
109. Todas as afirmações abaixo, basadas
no texto, estão corretas, exceto:
Há humanização no tratamento dos doentes
mentais, por não serem privados do convívio social.
Houve redução na mortalidade infantil em
Santos, o que prova a efetividade e eficiência do programa.
Ao contrário do que se poderia imaginar,
saúde com qualidade não implica onerar os cofres públicos.
O texto fala de uma situação de saúde
pública que se opõe à encontrada na maioria das cidades do país.
Os programas têm revelado qualidade de
operação e pouca originalidade de concepção.
110. De acordo com o texto, a saúde
pública está marcada pela:
a) insuficiência d) humanização
b) praticidade e) coerência
c) incompreensão
111. São características dos diversos
programas alternativos da saúde, exceto:
a) o atendimento domiciliar
b) a permanência do doente junto à
família
c) a modernização dos hospitais
d) o esvaziamento dos manicômios
e) os gastos pouco significativos
112. Todas as passagens abaixo, extraídas
do texto, referem-se a um mesmo quadro, exceto:
"A mortalidade infantil caiu de 33
para 22 a cada mil nascidos."
"Não sei o que faria sem esse
serviço."
"os ex-internos (...) fazem a
produção e a locução do Rádio Tam-Tam."
"Maria Antonieta passa o tempo todo
na cama e desenvolveu enorme ferida."
Alguns ex-internos trabalham hoje na
Usina de Reciclagem de Alemoa."
113. No trecho "... a prefeitura
começa, em agosto, a atender em casa pacientes com Aids", o texto mostra
que:
os hospitais não têm estrutura para
atender os aidéticos
o sistema de saúde não se responsabiliza
pelo tratamento dos aidéticos
os aidéticos terão acesso a um
atendimento de qualidade através do programa alternativo
a discriminação contra aidéticos chega ao
ponto de não se permitir que saiam de casa
a prefeitura de Campinas se preocupa em
não contaminar os hospitais com o vírus da Aids
114. No programa adotado em Porto Alegre,
observa-se que:
é dada assistência a todos os
recém-nascidos
a queda da mortalidade infantil passou de
33 para 22 a cada mil nascidos
a mãe é obrigada a comparecer aos postos
de saúde municipais
todos os recém-nascidos recebem visitas
médicas periódicas
a assistência é dada, mesmo sem que a mãe
obedeça aos prazos
115. Aponte a passagem que não realça os
benefícios obtidos pelos doentes mentais com o programa alternativo:
"... os doentes mentais não são
afastados do convívio familiar"
"A palavra de ordem é esvaziar os
sanatórios"
"... os contribuintes poderão, por
telefone, agendar dia e hora para receber a visita do doutor"
"Os pacientes passam o dia em três
centros de referência e à noite vão para casa"
"Alguns ex-internos hoje trabalham
na Usina de Reciclagem de Alemoa"
116. Em relação ao seu autor, o Programa
Médico de Família, revela, hoje:
a) injustiça d) desonra
b) favorecimento e) punição
c) reconhecimento
(LICEU) O texto abaixo refere-se às
questões 117 a 120:
A Quinta História
Esta história poderia chamar-se "As
Estátuas". Outro nome possível é: "O Assassinato". E também
"Como Matar Baratas". Farei então pelo menos três histórias,
verdadeiras porque nenhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e
uma, se mil e uma noites me dessem.
A
primeira, "Como Matar Baratas", começa assim: queixei-me de baratas.
Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a receita de como matá-las. Que
misturasse em partes iguais açúcar, farinha e gesso. A farinha e o açúcar as
atrairiam, o gesso esturricaria o de-dentro delas. Assim fiz. Morreram.
A outra história é a primeira mesmo e
chama-se "O Assassinato". Começa assim: queixei-me de baratas. Uma
senhora ouviu-me. Segue-se a receita. E então entra o assassinato. A verdade é
que só em abstrato me havia queixado de baratas, que nem minhas eram:
pertenciam ao andar térreo e escalavam os canos do edifício até o nosso lar. Só
na hora de preparar a mistura é que elas se tornaram minhas também. Em nosso
nome, então, comecei a medir e pesar ingredientes numa concentração um pouco
mais intensa. Um vago rancor me tomara, um senso de ultraje. De dia as baratas
eram invisíveis e ninguém acreditaria no mal secreto que roía casa tão
tranqüila. Mas se elas, como os males secretos, dormiam de dia, ali estava eu e
preparar-lhes o veneno da noite. Meticulosa, ardente, eu aviava o elixir da
longa morte. Um medo excitado e meu próprio mal secreto me guiavam. Agora eu só
queria gelidamente uma coisa: matar cada barata que existe. Baratas sobem pelos
cantos enquanto a gente dorme, cansada, sonha. E eis que a receita estava
pronta, tão branca. Como para baratas espertas como eu, espalhei habilmente o
pó que este mais parecia fazer parte da natureza. De minha cama, no silêncio do
apartamento, eu as imaginava subindo uma a uma até a área de serviço onde o
escuro dormia, só uma toalha alerta no varal. Acordei horas depois em
sobressalto de atraso. Já era de madrugada. Atravessei a cozinha. No chão da
área estavam elas, duras, grandes. Durante a noite eu matara. Em nosso nome,
amanhecia. No morro um galo cantou.
A terceira história que ora se inicia é a
das "Estátuas". Começa dizendo que eu me queixara de baratas. Depois
vem a mesma senhora. Vai indo até o ponto em que, de madrugada, acordo e ainda
sonolenta atravesso a cozinha. Mais sonolenta que eu está a área na sua
perspectiva de ladrilhos. E na escuridão da aurora, um arroxeado que distancia
tudo, distingo a meus pés sombras e brancuras: dezenas de estátuas se espalham
rígidas. As baratas que haviam endurecido de dentro para fora. Algumas de
barriga para cima. Outras no meio de um gesto que não se completaria jamais. Na
boca de umas um pouco de comida branca. Sou a primeira testemunha do alvorecer
de Pompéia. Sei como foi esta última noite. Sei da orgia do escuro. Em algumas
o gesso terá endurecido tão lentamente como num processo vital, e elas, com
movimentos cada vez mais penosos, terão sofregamente intensificado as alegrias
da noite, tentando fugir de dentro de si mesmas. Até que de pedra se tornam, em
espanto de inocência, e como tal, tal olhar de censura magoada. Outras -
subitamente assaltadas pelo próprio âmago, sem nem sequer ter tido a intuição
de um molde interno que se petrificava! - essas de súbito se cristalizam, assim
como a palavra é cortada da boca: eu te...
Elas que, usando o nome de amor em vão,
na noite de verão cantavam. Enquanto aquela ali, a de antena marrom suja de
branco terá adivinhado tarde demais que se mumificara exatamente por não ter
sabido usar as coisas com a graça gratuita do em vão: "é que olhei demais
para dentro de mim" é que olhei demais para dentro de..." - de minha
fria altura de gente olho a derrocada de um mundo. Amanhece. Uma ou outra
antena de barata morta freme seca à brisa. Da história anterior canta o galo.
A quarta narrativa inaugura nova era no
lar. Começa como se sabe: queixei-me de baratas. Vai até o momento em que vejo
os monumentos de gesso. Mortas, sim. Mas olho para os canos, por onde esta
mesma noite renovar-se-á uma nova população lenta e viva em fila indiana. Eu
iria então renovar todas as noites o açúcar letal? como quem já não dorme sem a
avidez de um rito. E todas as madrugadas me conduziria sonâmbula até o
pavilhão? no vício de ir ao encontro das estátuas que minha noite suada erguia.
Estremeci de mau prazer à visão daquela vida dupla de feiticeira. E estremeci
também ao aviso do gesso que seca: o vício de viver que rebentaria meu molde
interno. Áspero instante de escolha entre dois caminhos que, pensava eu, se
dizem adeus, e certa de que qualquer escolha seria do sacrifício: eu ou minha
alma. Escolhi. E hoje ostento secretamente no coração uma placa de virtude:
"Esta casa foi dedetizada".
A quinta história chama-se "Leibnitz
e a Transcendência do Amor na Polinésia". Começa assim: queixei-me de
baratas. (Clarice Lispector)
117. No trecho "Farei então pelo
menos três histórias, verdadeiras porque nenhuma delas mentem a outra. Embora
uma única, seriam mil e uma, se mil e uma noite me dessem.", o narrador:
apresenta sua história como quadros que,
embora formem uma unidade, podem se multiplicar infinitamente
conta histórias que não mentem uma a
outras, pois de estruturam na sua experiência cotidiana
compara seu texto à história das
"Mil e uma Noites", somente em um processo de gradação dos fatos
lamenta o fato de não ter mil e uma
noites para desenvolver sua história, pois não lhe deram tempo suficiente
afirma que irá escrever três histórias.
No entanto, ao longo do texto, cinco histórias são apresentadas. Isso denota
uma falta de coerência entre a introdução e o desenvolvimento do conto
118. De acordo com o texto, o narrador,
ao contar a história:
coloca-se como observador dos fatos,
conferindo uma superficialidade na análise da personagem
participa dos fatos, portanto personagem
e observador, conferindo uma visão parcial da realidade presente no texto
é, ao mesmo tempo, personagem e
observador, pois relata fatos seqüenciais dos quais foi participante
é onisciente, personagem e, a partir da
sua experiência do cotidiano, relata os fatos de maneira detalhista e profunda
é personagem, mas passa a ser também
observador ao relatar a multiplicidade de histórias dentro de uma mesma
história
119. A partir da leitura do texto,
pode-se afirmar que:
o assunto é banal, pois se restringe a
contar o cotidiano de uma personagem envolvida com os problemas do extermínio
de baratas
através de um assunto trivial, o conto
busca mostrar a banalidade da existência humana de uma maneira trágica,
principalmente na quarta narrativa
a primeira história, "Como Matar
Baratas", confirma a banalidade do conto, pois se resume a um receituário
sobre como eliminá-las
o conto distancia-se de sua temática
principal para remeter a um fato real, pois, através de um processo metafórico,
compara a morte das baratas ao trágico destino das pessoas de Pompéia, o que é
irrelevante ao contexto da história
percebemos, no conto, um processo
ritualístico, repetitivo - adquirido através de um fluxo psicológico - o que
acarreta uma narrativa lenta e monótona, só dinamizada na primeira história
120. Observa-se a partir do final "A
quinta história chama-se ‘Leibnitz e a Transcendência do Amor na Polinésia’.
Começa assim: queixei-me de baratas", que:
a) a constante repetição da frase
"queixei-me de baratas" torna o final inesperado e inconsistente,
pois o narrador não concluiu a história
b) o título escolhido, que centra a
história na Polinésia, mostra que o problema do extermínio de baratas
encontra-se no mundo inteiro
c) o responsável pela quinta história é o
leitor, uma vez que o narrador já não tem mais nada a dizer
d) há um processo cíclico, visto que
inexiste uma conclusão convencional percebida através da retomada constante da
frase "queixei-me de baratas"
e) inexiste uma conclusão convencional,
pois, sendo uma narrativa moderna, já é esperado um final abrupto e
desconectado com o restante da história
121. (LICEU) "Os horrores por que
passa uma pessoa dependente da ingestão diária de alguma droga são
inenarráveis. Vão-se, nesta ordem, emprego, família, auto-estima, os cuidados
com o próprio corpo e, por fim, a vida. Alguns ainda conseguem se reerguer, com
muito sacrifício, e abandonar o vício. São, porém, uma pequena minoria.
As estratégias usuais de combate às
drogas - leia-se, a repressão - vêm-se mostrando infrutíferas diante da
crescente ousadia e sofisticação dos barões da droga. Os EUA chegam a gastar
anualmente bilhões de dólares na repressão ao tráfico. Os resultados deixam a
desejar. Pesquisas indicam que o número de viciados não decresce e que os
norte-americanos estão tendo seu primeiro contato com as drogas cada vez mais
jovens". (Folha de São Paulo, 30 de julho de 1995) Nesse trecho, a postura
do autor, em relação aos temas, é:
contrária ao combate repressor às drogas,
pois há um aparato ousado e sofisticado, usado pelos traficantes, que o governo
não consegue acompanhar
contrária ao combate às drogas, pois são
gastos bilhões de dólares na repressão ao tráfico
contrária ao combate às drogas, pois não
adianta reprimir os jovens que buscam cada vez mais a primeira experiência
favorável ao combate às drogas, apesar de
lamentar que só uma pequena minoria consiga desvencilhar-se do vício
favorável ao combate às drogas, apesar
das estratégias atuais mostrarem-se infrutíferas.
(TRE-RJ) Texto para as questões 122 a
129:
A SOCIOLOGIA DO JEITO
(...)
(1) O jeito não é uma instituição legal
nem ilegal, é "paralegal".
(...)
(2) Em primeiro lugar, essa instituição
viceja assaz nos países latinos e é quase desconhecida nos anglo-saxões, porque
naqueles perduraram por mais tempo hábitos feudais, quer nas relações
jurídicas, quer nas econômicas. O feudalismo é um sistema de profunda
desigualdade jurídica, em que a lei a rigor só é aplicável ao servo e aos
vassalos, porém extremamente flexível para o barão e o suserano. Estes se
governam por relações voluntarísticas; aqueles por fórmulas impositivas.
(3) Na Inglaterra, graças ao precoce
desenvolvimento de sua burguesia mercantil, que se afirmou contra o Rei e os
nobres, estabelecendo formas jurídicas de validade mais universal, feneceu
muito antes que na Europa Latina o molde feudal.
(4) Isso cerceou barbaramente as
possibilidades de florescimento da instituição "paralegal" do jeito,
a qual pressupõe, evidentemente, como diria Orwell, que todos os animais sejam
em princípio iguais perante a lei, conquanto alguns sejam mais iguais que
outros. Ou, como praticam, entre nós, os mineiros e os gaúchos: "Para os
amigos tudo, para os indiferentes nada, para os inimigos a lei!"
(5) A segunda explicação sociológica
reside na diferença de atitudes entre latinos e anglo-saxões, no tocante às
relações entre a lei e o fato social. Para o empiricismo jurídico anglo-saxão,
a lei é muito menos uma construção lógica que uma cristalização de costumes. Ao
contrário do Direito Civil, a "Common Law" (1) é uma coletânea de
casos e precedentes, antes que um sistema apriorístico e formal de relações.
(6) Até mesmo na Lex Magna - a
Constituição - prevalece essa diferença de atitudes. A Constituição inglesa,
por exemplo, nunca foi escrita e a americana se cinge a três admiráveis
páginas. Já as Constituições de tipo latino são miudamente norminativas e
regulamentares. Com isso nos arriscamos, quase sempre, a um descompasso em
relação ao fato social, o que nos leva ora à solução elegante e proveitosa
(para os juristas) da mudança da Constituição, ora a interregnos deselegantes
de ditaduras inconstitucionais.
(7) As conseqüências sociológicas dessa
díspar atitude - de um lado a tradição interpretável, do outro o preceito
incontroverso - são profundas. No caso anglo-saxão, a lei pode ser obedecida,
porque ordinariamente apenas codifica o costume corrente. Torna-se menos
provável a ocorrência de grave tensão institucional por desadaptação da norma legal
ao comportamento aceito. Não há grande necessidade de se dar um jeito, pois que
a lei raramente é inexeqüível; nos casos em que é violada, é possível
configurar-se, então, a existência de dolo ou crime praticado por pequena
minoria social.
(8) Dentro do formalismo jurídico latino,
freqüentemente o descumprimento da lei é uma condição de sobrevivência do
indivíduo, e de preservação do corpo social sem inordinato atrito. Como dizia
um meu criado português: "Esta lei não pegou, senhor doutor." Pois, audiant
omnes (2), há leis que "pegam" e leis que não "pegam".
Estas, ordinariamente, são construções teóricas que não nasceram do costume e
que às vezes transplantam formas jurídicas importadas de além-mar, sem
relevância para as possibilidades econômicas de nosso ambiente. Textos fora de
contexto.
(9) Resta saber se não há uma terceira
explicação, em termos de atitudes religiosas. No catolicismo, rígido é o dogma,
e a regra moral, intolerante. No protestantismo, complacente é a doutrina, e a
moral, utilitária. Há menos beleza e também menos angústia.
(10) É bem verdade que numa visão mais
comprida da história e do tempo, o catolicismo tem revelado surpreendente
plasticidade para se adaptar à evolução dos povos e instituições. A curto
prazo, entretanto, pode gerar intolerável tensão institucional, que não fora a
válvula de escape do jeito, arriscaria perturbar o funcionamento da sociedade.
(11) Já o protestantismo nasceu sob o
signo revisionista. Elidiu-se praticamente a doutrina revelada ab alto (3), e
quando as necessidades institucionais criam a ameaça de uma generalização do
pecado, é muito mais fácil o protestantismo entortar as normas éticas. Assim,
quando as exigências de um emergente capitalismo mercantil impuseram a
organização de um mercado financeiro, Calvino fez da cobrança de juros um
esporte legítimo, lançando às urtigas o preconceito aristotélico de que o
dinheiro é estéril e o belo arrazoado aquiniano de ser o juro ilegítimo porque
implica em cobrar o tempo, coisa que pertence a Deus e não aos homens. Ante a
revolução trazida pelas grandes descobertas marítimas e a necessidade de
acumulação para financiar investimentos na exploração comercial e industrial,
os puritanos passaram a enxergar a opulência como manifestação exterior da
bênção divina e não um desvario cúpido. E quando os mórmons se viram frente ao
problema de povoar um deserto, não hesitaram em sancionar a poligamia. Ainda
hoje, desaparecida a questão do povoamento acelerado, e proibida a bigamia
simultânea, permanece legal a poligamia sucessiva, através do divórcio.
(12) Procurou-se evitar a tensão social
mediante uma frontal modificação das normas éticas, ao invés de recorrer-se ao
instituto do jeito.
(13) Não se tome a disquisição acima,
entretanto, como uma justificação indiscriminada e licenciosa do jeito. Assim
como há rua e rua, há jeito e jeito; em muitos casos não passa ele de molecagem
de inadaptados sociais que ao invés de jeitosos são rematados facínoras.
(14) Mas forçoso é reconhecer que há
raízes sociológicas mais profundas; e que, se amputada essa instituição
"paralegal", dado o irrealismo de nossas formulações legais, a tensão
social poderia levar-nos a duas extremas posições: a da sociedade paralítica,
por obediente, e da sociedade explosiva, pelo descompasso entre a lei, o
costume e o fato.
(15) Daí, irmãos, a essencialidade do
jeito.
(1) "Common Law" - denominação
genérica dos fundamentos do Direito inglês
(2) audiant omnes - todos ouvem falar
(3) ab alto - do alto
(Roberto Campos, A sociologia do jeito.
Senhor, Rio de Janeiro, n. 7, p. 28-9, jul. 1960.)
122. Das expressões abaixo, aquelas que
não se referem no texto a aspectos, respectivamente, da tradição latina e
anglo-saxônica são:
"fórmulas impositivas"/
"relações voluntarísticas" (§2)
"construção lógica" /
"cristalização de costumes" (§5)
"sistema apriorístico e formal de
relações" / "coletânea de casos e precedentes" (§5)
"preceito incontroverso" /
"tradição interpretável" (§7)
"moral, intolerante" /
"moral, utilitária" (§9)
123. Dentre os fatores abaixo, aquele que
não cerceou o florescimento do jeito nos países anglo-saxões foi:
a) o precoce desenvolvimento de uma
burguesia mercantil
b) a codificação dos costumes correntes
em normas jurídicas
c) o estabelecimento de formas jurídicas
de validade mais universal
d) a grande necessidade da lei ser
obedecida, mesmo sendo raramente inexeqüível
e) a menor duração dos hábitos feudais,
quer nas relações jurídicas, quer nas econômicas
124. Dos pares abaixo, aquele que pode
ilustrar a "díspar atitude" referida pelo autor no parágrafo 7 é:
solução elegante das mudanças
constitucionais / interregnos deselegantes de ditaduras inconstitucionais
desadaptação da norma legal / lei
inexeqüível
tensão inconstitucional /
inexeqüibilidade da lei
Constituição inglesas / Constituição
americana
"Common Law" / Direito Civil
125. A atitude de Calvino, citada no
parágrafo 11, não pode servir de exemplo para a seguinte passagem do texto:
"a lei é muito menos uma construção
lógica que uma cristalização de costumes" (§5)
"a lei pode ser obedecida, porque
ordinariamente apenas codifica o costume corrente" (§7)
"No protestantismo, complacente é a
doutrina, e a mora, utilitária" (§9)
"pode gerar intolerável tensão
inconstitucional, que não fora a válvula de escape do jeito, arriscaria
perturbar o funcionamento da sociedade" (§10)
"Procurou-se evitar a tensão social
mediante uma frontal modificação das normas éticas" (§12)
126. A função do parágrafo 13, em relação
ao pensamento exposto nos anteriores, é:
a) concluir d) contradizer
b) explicar e) exemplificar
c) ressalvar
127. As expressões "relações
voluntarísticas" e "fórmulas impositivas (§2) dizem respeito,
respectivamente, a:
a) países latinos / países anglo-saxões
b) barões e vassalos / servos e suseranos
c) barões e suseranos / servos e vassalos
d) relações jurídicas / relações
econômicas
e) países desenvolvidos / países
subdesenvolvidos
128. Na visão do autor, a instituição do
jeito favorece:
a transformação das leis em construções
teóricas
adoção de uma doutrina complacente e de
uma moral utilitária
a implantação de normas jurídicas
importadas, em desacordo com a nossa realidade econômica
a preservação do corpo social, tendo em
vista o descompasso entre o fato social e a rigidez normativa das leis
a adaptação da norma legal ao
comportamento aceito, de modo a tornar mais improvável a ocorrência de grave
tensão institucional
129. O objetivo principal do texto é:
expor os motivos pelos quais o jeito se
institucionalizou no Brasil
analisar as conseqüências da
institucionalização do jeito no Brasil
provar a erradicação do jeito é
fundamental para o desenvolvimento do Brasil
enumerar as principais decorrências de
ter o jeito se institucionalizado no Brasil
propor a reformulação do sistema jurídico
para possibilitar a erradicação do jeito no Brasil
(TRE-RO) Texto para as questões 130 a
132:
João Soares estava com a razão: política
só se ganha com muito dinheiro. A começar pelo alistamento, que é trabalhoso e
caro: tem-se de ir atrás de eleitor por eleitor, convencê-los a se alistarem, e
ensinar tudo, até a copiar o requerimento. Cabo de enxada engrossa as mãos - e
o sedenho das rédeas, o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e
lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a
sol, nos campos e nos currais. E quem perdeu tempo com leitura e escrita, em
menino, acaba logo esquecendo-se do pouco que aprendeu. Ler o quê? Escrever o
quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí, e o título de eleitor rende a
estima do patrão, a gente vira pessoa. Acontece, também, que Pé-de-Meia não
quer saber de histórias: é cabo eleitoral alistador de gente, pago por cabeça,
e tem de mostrar serviço. Primeiro, a conversa pacienciosa, amaciando o
terreno; a luta, depois: "- Minha vista anda que é uma barbaridade. E de
uns tempos para cá, apanhei uma tremedeira que a mão não me pára mais quieta...
"O novato sua, desiste:" - Vai não, Pé-de-Meia." Mas o cabo é
jeitoso: não força, não insiste - espera. Tempo só de passar a gastura que a
caneta sempre dá no principiante. Tão fácil... - o requerimento já está pronto,
rascunhado no papel almaço a lápis fininho, macio de apagar: "João
Francisco de Oliveira, abaixo assinado, brasileiro, residente ... "Qual
... minha vista não presta mesmo mais não. Besteira teimar ... "Pé-de-Meia
não deixa afrouxar o embalo: "- Me dá licença, seu João." E pega no
mãozão cascudo, pesado tal um caminhão de tora. Vai choferando a bicha, para
cima e para baixo, caminhando com ela por sobre o papel; o rastro fica:
primeiro, a foice espigada do jota; depois, a laçada bamba do ó; em seguida,
mais duas voltas grandes, repassadas e atreladas uma à outra. Aos poucos João
Francisco aprende a relaxar a mão, descobre que não carece de fazer tanta
força, já não molha de suor o papel. Animal bom de sela, agora, maneiro de
queixo e ligeiro de rédea, a mão passeia pela dúzia e tanto dos trechos
alinhados, um sob o outro, no comprido requerimento.
Quando o caboclo é ruim de ensino,
Pé-de-meia é quem enche todo o papel, borrando-o de propósito, errando de
velhaco, completando um perfeito e indiscutível requerimento de eleitor da
roça. Mas, quando o cujo é jeitoso de moda do João Francisco, Pé-de-Meia
prefere carregar-lhe a mão durante o serviço todo - do "Exmo. Sr. Doutor
Juiz de Direito" até o "P.D." que precede a assinatura (...)
"- Pois está ficando um serviço de gente, Seu João. O senhor até que tem
jeito - um letraço!
(Mário Palmério - Vila dos Confins -
Adaptado)
130. O texto põe em evidência a(s):
a) obrigatoriedade do voto
b) elegibilidade do voto
c) preparação do eleitor
d) resistência do eleitor ao processo
eleitoral
e) sanções estabelecidas pela justiça
eleitoral
131. A remuneração do cabo eleitoral
depende da(o):
a) sua produtividade no trabalho
b) vitória do candidato
c) generosidade do eleito
d) capacidade de aprendizagem do caboclo
e) prestígio político do candidato
132. (...) "borrando-o de propósito,
errando de velhaco" (l. 28). O objetivo de Pé-de-Meia era:
a) invalidar de vez o requerimento
b) forjar a autenticidade do documento
c) menosprezar a capacidade do eleitor
d) dificultar o alistamento do eleitor
e) facilitar a identificação do documento
133. (FUVEST) "O Ministério da
Fazenda descobriu uma nova esperteza no Instituto de Resseguros do Brasil. O
Instituto alardeou um lucro no primeiro semestre de 3,1 bilhões de cruzeiros,
que esconde na verdade um prejuízo de 2 bi. Brasil, Cuba e Costa Rica são os
três únicos países cujas empresas de resseguros são estatais.( Veja, 1/9/93,
pág. 31)
Conclui-se do texto que seu autor:
acredita que a esperteza do Instituto de
Resseguros gerou lucro e não prejuízo.
dá como certo que o prejuízo do Instituto
é maior do que o lucro alardeado.
julga que o Instituto de Resseguros agiu
de boa fé.
dá a entender que é contrário ao fato de
o Instituto de Resseguros ser estatal.
tem informação de que em Cuba e na Costa
Rica os Institutos de Resseguros camuflam seus prejuízos.
(FUVEST) O texto abaixo refere-se às
questões de números 134 a 136:
GOLS DE COCURUTO
O melhor momento do futebol para um
tático é o minuto de silêncio. É quando os times ficam perfilados, cada jogador
com as mãos nas costas mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema
- e parados. Então o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro negro e
pensar no futebol como alguma coisa lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo
e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo
imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista. O futebol
brasileiro já teve grandes estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do
jogo. O Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o jogo numa mesa de
botão. Da entrada em campo até a troca das camisetas, incluindo o minuto de
silêncio. Foi um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma reputação no campo
à altura da sua reputação de vestiário. Falava um jogo e o time jogava outro. O
problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram mais inteligentes do
que seus jogadores.
(L.F. Veríssimo. O Estado de São Paulo,
23/08/93)
134. A tese que o autor defende é a de
que, em futebol:
a) o planejamento tático está sujeito à
interferência do acaso.
b) a lógica rege as jogadas.
c) a inteligência dos jogadores é que
decide o jogo.
d) os momentos iniciais decidem como será
o jogo.
e) a dinâmica do jogo depende do
planejamento que o técnico faz.
135. No texto, a comparação do campo com
um quadro negro aponta:
a) o pessimismo do tático em relação ao
futuro do jogo.
b) um recurso utilizado no vestiário.
c) a visão do jogo como movimento
contínuo.
d) o recurso didático preferido pelo
técnico Tim.
e) um meio de pensar o jogo como algo
previsível.
136. As expressões que retomam, no texto,
o segmento "o melhor momento do futebol" são:
a) os times ficam perfilados - aí
b) é quando - então
c) aí - os jogadores se movimentam
d) o tático pode olhar o campo - aí
e) é quando - começa o jogo
(FUVEST) Texto para as questões de 137 e
138:
Além de parecer não ter rotação, a Terra
parece também estar imóvel no meio dos céus. Ptolomeu dá argumentos
astronômicos para tentar mostrar isso. Para entender esses argumentos, é
necessário lembrar que, na antigüidade, imaginava-se que todas as estrelas (mas
não os planetas) estavam distribuídas sobre uma superfície esférica, cujo raio
não parecia ser muito superior a distância da Terra aos planetas. Suponhamos
agora que a Terra esteja no centro da esfera das estrelas. Nesse caso, o céu
visível à noite deve abranger, de cada vez, exatamente a metade da esfera das
estrelas. E assim parece realmente ocorrer: em qualquer noite, de horizonte a
horizonte, é possível contemplar, a cada instante, a metade do zodíaco.
Se, no entanto, a Terra estivesse longe
do centro da esfera solar, então o campo de visão à noite não seria, em geral,
a metade da esfera: algumas vezes poderíamos ver mais da metade, outras vezes
poderíamos ver menos da metade do zodíaco, de horizonte a horizonte. Portanto,
a evidência astronômica parece indicar que a Terra está no centro da esfera de
estrelas. E se ela está sempre nesse centro, ela não se move em relação às
estrelas.
(Roberto de A. Martins, Introdução geral
ao Commentariolus de Nicolau Copérnico)
137. O terceiro período ("Para entender
esses... da Terra aos planetas") representa, no texto:
a) o principal argumento de Ptolomeu.
b) o pressuposto da teoria de Ptolomeu.
c) a base para as teorias posteriores de
Ptolomeu.
d) a hipótese suficiente para Ptolomeu retomar
as teorias anteriores.
e) o fundamento para o desmentido da
teoria de Ptolomeu.
138. Expressões, que no texto, denunciam
subjetividade na apresentação dos fatos são:
a) parece também estar imóvel - dá
argumentos - é necessário lembrar
b) é necessário lembrar - imaginava-se -
suponhamos
c) imaginava-se - esteja - deve abranger
d) tentar mostrar - suponhamos - parece
realmente ocorrer
e) parece realmente ocorrer - é possível
contemplar - não se move
(TRE-RJ) Texto para as questões 139 a
143:
VELHOS VÍCIOS
Está anunciada para hoje na Câmara a
votação de mais uma Lei Eleitoral. Ainda não é a definitiva, mas outra parte
para atender à conveniências do casuísmo político que o autoritarismo
exacerbou. Além do retrocesso, o que se prenuncia como disposição de espírito é
assustador. Entre outras barbaridades, fala-se em garantir o anonimato dos
doadores de dinheiro para a campanha eleitoral. Reconhecimento legal da
corrupção, claro. No primeiro semestre, ninguém acreditaria que a representação
política se sentisse mal na eficiência que conquistou com a aprovação das
emendas constitucionais e se lançasse de volta aos braços da imagem
desacreditada. Deve ter sido por distração.
Tudo que se sabe a respeito da Lei
Eleitoral é que as melhores intenções perderam-se no percurso legislativo da
matéria. A chegada do projeto ao plenário foi precedida de vozes que
trombeteiam exatamente o oposto do indispensável para dotar o país de normas
moralizadoras cujo coroamento seria a informatização nacional do pleito e da
apuração. Compreende-se que os velhos vícios políticos tenham arautos, mas o
estranhável é a ausência de desautorizações frontais a essas provocações.
O presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, ministro Carlos Velloso, é de opinião que a nova lei eleitoral, como
está, desacredita os políticos. Cita como exemplo deplorável a iniciativa de
transferir para os partidos políticos a indicação dos mesários, retirando da
Justiça Eleitoral que a exerce há meio século a prerrogativa de compor com
cidadãos as mesas de votação. Falar ao mesmo tempo em informatizar eleições e
deferir aos partidos a escolha dos mesários é fazer pouco dos cidadãos e da
consciência política brasileira. Indicação de partidos equivale, na comparação
do presidente do TSE, a usar cabritos para tomar conta da horta.
Não há justificativa para o retrocesso
eleitoral que ameaça, por dentro, a democracia no Brasil; nos últimos anos a
Justiça Eleitoral vem estudando o aperfeiçoamento das normas que regulam os
pleitos, com o objetivo de reduzir a margem de fraudes de difícil apuração e,
sobretudo, com mínima punição. A comissão de juristas e cientistas políticos,
com o que de melhor existe no país, preparou um levantamento completo e fez
sugestões animadoras. O Congresso recebeu o material e desconversou. Sabe-se
agora, às vésperas da votação, que foi em vão: o desejo de oficializar a
corrupção tomou conta da cena política.
Fica difícil acreditar que, depois de
tudo que se viu na última eleição (no Rio o pleito para deputado estadual e
federal foi anulado), seja considerada digna de debate a proposta para que o
dinheiro grosso circule por baixo da lei, sem que o candidato ou o doador
tenham que declarar a quantia e a procedência. Ou seja: a eleição será uma
lavagem de dinheiro da contravenção, da sonegação e do narcotráfico. Pior, em
nome da democracia, que ficaria em débito. (Editorial do Jornal do Brasil,
setembro / 1995.)
139. Segundo o texto, o ponto alto da adoção
de normas normalizadoras seria:
a) a votação de mais de uma Lei Eleitoral
b) a informatização das eleições e da
apuração
c) a indicação dos mesários de forma
aleatória
d) a participação efetiva dos partidos na
apuração
e) a aprovação de diversas emendas
constitucionais
140. De acordo com o texto, o
"ministro Carlos Velloso" (L. 15) acredita que a nova Lei se
caracteriza por:
a) ser nociva à imagem dos políticos
b) dotar o país de normas normalizadoras
c) trombetear o oposto do indispensável
d) atender às conveniências do casuísmo
político
e) extinguir a corrupção ocupada pela
cena política
141. Ao empregar, como crítica, a imagem
"usar cabritos para tomar conta da horta (L. 22), o editorial traduz, na
prática, a seguinte idéia:
a) corruptos podem reabilitar-se, desde
que incentivados
b) os políticos precisam entender melhor
os problema eleitorais
c) os homens mal-educados não podem ser
tomados como modelo
d)
os partidos políticos costumam prejudicar o que já está organizado
pessoas desonestas não devem ser
escolhidas para guarda de valores
142. Os avanços e os velhos vícios na
Legislação Eleitoral são o tema do texto. A seqüência que evidencia essa
dicotomia é:
a) democracia no Brasil / retrocesso
eleitoral
b) eficiência conquistada / imagem
desacreditada
c) normas moralizadoras / desautorizações
frontais
d) respeito à lei eleitoral /
oficialização da corrupção
informatização das eleições / deferimento
aos partidos da escolha dos mesários
143. A frase que fecha o primeiro
parágrafo do texto tem, de toda evidência, um caráter do tipo:
a) crítico e irônico d) imparcial e
reacionário
b) político e alienado e) assustador e
jornalístico
c) normativo e ferino
(TRE-MG) As questões 144 a 150 referem-se
ao texto abaixo. Quando das perguntas, volte ao texto sempre que necessário.
Encontro
Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho.
Se a noite me atribui poder de fuga,
sinto logo meu pai e nele ponho
o olhar, lendo-lhe a face ruga a ruga.
Está morto, que importa? Inda madruga
e seu rosto, nem triste nem risonho,
é o rosto antigo, o mesmo. E não enxuga
suor algum, na calma de meu sonho.
Ó meu pai arquiteto e fazendeiro!
Faz casas de silêncio, e suas roças
de cinza estão maduras, orvalhadas
por um rio que corre o tempo inteiro
e corre além do tempo, enquanto as nossas
murcham num sopro fontes represadas.
(Carlos Drummond de Andrade. Reunião. 10
livros de poesia.
Rio: José Olympio, 1971. p. 193)
144. A sugestão expressa no primeiro
verso do poema indica que o poeta e seu pai estão:
a) separados no tempo e no espaço
b) separados apenas no tempo
c) separados apenas no espaço
d) perdidos sem conseguirem encontrar-se
e)
próximos de um encontro definitivo
145. Os termos "vida" e
"morte", no texto, estão expressos nas palavras:
a) fuga e noite d) madruga e triste
b) olhar e ruga e) suor e calma
c) tempo e sonho
146. Segundo o texto, uma das
possibilidades que se pode determinar na noite, é que ela:
a) facilita a vontade de fugir
b) permite o uso da razão
c) consegue ampliar a visão da realidade
d) oferece a chance de o indivíduo
compreender-se
e) propicia o exercício da imaginação
147. Pode-se perceber que o texto trata
do poder transfigurador da poesia. O verso que expressa isso é:
a) "Está morto, que importa? Inda
madruga"
b) "e seu rosto, nem triste nem
risonho"
c) "Ó meu pai arquiteto e
fazendeiro"
d) "e corre além do tempo, enquanto
as nossas"
e) "murcham num sopro fontes
represadas"
148. De acordo com o texto, a figura do
pai está marcada pela condição de:
a) cansaço d) alegria
b) placidez e) tristeza
c) velhice
149. Em todas as partes do texto,
indicadas abaixo, há elementos suficientes para indicar as atividades que o pai
exercia, exceto:
a) "Está morto que importa? Inda
madruga"
b) "e seu rosto, nem triste nem
tristonho"
c)
"E não enxuga / suor algum, na calma de meu sonho"
d) "Ó meu pai arquiteto e
fazendeiro!"
e) "Faz casas de silêncio, e suas
roças / de cinza estão maduras"
150. A condição em que o poeta diz
encontrar seu pai pode ser caracterizada por todos os termos abaixo, exceto:
a) "casas de silêncio" d)
"rosto antigo"
b) "perdi no tempo" e)
"roças de cinza"
c) "está morto"
151. (FUVEST) De acordo com o ditado
popular "invejoso nunca medrou, nem quem perto dele morou":
a)
o invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus vizinhos.
b) enquanto o invejoso prospera, seus
vizinhos empobrecem.
c) o invejoso não cresce e não permite o
crescimento dos vizinhos.
d) o temor atinge o invejoso e também
seus vizinhos.
e) o invejoso não provoca medo em seus
vizinhos.
(FUVEST) Texto para a questão 152:
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo
não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você
prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou "esqueça"?
Ilumine-me. Mo digas. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes.
Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes- o.
- Está bem. Está bem, desculpe. Fale como
quiser.
(L.F. Veríssimo, Jornal do Brasil,
30/12/94)
O texto tem por finalidade:
satirizar a preocupação com o uso e a
colocação das formas pronominais átonas.
ilustrar ludicamente várias
possibilidades de combinação de formas pronominais.
esclarecer pelo exemplo certos fatos da
concordância de pessoa gramatical.
exemplificar a diversidade de tratamentos
que é comum na fala corrente.
valorizar a criatividade na aplicação de
uso das formas pronominais.
(FUVEST) Texto para a questão 153:
A triste verdade é que passei as férias
no calçadão do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho penosamente
perpetrado. Estou ficando cobra em calçadão, embora deva confessar que o meu
momento calçadônico mais alegre é quando, já no caminho de volta, vislumbro o
letreiro do hotel que marca a esquina da rua onde finalmente terminarei o
programa-saúde do dia. Sou, digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a
gente fica igual a carro usado, todo o dia tem uma coisa dando errado, é a
suspensão, é a embreagem, é o radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o
contrafarto do mesocárdio epidítico, a falta de sorotorpina folimolecular, é o
que mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou
acatando os conselhos. Ainda é bom para mim, digo sem muita convicção a meus
entediados botões, é bom para todos.
( João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São
Paulo, 06/08/95).
No período que se inicia em "Depois
dos 50...", o uso de termos (já existentes ou inventados) referentes a
áreas diversas têm como resultado:
um tom de melancolia, pela aproximação
entre um carro usado e um homem doente.
um efeito de ironia, pelo uso paralelo de
termos da medicina e da mecânica.
um certa confusão no espírito do leitor,
devido à apresentação de termos novos e desconhecidos.
a invenção de uma metalinguagem, pelo uso
de termos médicos em lugar de expressões corriqueiras.
a criação de uma metáfora existencial,
pela oposição entre o ser humano e objetos.
(FUVEST) Texto para as questões 154 e
155:
Eu considerei a glória de um pavão
ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo
livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há
pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta,
como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande
artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz
ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor,
oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim
existem apenas meus olhos recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias
e me faz magnífico. (Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas)
154. Nas três "considerações"
do texto, o cronista preserva, como elemento comum, a idéia de que a sensação
de esplendor:
a) ocorre de maneira súbita, acidental e
efêmera.
b) é uma reação mecânica dos nossos
sentidos estimulados.
c) decorre da predisposição de quem está
apaixonado.
d) projeta-se além dos limites físicos do
que a motivou.
e) resulta da imaginação com que alguém
se vê a si mesmo.
155. Atente para as seguintes afirmações:
O esplendor do pavão e o da obra de arte
implicam algum grau de ilusão.
O ser que ama sente refletir-se em si
mesmo um atributo do ser amado.
O aparente despojamento da obra de arte
oculta os recursos complexos de sua elaboração.
De acordo com o que o texto permite
deduzir, apenas
a) as afirmações I e III estão corretas
d) a afirmação I está correta
b) as afirmações I e II estão corretas e)
a afirmação II está correta
c) as afirmações II e III estão corretas
(FUVEST) Texto para as questões 156 e
157:
"Vivemos mais uma grave crise,
repetitiva dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A
frustração cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição
de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, para lamentar o estado de
coisas. O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a
auto-absolvição? É da história do mundo que as elites nunca introduziram
mudanças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos nos enganando se
achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam motivação
para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa
ter. Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo
empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal elite, temos
riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para meu desânimo, a soma do
faturamento das nossas mil maiores e melhores empresas, e chego a um número
menor do que o faturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a
Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos
irrelevantes como potência econômica, mas ao mesmo tempo extremamente
representativos como população."
("Discurso de Semler aos
empresários", Folha de São Paulo, 11/9/91)
156. O texto permite afirmar que:
potência mundial de peso, o Brasil está
entre as maiores economias do primeiro mundo.
economicamente, o Brasil não tem relevo
como potência de primeira ordem.
as dificuldades do Brasil são
conjunturais e se devem especialmente às pressões internacionais.
as
indústrias de ponta no Brasil estão entre as que têm mais alto faturamento
universal.
só o idealismo do empresariado brasileiro
pode reerguer nosso potencial econômico.
157. O ciclo de crises vivido pelo
Brasil, segundo o texto, constitui:
a) um componente instigante para vender
nossas dificuldades.
b) fator conhecido e repetitivo,
desimportante de nossa história.
c) algo que não passa de invenção de
pessimistas desocupados.
d) recurso eficaz para chamar a atenção
para a nossa realidade.
e) outra forma de desgaste e de consumo
de nossas energias.
(IBGE) Texto para as questões 158 a 163:
O brasileiro segundo ele mesmo
..........................................................................................................................................................
§1º O cidadão dos anos 90 está otimista,
mas muito preocupado. Essa foi uma das conclusões da pesquisa realizada em
outubro passado sobre como o brasileiro percebe a si próprio e ao país. O seu
primeiro pensamento a respeito do Brasil refere-se à fome e à miséria. Depois
vêm-lhe à cabeça a corrupção e a crise econômica. Já disseram que o brasileiro
era alienado. Agora, ele aparece como uma pessoa muito atenta.
§2º O brasileiro também já foi tachado de
mole e de atrasado. O escritor Mário de Andrade criou a figura de Macunaíma, o
"herói de nossa gente", cuja característica era a preguiça. O
escritor Monteiro Lobato deu o nome de Jeca Tatu ao caipira brasileiro. O Jeca
era um símbolo do atraso, da alienação e da ignorância. Perto do ano 2000 o
brasileiro parece ter-se livrado desses espectros pesados, o Jeca e o
Macunaíma, e faz um auto-retrato bom - até mesmo em contraste com o
estrangeiro. Além de mais alegre, hospitaleiro e carinhoso, ele se tacha também
mais inteligente e esforçado. Mas, nessa auto-avaliação, alguma coisa ficou da
moleza de Macunaíma e do atraso de Jeca Tatu. Os entrevistados não se colocam
em tão boa posição quando os termos comparativos são a modernidade e a
preguiça.
§3º Esse auto-retrato generoso não
significa que as pessoas tenham ficado pouco críticas a seu próprio respeito.
Estão críticas, e muito. Sabem que as virtudes nacionais não são coisas tão
consolidadas assim.
§4º O brasileiro também identifica pontos
mais frágeis no seu comportamento. Cita, por exemplo, o trânsito, no qual o
motorista deixa a educação de lado e se torna um selvagem que não respeita o
sinal vermelho, a conversão proibida ou a faixa de pedestres. É claro que os
entrevistados reprovam esse tipo de comportamento. No plano ético, o brasileiro
não tolera falta sem motivo ao trabalho, incômodo aos vizinhos com barulho ou o
comportamento com atraso a compromissos. No plano prático, faz tudo isso e de
noite dorme com a maior serenidade. Só que agora o brasileiro está cansado
dessa desorganização e deseja ser mais sério nesses pontos. (Ricardo Grinbaum -
trechos com adaptações, Veja, 10/01/96)
158. "...o brasileiro parece ter-se
livrado desses espectros pesados ..." (§2º). De acordo com o texto, a
expressão que substitui convenientemente "espectros pesados" é:
a) aspectos paliativos d) personagens
monstruosos
b) fantasmas sombrios e) elementos
contagiantes
c) aspectos injustificados
159. "Os entrevistados não se
colocam em tão boa posição quando os termos comparativos são a modernidade e a
preguiça." (§2º). Isso significa que, em relação aos estrangeiros, eles se
consideram:
a) mais inteligentes e esforçados
b) mais alienados e ignorantes
c) mais antiquados e menos ágeis
d) menos atrasados e mais afáveis
e) menos evoluídos e mais flexíveis
160. Sem alterar-lhe o sentido, a palavra
"alienação" (§2º) só não pode ser substituída, no texto, por:
a) alheamento d) inconsciência
b) apatia e) indiferentismo
c) desalento
161. "Sabem que as virtudes
nacionais não são coisas tão consolidadas assim." (§3º) Assinale a
afirmação do texto que expressa corretamente o sentido do trecho citado acima:
"O seu primeiro pensamento a
respeito do Brasil refere-se à fome e à miséria." (§1º)
"Agora, ele aparece como uma pessoa
muito atenta." (§1º)
"Perto do ano 2000 o brasileiro
parece ter-se livrado desses espectros pesados." (§2º)
"No plano prático, faz tudo isso e
de noite dorme com a maior serenidade." (§2º)
"Só que agora o brasileiro está
cansado dessa desorganização e deseja ser mais sério nesses pontos." (§4º)
162. O último parágrafo do texto mostra
que o brasileiro é:
a) incoerente, mas pretende tornar-se um
cidadão melhor.
b) inconsciente, pois não percebe suas
falhas.
c) incorrigível, já que nunca conseguirá
modificar-se.
d) intolerante, ao não aceitar erros seus
ou dos outros.
e)
contraditório e está satisfeito assim.
163. Marque a afirmativa que está de
acordo com as idéias expressas no texto:
Para a população, no momento, sobressaem
os aspectos negativos do país.
Atualmente, já não há mais, no povo,
vestígios de Macunaíma e Jeca Tatu.
No Brasil, as boas qualidades estão
definitivamente firmadas.
A esperança de um futuro melhor tolda a
visão crítica das pessoas.
Nem em circunstâncias adversas o
brasileiro abandona seus valores positivos.
(CEETEPS) Texto para as questões 164 a
170:
O HOMEM ENERGÉTICO
Imagine uma cidade antiga, sem energia
elétrica. Vamos passear por ela, à noite. As ruas completamente escuras. Com um
pouco de sorte, poderá haver um luar agradável, permitindo enxergar o contorno
das casas e a torre da igreja.
Na sala de uma casa qualquer, após o
jantar, um grande lampião de gasolina ilumina todo o ambiente. Produz uma luz
intensa, muito branca, por causa de uma pequena rede de titânio que envolve a
chama. Esta, aquecida, emite uma luz muito mais forte e clara que a chama
tremeluzente amarelo-avermelhada de um simples lampião de querosene ou de uma
lamparina.
Nessa sala, cada membro da família se
entrega a um passatempo favorito: tricô, vitrola de corda, jogo de cartas,
leitura. Não existe televisão, rádio, videofilmes ou outros passatempos
eletrônicos. Tampouco a enorme variedade de eletrodomésticos que substituem o
esforço físico na realização dos trabalhos de rotina.
Sem muito que fazer, dormem demasiado
cedo. A falta de luz castiga a vista; é grande o consumo de querosene, de
gasolina e de velas. Toda atividade é penosa. Durante a noite, fica acesa
apenas uma ou outra lamparina. O silêncio é completo. Não existem buzinas nem
roncos de motores acelerados. Ouve-se apenas o ruído compassado dos cascos
ferrados de cavalos batendo nas pedras do calçamento.
Parece uma cidade fictícia, mas não é. É
São Paulo do século passado. O Brasil teve sua primeira usina hidrelétrica em
1889. Em 1900, quando começaram os bondes elétricos, em São Paulo já existia
gerador a vapor. Próximo de 1930, era, preponderantemente, a gás a iluminação
das ruas. Nas casas, a eletricidade era empregada apenas para acender umas
poucas lâmpadas.
Como as locomotivas, as máquinas
industriais eram movidas, principalmente, a vapor obtido de grandes caldeiras
aquecidas pela queima de carvão inglês. De manhã, ouviam-se os apitos emitidos
pelas caldeiras das fábricas, anunciando a hora da entrada para o trabalho. À tarde,
os acendedores de lampiões, funcionários públicos, acendiam os postes de
iluminação da cidade.
Para uma pessoa nascida no final deste
século, é difícil sequer imaginar a vida na cidade sem eletricidade. Quase não
se vê uma casa, modesta que seja, sem ter sobre o telhado, uma arborescente
antena de televisão e, na cozinha, pelo menos um liquidificador. É o progresso,
dizemos. Sem energia, não há civilização, não há desenvolvimento!
O controle de várias formas de energia
deu ao homem um enorme poder sobre a natureza - de construir ou destruir. O
progresso dos últimos cem anos foi superior ao que aconteceu nos cinqüenta
séculos da conhecida história da humanidade.
Esse progresso mecânico, porém, baseados
apenas no domínio da energia, pode ser sempre considerado benéfico à espécie
humana? Foi o resultado do real aumento da inteligência ou da capacidade de
compreensão humana? Não poderá o emprego das diversas fontes de energia, em
larga escala, gerar algum prejuízo, alguma conseqüência negativa para a própria
natureza?
(Adaptado de BRANCO, Samuel Murgel.
Energia e Meio Ambiente. São Paulo. Moderna, 1991, Coleção Polêmica)
164. De acordo com o texto, pode-se
afirmar que:
a) o progresso só traz conseqüências
benéficas à humanidade.
b) a tecnologia, ao lado bem, pode trazer
o mal.
c) o homem possui inteligência para
somente produzir o bem.
d) as técnicas humanas nem sempre são bem
entendidas por todos.
e) jamais o homem, usando a eletricidade,
proporcionará apenas o bem.
165. O texto afirma que:
com o progresso, a cidade de São Paulo,
não mais viveu na escuridão.
uma cidade sem eletricidade não
proporciona o conforto de hoje.
um paulistano de hoje, nem imagina sua
cidade sem eletricidade.
a energia elétrica resolveu todos os
problemas dos paulistanos.
as fontes de energia são a salvação do
homem de hoje.
166. Pelo texto, pode-se concluir,
unicamente, com certeza, que:
a) a história da humanidade é conhecida
há pelo menos 5000 anos.
b) a eletricidade apenas foi conhecida no
final do século XX.
c) o homem não consegue viver sem as
fontes de energia elétrica.
d) sem energia elétrica, não há progresso
humano.
e) as antenas de TV indicam progresso em
benefício da humanidade.
167. Na antiga cidade de São Paulo, antes
da chegada da energia elétrica, vivia-se, segundo o texto:
a) com mais intensidade familiar, no
ambiente doméstico.
b) com problemas de visão, decorrentes da
falta de luminosidade.
c) sem ilusão e fantasia, porque não
havia videofilmes.
d) sem fraternidades, porque cada família
se fechava em si mesma.
e) com problemas de comunicação, pois as
antenas eram precárias.
168. De acordo com o texto, é válido
afirmar que, na antiga São Paulo:
a) os eletrodomésticos substituíam o
esforço físico.
b) à noite, pela falta de luz elétrica,
nada se podia ver ou enxergar.
c) apenas o querosene iluminava as casas
de seus habitantes.
d) a luz proveniente da queima do
querosene era a mais forte de todas.
e) por não existir muita atividade à
noite, dormiam cedo.
169. Os bondes elétricos começaram a
transitar em São Paulo:
a) na terceira década deste século.
b) no ano em que surgiu, em São Paulo, a
primeira usina hidrelétrica.
c) no ano em que foi descoberta a energia
elétrica.
d) após a iluminação das ruas com a
energia elétrica.
e) no último ano do século XIX.
170. De acordo com o autor, com o
controle de várias formas de energia, o homem sentiu-se de posse de enorme
poder que permite:
a) dominar o mundo.
b) propiciar a toda humanidade mais
conforto e progresso.
c) iluminar as cidades e mover as
fábricas e veículos.
d) construir e destruir.
e) atuar na sociedade, diminuindo a
distância entre as classes.
(ETF-SP) As questões de números 171 e 172
referem-se ao texto abaixo. Leia-o com atenção:
QUEM SÃO ELES
A Funai encontra índios isolados em
Rondônia.
Foi um encontro emocionante, daquele tipo
que faz pensar em tribos perdidas e filmes de Indiana Jones, embora as dúvidas
que levante não tenham nada do romantismo fácil do cinema. Uma expedição liderada
pelo sertanista Marcelo Santos, da Fundação Nacional do Índio, deparou na
semana passada, em plena selva de Rondônia, com um casal que talvez pertença a
um grupo indígena desconhecido. Ainda não se sabe se os índios encontrados pela
Funai pertencem mesmo a uma nova etnia ou são apenas um ramo de uma tribo já
identificada. "Vamos estudar sua língua e costumes e compará-los com os de
outros grupos para saber quem são", diz Marcelo. O que se sabe sobre eles
é que estavam isolados - o que, no jargão indigenista, indica um grupo sem
contato freqüente com os brancos. O casal vive em terras de fazendas
particulares perto de Corumbiara, cidade a cerca de 800 quilômetros da capital,
Porto Velho.
Há dez anos Marcelo ouve histórias da
existência de índios desconhecidos na região. Na mesma semana em que aconteceu
a chacina dos sem-terra em Corumbiara, chegou a seus ouvidos que índios também
teriam sido mortos. O sertanista resolveu agir rápido e, como não tinha
autorização dos fazendeiros para passar por suas terras, entrou na mata por um
caminho alternativo. A expedição de cinco pessoas andou cerca de 10 quilômetros
a pé, seguindo sinais deixados pelos índios, até achá-los, no dia seguinte.
Como os índios carregavam arcos e flechas, foram evitados gestos bruscos. Aos
poucos acabaram estabelecendo um tipo de comunicação por meio de sinais e
sorrisos, e até trocaram presentes. O casal de índios levou-os a sua aldeia,
que estava deserta, onde ofereceu frutas aos convidados. Em troca, os dois
ficaram com o relógio de Marcelo e uma fita com sacos para armazenamento de
sementes e colares com enfeites de plástico, de grande efeito visual,
especialmente quando combinados com saiote de palha. (Revista Veja de 13/9/95)
171. De acordo com o texto, podemos
afirmar que:
A Funai encontrou uma tribo indígena
completamente desconhecida.
o encontro com os índios desconhecidos se
deu exatamente como nos filmes de Indiana Jones.
talvez a Funai tenha encontrado uma tribo
indígena completamente desconhecida.
o encontro com os índios era na verdade,
uma cena de filme.
foi um encontro, sem sombras de dúvidas,
de cinema.
172. Em relação ao mesmo texto, só não é
correto afirmar que:
foi fácil comunicarem-se, pois o
sertanista já conhecia a língua dos índios.
a comunicação através de gestos e
sorrisos foi suficiente para se entenderem inicialmente.
houve cuidado, por parte da expedição,
com os gestos feitos para se comunicarem com os índios.
as vestimentas dos índios também
comunicaram alguma coisa à expedição.
marcas deixadas pelos índios serviram
como informação para a expedição.
(TTN) Nas questões 173 e 174, marque a
opção que não completa, de forma lógica e gramaticalmente coesa, o trecho
fornecido:
173. Até o ano 2.000 a espécie humana
terá aumentado cerca de 270 por cento em relação a 1.900. Todo dia, 220 mil
bebês vêm ao mundo, Apesar disso a:
a proliferação humana é a maior ameaça ao
ambiente do planeta.
o aumento da concentração de dióxido de
carbono na atmosfera não tem atingido índices preocupantes.
o ritmo de crescimento da população
mundial está diminuindo.
poucos países têm adotado o planejamento
familiar.
não há motivo para se temer uma escassez
de alimentos.
174. Todo ano, nessa época, São Paulo
festeja o Santo Genaro, padroeiro dos napolitanos. A rua São Genaro é pequena e
apresenta riscos para os freqüentadores das atividades. Em virtude disso:
as barracas ficarão espalhadas pelas
calçadas adjacentes.
a assessoria da prefeitura entrou em
entendimentos com a comunidade de bairro visando à transferência do local.
recomenda-se aos pais que a presença de
crianças na festa não ultrapasse as 21 horas.
Os festeiros definiram, para este ano, a
realização dos festejos na Rua San Genaro.
A comunidade napolitana solicita seja
indicado local alternativo para as festividades.
175. (TTN) Marque a única seqüência que,
ao completar o trecho abaixo, atenda às exigências de coerência, adequação
semântica e formulação de argumentos: "O uso que se faz das madeiras
nobres é outra prova de insensatez, agravando o desmatamento indiscriminado, em
si mesmo uma aberração. Ocorre que, na ânsia de promover o aumento da nossa
receita cambial,"
os empresários do setor madeireiro
alinham-se aos ecologistas contra a extinção das madeiras nobres.
deixa-se de exportar essa madeira, para
usá-la na indústria de marcenaria nacional.
dificulta-se a exportação justamente para
os países que mais remuneram essa madeira.
a indústria tem preferido desenvolver os
projetos que exigem grande consumo de madeiras nobres.
facilita-se a exportação dessa madeira,
em toras, o que é desvantajoso financeiramente, em relação à madeira elaborada.
176. (TTN) Leia:
"Esforçando-se pela apropriação e
conhecimento do universo, o homem encontra sempre embaraços e dificuldades de
toda ordem, sendo a própria fraqueza, em face da soberania inalterável da
natureza, e sua necessidade de luta, frente à complexidade dos fatos do
cotidiano, as maiores destas dificuldades." (Álvaro Lins - Fragmentado)
Marque a opção que expressa,
coerentemente, as idéias do texto:
O esforço do homem pela apropriação e
conhecimento do universo resulta sempre de embaraços e dificuldades de toda
ordem, em face da fraqueza humana em alterar a soberania da natureza e em
minimizar a complexidade dos acontecimentos do dia-a-dia.
A necessidade de luta diante da
complexidade dos fatos do cotidiano e a fraqueza humana em face da soberania
adulterável da natureza encontram no homem impedimentos e dificuldades que
motivam o seu esforço pela apropriação e conhecimento do universo.
O conhecimento e a apropriação do
universo fazem com que o homem encontre sempre embaraços e dificuldades de toda
ordem nos fatos do cotidiano, sendo as maiores dificuldades aquelas provocadas
pelo esforço e fraqueza humana em face da alteração da soberania da natureza.
A posse e o conhecimento do universo
fazem com que o homem se esforce em lutar contra a própria fraqueza de alterar
a soberania da natureza, resultando disto impedimentos e dificuldades de toda
ordem encontrados por ele no cotidiano.
A fraqueza humana, diante da imutável
supremacia da natureza, e a necessidade de luta, em face da complexidade dos
acontecimentos do dia-a-dia, constituem as maiores dificuldades e obstáculos
com que o homem depara, ao esforçar-se pela posse e conhecimento do universo.
177. (TTN) Leia:
"Não poderão ser consideradas, para
os fins do disposto no parágrafo terceiro, a doença degenerativa, a inerente a
grupo etário e a que não acarreta incapacidade para o trabalho." (Lei
6.367 - Acidentes do Trabalho).
Assinale a afirmativa falsa em relação ao
texto:
A palavra "etário" significa
"algo relativo à idade".
A palavra "inerente" significa
"alheio a alguma coisa ou pessoa".
A palavra "degenerativa"
significa "que faz perder as qualidades ou características
primitivas".
A expressão "incapacidade para o
trabalho" foi usada para generalizar impossibilidade física ou mental.
A expressão "para os fins do
disposto no parágrafo terceiro" significa "para finalidade explicitada
no parágrafo terceiro".
178. (TTN) Leia com atenção o seguimento
abaixo para responder a questão:
As relações dos cidadãos com os
dirigentes se pautaram, ao longo dos séculos, pelo assistencialismo e a
subserviência. Os indivíduos nunca participaram de nada. E isso faz com que
nosso espírito de mobilização seja mínimo e o de organização, caótico. Mais
difícil mesmo que reunir as pessoas é conseguir ordenar, sistematizar a sua
participação. A verborragia dissipa a capacidade de ação. E é crítica a nossa
capacidade crítica; não fomos formados para a análise desapaixonada de fato ou
situações; por isso mesmo, nossas opiniões são tão fluidas e nossas posições,
tão personalistas.
(Do texto "Brasil: meio
milênio", de Roberto B. Piscitelli, em Humanidades, nº 15, 87/88)
Marque o item que não completa
corretamente a sentença abaixo, de acordo com o que se depreende do trecho
lido. A dificuldade de arregimentação e de organização participativa dos
cidadãos deve-se ao fato de:
nas reuniões, as pessoas falarem muitas
coisas sem relevância para o que se está discutindo.
ao longo dos séculos, o povo ter sido
excluído das decisões dos dirigentes.
no momento da ação, à vontade dos
indivíduos sobrepor-se o interesse coletivo.
historicamente, a classe dirigente ter-se
colocado como provedora dos seus subordinados.
a eles, faltar a capacidade de análise
crítica e objetiva.
179. (TTN) Assinale a ordem em que os
fragmentos abaixo devem ser dispostos para se obter um texto com coesão,
coerência e correta progressão de idéias. (Trechos adaptados de Veja,
15/09/93).
Cada vez mais, surgem grupos de pessoas e
entidades interessadas em recolher alimentos e distribuí-los aos 32 milhões de
brasileiros que passam fome.
É o que demonstra a Campanha contra a
Fome, lançada e incentivada pelo sociólogo Herbert de Souza.
Consideradas as coisas sob outro prisma,
constata-se que os brasileiros não estão entregues ao imobilismo e à apatia.
Na visão dominante, o Brasil, por todos
os seus problemas, é considerado um país viável.
Agir contra a miséria é uma atitude nobre
e generosa, que demonstra quanto o cidadão pode e quer fazer para melhorar a
situação do Brasil.
a) 1 - 2 - 5 - 4 - 3 d) 5 - 3 - 2 - 3 - 4
b) 4 - 2 - 1 - 3 - 5 e) 5 - 1 - 3 - 2 - 4
c) 4 - 3 - 2 - 1 - 5
180. (TTN) Leia:
De acordo com dados internacionais, o
Brasil, que é a oitava economia mundial, apresenta-se no sexagésimo quarto
posto em indicadores sociais, nos quais os índices de saúde têm peso
fundamental. Assim, a idéia do Brasil Grande traz embutido também o tamanho de
seus problemas sociais e, em especial, os de saúde, afastando qualquer hipótese
de ufanismo e obrigando a uma profunda reflexão sobre a iniqüidade em que vive
a maioria da população.
É bem verdade que a mortalidade infantil
baixou nos últimos anos, estando ao redor dos setenta óbitos para cada mil
crianças nascidas vivas. No entanto, isso não revela as imensas disparidades
regionais, onde esses valores variam de vinte e cinco a quase duzentos,
aproximando polarmente o país de outros em extremos de desenvolvimento e de
atraso.
Em termos de América do Sul, apenas a
Bolívia e o Paraguai apresentam valores piores que o Brasil.
... Outro indicador dramático é a
esperança de vida ao nascer. Se a chance média de viver de um habitante da
região Sul é de sessenta anos, a de um nordestino é de apenas quarenta e cinco.
A par dessas indignas e inaceitáveis
diferenças regionais e sociais, outras questões ainda afligem os brasileiros.
Sem que as doenças infecciosas tenham saído das primeiras causas de morte, já
lhes fazem companhia doenças cardiovasculares, os cânceres e os acidentes. Isto
é, além de ser campeão nas chamadas "doenças da pobreza", o Brasil já
disputa espaço entre os países com elevados índices de doenças consideradas
"do desenvolvimento", da urbanização. (Eleutério Rodriguez Neto,
"O lucro perverso da doença", publicado em Humanidades, nº 15,
87/88).
Aponte o item que apresenta afirmação
falsa em relação ao correto entendimento do texto:
Existe uma situação de desigualdade
social no Brasil que penaliza a maior parte da população
As estatísticas de saúde no Brasil, são
compatíveis com a posição que o país ocupa, segundo dados internacionais, na
economia mundial
A dimensão grandiosa dos problemas
brasileiros na área de saúde inibe qualquer sentimento ou atitude de jactância
O adjetivo da expressão "Brasil
Grande" é aplicável à mensuração dos problemas de saúde que cabe ao país
solucionar
A idéia de que existem "dois Brasis,
um desenvolvido e outro subdesenvolvido" encontra comprovação nas taxas de
mortalidade infantil encontradas ao longo do país
(TTN) As questões 181 a 183 têm apoio no
seguinte texto, adaptado de a Folha de São Paulo, de 24/4/94:
A arte brasileira dos anos 60 começa com
um movimento aparentemente conservador. A volta à figura depois do domínio dos
abstratos na década de 50. Mas estava ali a senha para uma revolução. A pop
arte não incorpora só os símbolos do consumo, tirados da propaganda, dos
quadrinhos e das placas de trânsito. Tenta incorporar os objetos do mundo.
E o mundo não se reduz a quadros, esculturas
e gravuras - suporte tradicional da arte.
181. Assinale o trecho que corresponde a
uma conclusão coerente com a idéia central do texto:
Além disso, a reação à arte abstrata
busca pintar imagens do inconsciente.
Assim, a arte brasileira dos anos 60
termina com a instalação da "Tropicália".
Dessa maneira, participação é a palavra
chave para se entender a pop arte.
Enfim, a revolução da linguagem artística
dessa década não é nem conservadora nem inovadora.
Começa, a partir daí, uma explosão de
nova linguagem nas artes.
182. Interprete com (F) Falsas ou (V)
Verdadeiras as seguintes afirmações a respeito do texto: a seguir, assinale a
seqüência correta:
( ) A pop arte dos anos 60 rompeu com o
suporte tradicional da arte.
( ) Os abstratos da década de 50 cederam
lugar às figuras na década
de 60.
( ) Os anos 60 revelaram-se conservadores
em relação à arte dos
anos 50.
a) V V V d) F V V
b) V V F e) F V F
c) V F F
183. Entre as seguintes afirmações de
causa e conseqüência, assinale a única que não corresponde às idéias do texto:
A arte brasileira dos anos 60 começa com
um movimento aparentemente conservador porque volta à figura depois do domínio
dos abstratos.
A pop arte faz uso de símbolos do
consumo, tirados das propagandas, dos quadrinhos e das placas de trânsito,
porque tenta incorporar os objetos do mundo.
Na arte brasileira que dominou os anos 60
estava a senha para uma revolução porque os objetos do mundo passaram a ser
encarados como objetos de arte.
A arte brasileira dos anos 60 não é um
movimento conservador porque a volta à figura foi a senha para uma revolução na
linguagem artística.
O mundo não se reduz a quadros,
esculturas e gravuras porque o movimento dos anos 60, a pop arte, os utiliza
com suporte tradicional.
184. (AFTN) A revista Veja entrevistou um
endocrinologista e sobre ele afirmou: "... acostumou-se a tratar de todo
tipo de moléstia metabólica, desde disfunções hormonais até o diabetes - sem
jamais ter perfilado entre aqueles que consideram um grama de peso na
consciência". (27/09/89, p.5) Marque a declaração desse médico que segue a
mesma direção argumentativa do trecho sublinhado:
"Mas a culpa da manipulação também é
do próprio obeso, que quer resolver seus problemas através de fórmulas
instantâneas."
"O gordo é explorado por uma
indústria que reúne médicos, indústrias farmacêuticas, institutos de beleza e
autores de livros sobre dietas."
"Os carboidratos têm a vantagem de
ser uma alternativa mais saudável na dieta que as gorduras e proteínas."
"A neurose das dietas está
transformando em pecado o prazer de comer uma refeição saborosa."
"Essa história de ter de comer em
determinados horários quando se faz dieta é bastante questionável.
Teoricamente, o ideal é que a pessoa coma várias vezes ao dia."
185. (AFTN) Marque a alternativa que
reproduz o mesmo significado do segmento sublinhado no texto abaixo:
"Universalizando o particular pelo
apagamento das diferenças e contradições, a ideologia ganha coerência e força
porque é um discurso lacunar que não pode ser preenchido. Em outras palavras, a
coerência ideológica não é obtida malgrado as lacunas, mas, pelo contrário,
graças a elas." (M. Chauí)
não obstante a presença de lacunas, mas,
ao contrário, graças a elas, a coerência ideológica não é obtida.
obtém-se a coerência ideológica a
despeito do discurso lacunar, e não, ao contrário, graças às suas lacunas.
a coerência ideológica é obtida não
obstante as lacunas, mas, ao contrário, graças às suas diferenças e
contradições.
malgrado as lacunas, mas, ao contrário,
graças a elas, obtém-se a coerência ideológica.
obtém-se a coerência ideológica não a
despeito das lacunas, mas devido a sua própria existência.
(AFTN) Considere o fragmento abaixo para
as questões 186 e 187:
"Um dos mais respeitados colégios
particulares da cidade de São Paulo está fechando suas portas por causa da
briga crônica entre pais de alunos e donos de escolas em torno das mensalidades
escolares." (Veja, 27/09/89, p. 114)
186. Assinale a alternativa que contém
uma conseqüência do fato relatado:
Duas escolas se prontificaram a admitir
os alunos da escola extinta. Uma delas está contratando boa parte de seu corpo
docente.
A interferência do governo na fixação dos
índices de reajuste das mensalidades escolares é conseqüência do
"lobby" bem sucedido dos proprietários de escolas privadas junto ao
MEC.
O triste desfecho desse fato é
emblemático da situação da educação brasileira.
Dois meses depois que o governo federal
liberou os preços das mensalidades escolares, a Justiça de São Paulo decidiu
que os reajustes voltam a ser controlados, não podendo exceder os índices
mensais de inflação.
O Sindicato dos Professores de São Paulo
realizou um levantamento segundo o qual esta é a escola que melhor remunera os
professores.
187. Assinale o trecho que constitui uma
premissa do fato relatado:
As escolas que pagam salários baixos a
seus professores e funcionários são as que mais dão lucros.
Para manter a qualidade do ensino
requerida pela sociedade, as escolas privadas estão incrementando convênios com
empresas e indústrias.
O ensino privado custa caro e tende a
ficar mais caro com as necessidades tecnológicas impostas a cada dia pela
moderna educação.
No vácuo criado pela ausência do Estado
no ensino secundário proliferam as escolas privadas.
Como decorrência do crescimento
populacional urbano, existe, hoje, nas grandes metrópoles, um grande déficit de
salas de aula.
188. (AFTN) Indique o item em que o par
de sentenças não apresenta erro de sentido:
"O despreparo do aluno,
principalmente na parte de emissão de mensagens escritas, fez com que as
autoridades educacionais decretassem a inclusão da redação no Vestibular."
(E.T. Silva) / As autoridades educacionais instituíram nos exames vestibulares
a prova de redação devido à falta de preparo do aluno mormente no tocante à
produção literária.
"Quem diz cópia pensa nalgum
original, que tem a precedência, está noutra parte, e do qual a primeira é o
reflexo inferior." (R. Schivarz) / Falar em cópia implica tomar algo como
primeiro, que antecede, que está alhures, cujo original é o reflexo inferior.
"Os estóicos constroem, afinal,
aquela teoria da significação que vinha sendo preparada desde Platão e
confirmam a tradição grega da reeminência do significado." (M. H. M.
Neves) / Preparada desde a época de Platão, a teoria da significação é
construída, igualmente pelos estóicos, que assim corroboram a tradição helênica
da primazia do significado.
"As estórias ‘abertas’ - isto é,
incompletas ou com um final a escolher - têm forma do problema fantástico: a
partir de certos dados, decide-se sobre sua combinação resolutiva." (G.
Rodari) / As estórias que não apresentam o fechamento de um fim explícito, ou
que trazem várias possibilidades de finalização, têm a forma do problema
fantástico, no qual se chega à resolução pela combinação de certos dados.
"Inventar estórias com os brinquedos
é quase natural, é uma coisa que vem por si nas brincadeiras com as crianças: a
estória não é senão um prolongamento, um desenvolvimento, uma alegre explosão
do brinquedo." (G. Rodari) / Quando brincam, é comum, quase natural, as
crianças inventarem estórias com os brinquedos - a estória passa a ser uma
extensão, um prolongamento, um alegre transbordar do brinquedo.
189. (AFTN) Indique o único item que
serve como argumento favorável à defesa da legalização da pena de morte no
Brasil:
A incapacidade de um ser humano julgar o
outro com isenção de ânimo.
O sistema carcerário encontra-se privado
das condições necessárias capazes de promover a reabilitação para a plena
convivência social.
A irreparabilidade do erro judiciário.
O sensacionalismo da mídia ao expor o
sentimento dos familiares e amigos do réu diante da consumação da pena.
Os estados americanos que legalizaram a
pena de morte apresentaram um recrudescimento no número de crimes violentos.
190. (AFTN) Indique o único segmento que
serve como argumento contrário à defesa da manutenção do ensino superior
gratuito no Brasil. (Com base em texto de Roberto Leal Lobo e Silva Filho):
Há um princípio de justiça social segundo
o qual o pagamento por bens e serviços deve se fazer desigualmente, conforme as
desigualdades de ganho.
A Europa Ocidental considera investimento
a formação de quadros de nível superior.
Nos EUA, a maior parte do orçamento das
melhores universidades é composta por doações, convênios com empresas ou órgãos
federais, fundos privados, cursos de atualização profissional.
Nos EUA, o montante arrecadado pelas
universidades de seus estudantes, a título de taxas escolares, não chega ao
percentual de 20% de seu orçamento global.
No Brasil, país com renda per capital de
aproximadamente US$ 2 mil, uma taxa escolar de US$ 13 mil / ano por aluno,
conforme estimativa do Banco Mundial, é quantia astronômica.
191. (AFTN) Marque o item que representa
uma ilustração confirmatória da tese postulada no seguinte texto: "Pode-se
afirmar que a distribuição injusta de bens culturais, principalmente nas formas
valorizadas de falar, é paralela à distribuição iníqua de bens materiais e de
oportunidades." (S.M. Bortoni)
Prova disso são os modernos shopping
centers, cujo espaço foi arquitetonicamente projetado para permitir a
convivência da empregada e da madame, do porteiro e do ministro, enfim, de
ricos e pobres.
Temos na diversidade dos programas de
televisão um exemplo de que diferença outrora marcante entre cultura de elite e
cultura popular hoje está reduzida a uma mera questão de grau.
A iniqüidade na distribuição de bens
culturais no Brasil encontra demonstração inequívoca na oposição que ainda
hodiernamente se faz entre casa-grande e senzala.
Demonstra este fato o esforço que fazem
dirigentes políticos e sindicais provenientes das camadas baixas da sociedade
para dominar a variedade padrão da Língua Portuguesa.
Os chamados "meninos de rua",
menores abandonados e meninas prostituídas testemunham, no Brasil da
modernidade, a falência das elites em dividir o bolo da economia.
192. (AFTN) Marque, entre as opções
propostas, aquela que não contém, ainda que parcialmente, as mesmas idéias
expressas no texto abaixo:
"A reificação do escravo produzia-se
objetiva e subjetivamente. Por um lado, tornava-se uma peça cuja necessidade
social era criada e regulada pelo mecanismo econômico de produção. Por outro
lado, o escravo auto-representava-se e era representado pelos homens livres
como um ser incapaz de ação autonômica." (F.H. Cardoso. Capitalismo e
Escravidão no Brasil Meridional, Rio, Paz e Terra, 1977)
"Do ponto de vista jurídico é óbvio
que, no sul como no resto do país, o escravo era uma coisa, sujeita ao poder e
à propriedade de outrem...".
"... o escravo não encontra a
condição de pessoa humana objetivada no respeito e nas expectativas formadas em
torno de si pelos homens livres, pelos senhores".
"A liberdade desejada e impossível
apresentava-se, pois, como mera necessidade subjetiva da afirmação, que não
encontrava condições para realizar-se concretamente".
"... o escravo se apresentava,
enquanto ser humano tornado coisa, como alguém que, embora fosse capaz de
empreender ações com "sentido", pois eram ações humanas, exprimia, na
própria consciência e nos atos que praticava, orientações sociais impostas
pelos senhores".
"... a consciência do escravo apenas
registrava e espelhava, passivamente, os significados sociais que lhe eram
impostos".
193. (AFTN) Marque a opção que não
constitui paráfrase do segmento abaixo:
"O abolicionismo, que logrou pôr fim
à escravidão nas Antilhas Britânicas, teve peso ponderável na política
anti-negreira dos governos britânicos durante a primeira metade do século
passado. Mas tiveram peso também os interesses capitalistas, comerciais e
industriais, que desejavam expandir o mercado ultramarino de produtos
industriais e viam na inevitável miséria do trabalhador escravo um obstáculo
para este desiderato." (P. Singer. A formação da classe operária, São
Paulo, Atual, 1988, p. 44)
Na primeira metade do século passado, a
despeito da forte pressão do mercado ultramarino em criar consumidores
potenciais para seus produtos industriais, foi o movimento abolicionista um
motor que pôs cobro à miséria do trabalhador escravo.
A política antinegreira da Grã-Bretanha
na primeira metade do século passado foi fortemente influenciada não só pelo
ideário abolicionista como também pela pressão das necessidades comerciais e
industriais emergentes.
Os interesses capitalistas que buscavam
ampliar o mercado para seus produtos industriais tiveram peso considerável na
formulação da política antinegreira inglesa; mas, teve-o também a consciência
liberal anti-escravista.
Teve peso considerável na política
antinegreira britânica, o abolicionismo. Mas as forças de mercado tiveram
também peso pois precisavam dispor de consumidores para seus produtos.
Ocorreu uma combinação de idealismo e
interesses materiais, na primeira metade do século na formulação da política
britânica de posição à escravidão negreira.
194. (AFTN) Leia:
Nas origens, a magia é inseparável da
religião. Não se pode conceber uma sem a outra e torna-se difícil mesmo
cindi-las. O sacerdote primitivo é ao mesmo tempo o mago, o advinho, o
homem-medicina. Mas, se a religião é a crença em entidades extra-humanas,
implicando uma atitude em face dessas divindades, a magia torna-se um fenômeno
social comportando atos especiais que visam à sujeição dessas forças. "O
ato religioso, diz Maxwell, é uma prece, o ato mágico é a expressão de uma
vontade." Ora essa vontade se dirige aos seres sobrenaturais, e é o ritual
mágico propriamente dito, ora se dirige às forças naturais e então temos as
ciências ocultas. A primeira forma de magia, que Maxwell chama sobrenatural ou
evocatória, confunde-se, entre os povos primitivos, com o próprio ritual
religioso. Todas as formas elevadas ou degradadas do espiritualismo decorrem da
magia evocatória. É o que descrevemos nos cultos de procedência banto e suas
transformações sociais.
Alguns povos primitivos estabelecem,
contudo, uma distinção entre o sacerdote, evocador de divindades benfazejas, e
o feiticeiro clandestino, que tem pactos com os maus espíritos e usa de
processos mágicos para malfazer ao grupo. Entre alguns povos bantos, essa
distinção é marcada. O grão-sacerdote, Ganga, ou Quimbanda, não se confunde com
o Mloge ou Meloge, o feiticeiro intruso. Todos os males advindos ao grupo -
desastres, doenças, cataclismos ... - são atribuídos ao Mloge, cuja sorte fica
dependendo da vontade do Quimbanda. Esse caráter proibido, privado, definiria
mesmo, para alguns autores, o rito mágico. Mas, em geral, magia e ritual
religioso se fusionam, com a única distinção do aspecto social da primeira, em
função do grupo. O grão-sacerdote em prece simples às suas divindades está
fazendo religião; mas se essa prece tem uma finalidade social, então se torna
magia. (Artur Ramos, com adaptações)
As seguintes teses são apresentadas no
texto, exceto:
Entre os bantos, o grão-sacerdote tem
poder decisório sobre o feiticeiro.
Nos primórdios das civilizações, magia e
religião apresentam-se como processos distintos.
O ritual mágico faz a evocação tanto dos
entes sobrenaturais quanto das formas espirituais.
A magia evocatória é primordial no
processo evolutivo das atividades espirituais.
O conceito de magia é inseparável do de
religião porque tanto um quanto outro visam à sujeição de forças naturais.
195. (AFTN) Indique o trecho da
entrevista na qual o Secretário da Receita Federal (Osíris Lopes Filho)
apresenta as informações com o máximo de objetividade, sem emitir juízos de
valor subjetivos:
"A Receita, hoje, está muito ruim em
termos de recursos humanos, porque tem muito pouca gente."
"... os funcionários se superaram e
conseguiram, numa escassez absoluta de recursos humanos, estes resultados
fantásticos de 1993".
"E o terceiro ponto, que é
importantíssimo, é a adesão da população ao combate à evasão de impostos."
"Antes da Constituição de 88, o
Ministro da Fazenda podia decretar a prisão administrativa dos sonegadores.
Após 88, estabeleceu-se que a pessoa só pode ser presa por ordem judicial ou em
flagrante."
"... aí surgiram três pré-requisitos
que considero fundamentais para o combate à evasão, num país da América Latina,
como o nosso."
(Entrevista concedida ao Jornal de
Brasília, de 16/01/94).
196. (AFTN) Indique a ordem em que os
períodos devem-se organizar no texto, de modo a preservar-lhe a coesão e
coerência:
O País não é um velho senhor desencantado
com a vida que trata de acomodar-se.
O Brasil tem memória curta.
3. É mais como um desses milhões de
jovens mal-nascidos, cujo único dote é um ego dominante e predador, que o
impele para frente e para cima, impedindo que a miséria onde nasceu e cresceu
lhe sirva de freio.
"Não me lembro", responde,
"faz muito tempo".
Lembra a personagem de Humphrey Bogart em
Casablanca, quando lhe perguntaram o que fizera na noite anterior.
Mas esta memória curta, de que políticos
e jornalistas reclamam tanto, não é, como no caso de Bogart, uma tentativa de esquecer
os lances mais penosos de seu passado, um conjunto de desilusões e perdas que
leva ao cinismo e à indiferença. (Baseado em texto de José Onofre)
a) 1, 2, 6, 5, 4, 3 d) 1, 5, 4, 6, 3, 2
b) 2, 5, 4, 6, 3, 1 e) 2, 5, 4, 1, 6, 3
c) 2, 6, 1, 3, 5, 4
197. (AFTN) Leia o trecho abaixo para
responder a esta questão:
"O mais difícil Osíris conseguiu.
Acordou uma parte da sociedade para o desmanche de um segmento segundo o qual é
razoável que uma pessoa sonegue impostos, visto que o governo é um mau
administrador. Se essa lorota fosse sincera, as pessoas doariam o dinheiro
sonegado para as obras de Madre Teresa de Calcutá. Como o embolsam, felizmente
apareceu um servidor público correndo-lhes atrás." (Veja, 26/0l/94, p. 81)
O entendimento correto para o fato
conseguido pelo Secretário da Receita Federal, Osíris Lopes Filho é:
Despertou um segmento da sociedade para a
desmontagem da lógica de que a sonegação de impostos é prática consentânea à má
administração governamental dos recursos oriundos do contribuinte.
Convenceu grande parcela de brasileiros
acerca da razoabilidade da sonegação de impostos, desde que esses valores
fossem doados a obras de caridade, reconhecidamente filantrópicas, como as de
Madre Teresa de Calcutá.
Fez com que parte significativa dos
sonegadores acordasse para a veracidade da lorota de que a sonegação pode ser
corolária da má aplicação dos recursos públicos, visto ser o governo um mau
administrador.
Alertou grande parte da sociedade para a
ilação falaciosa segundo a qual o perdão da dívida está em relação diretamente
proporcional às doações a obras filantrópicas.
Mudou a visão da sociedade brasileira
para referendar o silogismo da permissibilidade da sonegação, desde que
condicionada à doação do montante sonegado para as obras de Madre Teresa de
Calcutá.
198. (AFTN) Escolha o conjunto de
palavras que completa o texto de maneira lógica e coerente: A agricultura de
.......... (1) do Brasil tradicional distinguiu-se por uma estrutura composta
por alguns dos segmentos essenciais. A primitiva agricultura da roça aberta na
mata geralmente virgem era .......... (2) (culturas dominantes: milho,
mandioca, arroz, feijão), complementada pela criação doméstica de pequenos animais
(galinhas, porcos) e pela .......... (3) ou pousio de tipo florestal, ou seja,
com repouso do solo de longa duração, geralmente de 20 a 30 anos. Nesse período
a floresta se refaz e a roça é aberta mais adiante, num sistema de agricultura
.......... (4). (Maria Luiza Marcílio)
a) 1. subsistência; 2. monocultura; 3.
mutação; 4. itinerante
b) 1. monopólio; 2. policultura; 3.
rotatividade; 4. consorciada
c) 1. minifúndio; 2. consorciada; 3.
mudança; 4. permanente
d) 1. latifúndio; 2. monocultura; 3.
rotação; 4. permanente
e) 1. subsistência; 2. policultura; 3.
rotação; 4. itinerante
199. (UF-PR) Isso pensava-se, mas não foi
o que aconteceu. Longe de ir embora, os bois chegaram mais e em grande número.
Ganharam as estradas, descendo. Atravessaram o rio, de um lado, o córrego de
outro, convergindo sempre. Em pouco já lambiam as paredes das casas de
arrebalde, mansos, gordos, displicentes. Encheram os becos, as ruas,
desembocaram no largo. A ocupação foi rápida ... " ( A Hora dos
Ruminantes, José J. Veiga)
Trata-se de uma estranha invasão de bois
na cidadezinha de Manarairema, no romance A Hora dos Ruminantes, de José J.
Veiga. A atitude da população, diante dos sinais de chegada dos primeiros bois,
revela:
a) preocupação e temor d) previdência e
susto
b) pessimismo e aflição e) indecisão e
covardia
c) indiferença e apatia
200. (SANTA CASA) "O princípio que,
desde os tempos mais remotos de nossa colonização, norteara a criação de
riqueza no país não cessou de valer um só momento para a produção agrária. Os
portugueses buscavam extrair do solo benefícios desmedidos, sem grandes
sacrifícios. Queriam servir-se da terra não como senhores, mas como
usufrutuários, só para a desfrutarem e a deixarem destruída."
De acordo com o texto:
Porque, pouco rendosa, a atividade
agrícola foi desdenhada pelos colonizadores portugueses.
O colonizador português vinha buscar uma
riqueza que se originasse do menor trabalho possível.
Quando a terra se exauria, os colonos
buscavam paragens mais férteis para a atividade agrícola.
Os portugueses não colonizavam regiões
onde a atividade agrária se tornasse muito difícil.
A produção agrícola gerou riqueza
suficiente para todo tipo de colonizador, fosse senhor ou apenas usufrutuário
da terra.
201. (SANTA CASA) "É necessário
partir para a dimensão universal, mas levando no bico ou nas patas o grão de
terra com que alimentar o vôo." Infere-se do texto que:
As aves do céu e os animais da terra são
os verdadeiros proprietários do grandioso universo que habitamos.
O homem, em sua desmedida ambição, quer
conquistar os céus, a terra e todos os habitantes do universo.
O homem, ao atirar-se à conquista do
universo, não deve perder o senso de sua própria realidade.
Não é possível alçar vôo para dominar
outros mundos antes de resolver os problemas de seu próprio planeta.
As viagens interplanetárias oferecem ao
homem a vastidão do universo, mas dificultam-lhe a alimentação adequada a suas
necessidades.
(FGV) Com base no texto a seguir responda
às questões 202 e 203:
Tratava-se de uma orientação pedagógica
que acreditava no papel da instrução como base prévia das transformações
sociais. Ela preconizava uma educação rigorosamente leiga em classes mistas,
sem religião, com predomínio da ciência, apelando para a iniciativa do aluno e
criando para ele condições atraentes de aprendizado, com o fim de formar
cidadãos independentes não submetidos aos preconceitos. Ao mesmo tempo, Ferrer
pregava a organização sindical dos professores e a sua solidariedade com o
movimento operário, como conseqüência lógica do pressuposto segundo o qual a instrução
leiga e científica leva necessariamente a desejar a transformação da sociedade.
(Antônio Cândido, Teresina etc., Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1980)
202. Com base no texto, pode-se afirmar
que o modelo pedagógico aí defendido pretendia aliar:
a) ciência, participação do aluno e
transformação da sociedade.
b) leigos, corpo docente e sindicalização
dos discentes.
c) religião, obscurantismo e mudança
política.
d) promiscuidade, nivelamento social e
cidadania.
e) quebra dos preconceitos, identidade
operária e revolução.
203. Depreende-se do texto que:
o fim de qualquer educação é a iniciação
em assuntos sexuais em classes mistas.
o alvo de uma pedagogia revolucionária
consistiria em transformar todo aluno em operário.
o intuito desse novo sistema de ensino
era buscar conciliar o aprendizado com uma atitude favorável à mudança social.
o objetivo primeiro desse tipo de
instrução era formar quadros militantes para o movimento sindical.
a preocupação maior dessa postura
educacional voltava-se para uma ética leiga, secular e liberal, mas
anticientífica.
(FATEC) Texto para as questões 204 a 206:
.............................................................................
"Crônica tem esta vantagem: não
obriga ao paletó-e-gravata do editorialista, forçado a definir uma posição
correta diante dos grandes problemas; não exige de quem a faz o nervosismo
saltitante do repórter, responsável pela apuração do fato na hora mesma em que
ele acontece; dispensa a especialização suada em economia, finanças, política
nacional e internacional, esporte, religião e o mais que imaginar se possa. Sei
bem que existem o cronista político, o esportivo, o religioso, o econômico,
etc, mas a crônica de que estou falando é aquela que não precisa entender de
nada ao falar de tudo. Não se exige do cronista geral a informação ou os
comentários precisos que cobramos dos outros. O que lhe pedimos é uma espécie
de loucura mansa, que desenvolva determinado ponto de vista não ortodoxo e não
trivial, e desperte em nós a inclinação para o jogo da fantasia, o absurdo e a
vadiação de espírito. Claro que ele deve ser um cara confiável, ainda na
divagação. Não se compreende, ou não compreendo, cronista faccioso, que sirva a
interesse pessoal ou de grupo, porque a crônica é território livre da
imaginação, empenhada em circular entre os acontecimentos do dia, sem procurar
influir neles. Fazer mais do que isto seria pretensão descabida de sua parte.
Ele sabe que seu prazo de atuação é limitado: minutos no café da manhã ou à
espera do coletivo."
..........................................................................................................................................................
(Carlos
Drummond de Andrade - "Ciao", in Shopping News - City News)
204. Segundo o que se depreende do
texto, para Drummond a crônica poderia ser caracterizada como:
uma atividade literária em prosa, veículo
de notícias sobre fatos da atualidade.
uma atividade jornalística, isto é,
noticiário científico ou literário, apresentado em linguagem simples e
agradável.
uma atividade literária que visa menos à
especialidade e profundidade do assunto que ao entretenimento do leitor.
uma reportagem disfarçada, pois nela não
se nota "o nervosismo saltitante do repórter".
uma reportagem, embora camuflada em
atividade literária, na qual o jornalista não deve ser faccioso.
205. Segundo Drummond, não é exato
afirmar que:
A crônica (geral) deve ser fruto da
fantasia e da vadiação de espírito do cronista, embora não deva tratar de
trivialidade.
O cronista geral não é obrigado a
posicionar-se corretamente diante dos grandes problemas.
Embora haja cronistas especializados em
economia, finanças, etc., não se obriga o cronista geral à especialização em
determinado assunto.
O cronista geral não pode ser confundido
com repórter, porque este visa à apuração de fatos, enquanto aquele deve
"circular entre os acontecimentos do dia".
O cronista geral deve ser confiável,
embora não precise entender de nada, ao falar de tudo.
206. Assinale a alternativa em que ambas
as expressões não se relacionam com o modelo de crônica apresentado por
Drummond:
a) paletó-e-gravata; ponto de vista não
ortodoxo.
b) nervosismo saltitante; território
livre da imaginação.
c) prazo de atuação limitado; ponto de
vista não trivial.
d) informação ou comentário preciso;
apuração imediata do fato.
e) inclinação para o jogo da fantasia;
especialização suada.
207. (FATEC)
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é
porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o
trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas,
sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me
diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que
ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do
Brasil;
este São Benedito do velho santeiro
Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da
sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na
parede.
Mas como dói!
(Carlos Drummond de Andrade)
Após a leitura do poema acima, podemos
afirmar que:
passado e presente se contrapõem em toda
a extensão do poema: o ontem e o hoje, o lá e o aqui são matéria-prima da
saudade, cujo produto é a dor pela perda de um passado que ficou para trás e
que não volta mais.
o passado retorna constantemente à
memória do poeta, alimentado, com lembranças, o sentimento de paz e serenidade.
o poeta não continua, no presente, ligado
emocionalmente à sua cidade natal, Itabira, apesar de orgulhar-se muito dela
devido às suas riquezas naturais, como o ferro, o aço e a arte do seu povo.
as imagens do velho santeiro Alfredo
Duval são as únicas lembranças que o prendem ao passado.
o poeta expressa grande revolta por ter
perdido seus bens materiais e encontrar-se hoje na miséria.
(PUC-RJ) Texto para as questões 208 e
209:
A GRANDE AVENTURA
Experimentem sair das grandes cidades em
que moram, as tais urbs, e embicar o carro rumo a algum lugarejo distante e
perdido, onde o tempo tem outra dimensão, é um tempo rural e agrícola,
governado por chuvas, sóis, amanheceres e anoiteceres, granizo ou ventania. As
pessoas falam manso e devagar, molham de cuspe o dedo indicador para dar a
direção do vento, estudam a forma das nuvens, sabem o que quer dizer um
"rabo de galo" (que não seja coquetel), deslizando pelos céus. O hoje
é aquela leseira de bem aventurança, todas as aflições e encargos são de um
amanhã que custará muito a chegar.
Vinda de longos anos de Londres e suas
pontualidades a um Portugal ainda não entrado na CEE, tinha até uma certa graça
viver nessa nova dimensão, trazida em português castiço e camoniano que se encontrava
até nas nossas cozinhas e feiras. Tudo bom. Vassoura nova varre bem, saí
disparada certa manhã do meu quinto andar chamada pelo apito antigo do
amolador. Quanta lembrança, meu Deus! Juntei tesouras e facas e desci correndo
para encontrar a própria infância de São Paulo que me batia à porta. Até hoje
nenhuma daquelas tesouras funcionou mais e descobri, nas compras de televisão,
que um jogo delas custava menos do que me custou a "amolação".
Televisão havia só duas, ainda antes do
"satélite" ser instalado no prédio e que me dá a Europa, em várias
línguas. Quando quero acertar o relógio ligo para a "Sky New", sem
medo de errar. Às vezes atrasada de uma hora, nos horários de verão, outono, o
que seja. Poucos programas ou em um pouco farta deles, fico muito em casa,
leio, abro a tevê sem som para me fazer companhia, como a gata Chica. Tanto
livro na estante, uma janela em que sobrou um pouco de verde dos "fogos
postos" e nos dias claros, no longe horizonte azul do mar, areias do Cabo
Espichel. Neste mundo em que ninguém acredita em relógio. O que me faz lembrar,
senão o Brasil, ao menos o meu Rio de Janeiro, que participa de idêntica
filosofia existencial, a qual às vezes dói muito no pé. Pois a noção de tempo,
em terras lusas, é coisa muito especial.
Elsie Lessa, in O Globo, 25/9/95
208. "(...), tinha até certa graça
viver nessa nova dimensão, traduzida em português castiço e camoniano,
(...)". No trecho acima a autora quer dizer que:
achava cômico o português falado naquela terra,
originário de Camões
gostava de viver com mais espaço numa
terra onde se falava o português provinciano de Camões
não era bom redimensionar a vida através
da linguagem clássica e erudita
era interessante passar pela nova
experiência expressa num português clássico, à Camões
era interessante viver este novo aspecto
vertido para a língua portuguesa por autor castiço e camoniano
209. Indique o trecho que não se
relaciona com a idéia central do texto:
a) "(...) onde o tempo tem outra
dimensão, (...)"
b) "As pessoas falam manso e
devagar, (...)"
c) "Quanta lembrança, meu
Deus!"
d) "Neste mundo em que ninguém
acredita em relógio."
e) "Pois a noção de tempo, em terras
lusas, é coisa muito especial."
(UNIRIO) Texto para as questões 210 a
217:
APELO
"Amanhã faz um mês que a Senhora
está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom
chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma
semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance
no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira
vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no
chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor
deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora,
fui beber com os amigos. Uma hora da noite e eles se iam e eu ficava só, sem o
perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na
varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas
brigas por causa do tempero da salada - o meu jeito de querer bem. Acaso é
saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas
murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o
saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas
raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor". (DALTON
TREVISAN)
210. Assinale a opção que contém a frase
que justifica o título do texto:
a) "Com os dias, Senhora, o leite
primeira vez coalhou."
b) "Toda a casa era um corredor
deserto."
c) "Acaso é saudade, Senhora?"
d) "Que fim levou o
saca-rolhas?"
e) "Venha para casa, Senhora, por
favor."
211. Considerando o sentido geral do
texto, a significação de esquecido em esquecido na conversa de esquina, é:
a) não lembrado por Senhora
b) entretidos com os companheiros, na
esquina
c) afastado da sensação de ausência de
Senhora
d) absorto pela falta da mulher
e) pensativo por causa da conversa na
esquina
212. Assinale a opção que justifica a
afirmativa Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, (...):
a) A quebra da rotina traz a sensação de
liberdade.
b) A relação amorosa estabelece limites
para a liberdade de cada um.
c) A sensação de liberdade faz falta a
algumas pessoas.
d) O estranhamento causado pela ausência
do ser amado é acentuado pela rotina.
e) O novo tem um apelo encantatório, que
afasta o sentimento de ausência.
213. Dimensionando-se a questão do tempo
em Não foi ausência por uma semana, pode-se afirmar que essa ausência:
a) durou mais de um mês
b) tinha durado sempre apenas uma semana
c) começou a ser vivenciada após uma
semana
d) só foi percebida durante uma semana
e) foi notada a partir do vigésimo nono
dia
214. A marca da Senhora está
contraditoriamente impressa em fatos que correm na sua ausência. Assinale a
opção imprópria para exemplificar o que se afirma nesta questão:
"não senti falta"
"o leite primeira vez coalhou"
"a pilha de jornais ali no chão,
ninguém os guardou debaixo da escada."
"o canário ficou mudo"
"Não tenho botão na camisa"
215. O caminho do homem pela mulher agora
ausente manifestava-se através da(s):
a) falta de botão na camisa
b) bebida partilhada com os amigos
c) conversa demorada na esquina
d) presença aconchegante ao fim da
jornada
e) discussões sem importância às
refeições
216. No texto, o primeiro sinal do
sentimento da ausência da mulher é indicado pelo trecho:
a) "o batom ainda no lenço" d)
"o canário ficou mudo"
b) "a imagem de relance no
espelho" e) "eu ficava só"
c) "o leite primeira vez coalhou"
217. O penúltimo período do texto
dimensiona o papel de Senhora na família. Assim, ela pode ser definida como:
a) sublevadora d) dominadora
b) apaziguadora e) impostora
c) sofredora
218. (UE-RJ) Falei-lhe há pouco da
excentricidade de certos aumentativos. Usa-se no Ceará um gracioso e especial
diminutivo, que talvez seja empregado em outras províncias; mas com certeza se
há de generalizar, apenas se vulgarize.
Não permite certamente a rotina
etimológica aplicar o diminutivo ao verbo. Pois em minha província o povo teve
a lembrança de sujeitar o particípio presente a esta fórmula gramatical, e
criou de tal sorte uma expressão cheia de encanto.
A mãe diz do filho que acalentou ao colo:
"Está dormindinho". Que riqueza de expressão nesta frase tão simples
e concisa! O mimo e ternura do afeto materno, a delicadeza da criança e
sutileza do seu sono de passarinho, até o receio de acordá-la com uma palavra
menos doce; tudo aí está nesse diminutivo verbal.
Não faltariam, como de outras vezes tem
acontecido, críticos de orelha, que depois de medido o livro pela sua bitola,
escrevessem com importância magistral: "Este sujeito não sabe
gramática". E têm razão; gramática para eles é a artinha que aprenderam na
escola, ou por outra, uma meia dúzia de regras que se afogam nas exceções.
Nós, os escritores nacionais, se
quisermos ser entendidos do nosso povo, havemos de falar-lhes em sua língua,
com os termos ou locuções que ele entende, e que lhe traduzem os usos e sentimentos.
Não é somente no vocabulário, mas também
na sintaxe da língua, que o nosso povo exerce o seu inauferível direito de
imprimir o cunho de sua individualidade, abrasileirando o instrumento das
idéias. (José de Alencar, Posfácio de Iracema, in: Obras Completas, vol. 4, Rio
de Janeiro, J. Aguilar, 1964, pp. 965-6)
A afirmação que não corresponde ao texto
é:
O povo tem o direito de abrasileirar a
língua que recebeu dos portugueses
Os escritores brasileiros devem usar as
expressões do povo para serem entendidos
A província do Ceará é uma das regiões
criativas na produção de brasileirismos
Segundo os críticos, empregar o
diminutivo em verbos é um erro grave de gramática
Uma das críticas que se podem fazer à
gramática é a sua enorme quantidade de exceções
219. (UE-RJ) Entre os muitos méritos dos
nossos livros nem sempre figura o da pureza da linguagem. Não é raro ver
intercalados em bom estilo os solecismos da linguagem comum, defeito grave, a
que se junta o da excessiva influência da língua francesa. Este ponto é objeto
de divergência entre os nossos escritores. Divergência digo, porque, se alguns
caem naqueles defeitos por ignorância ou preguiça, outros há que os adotam por
princípio, ou antes por uma exageração de princípio.
Não há dúvidas que as línguas se aumentam
e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa
pare no século de quinhentos, é um erro igual ao de afirmar que a sua
transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. Há, portanto,
certos modos de dizer locuções novas, que de força entram no domínio do estilo
e ganham direito de cidade.
Mas se isso é um fato incontestável, e se
é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me parece aceitável a opinião
que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que destroem as leis
da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite;
e o escritor não está obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o
capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também
uma grande parte de influência a este respeito, depurando a linguagem do povo e
aperfeiçoando-lhe a razão. (Machado de Assis, Instinto de Nacionalidade. In:
Obras Completas, vol. 3, Rio de janeiro, Nova Aguilar, l973, pp. 808-9.)
Em relação ao texto a afirmativa correta
é:
A hegemonia do uso popular da língua deve
ser incorporada pelos escritores.
O equilíbrio entre o erudito e o popular
deve ser evitado por todo escritor de valor.
A influência francesa deve ser
incorporada integralmente pelos escritores brasileiros.
A dedicação do escritor deve ser,
sobretudo, valorizar as alterações morfossintáticas da língua.
O escritor, embora receba influência
popular, também influi no uso do idioma, depurando a linguagem do povo.
220. (UE-RJ) A literatura não toma o nome
da terra, toma o nome da língua: sempre assim foi desde o princípio do mundo, e
sempre há de ser enquanto ele durar. (José da Gama e Castro: Jornal do
Commercio, 29/01/1842.)
A prevalecer a opinião de Gama e Castro,
a literatura produzida no Brasil deveria tomar o seguinte nome:
a) literatura ibero-americana d)
literatura brasileira
b) literatura luso-brasileira e)
literatura universal
c) literatura portuguesa
221. (TTN) Assinale a opção que mantém o
mesmo sentido do trecho sublinhado a seguir: Uma das grandes dificuldades
operacionais encontradas em planos de estabilização, é o conflito entre
perdedores e ganhadores. Às vezes reais, outras fictícios, estes conflitos
geram confrontos e polêmicas que, com freqüência, podem pressionar os
formuladores da política de estabilização a tomar decisões erradas e, com isto,
comprometer o sucesso das estratégias antiinflacionárias.(Folha de São Paulo,
7/5/94)
O sucesso das estratégias
antiinflacionárias pode ficar comprometido se os formuladores da política de
estabilização, pressionados pelos confrontos e polêmicas decorrentes de
conflitos, tomarem decisões erradas.
Os formuladores da política de
estabilização podem tomar decisões erradas se os conflitos, gerados por
confrontos e polêmicas, os pressionarem; sucesso das estratégias
antiinflacionárias fica, com isto, comprometido.
Estes conflitos, reais ou fictícios,
geram confrontos e polêmicas que, freqüentemente, podem pressionar os
formuladores da política de estabilização a tomar decisões erradas, sem, com
isso, comprometer o sucesso das estratégias antiinflacionárias.
O sucesso das estratégias
antiinflacionárias pode ficar comprometi se, pressionados por conflitos, reais
ou fictícios, os formuladores da política de estabilização gerarem confrontos e
polêmicas ao tornarem as decisões erradas.
Os conflitos, às vezes reais, outras
fictícios, que podem pressionar os formuladores da política de estabilização a
confrontos e polêmicas, comprometem o sucesso das estratégias
antiinflacionárias, se as decisões tomadas forem erradas.
222. (TTN) Assinale a ordem em que os
fragmentos a seguir devem ser dispostos para se obter um texto com coesão,
coerência e correta progressão de idéias. (Adaptado do texto de Édson Lopes
Cardoso)
Não apenas os manuais de história, mas
todas as práticas educativas da escola são transmitidas a partir de uma visão
etnocêntrica.
O sistema educacional brasileiro ignora a
multiplicidade de etnias que habita o País.
A escola brasileira é branca não porque a
maioria dos negros está fora dela.
Deve-se incluir na justificação da evasão
escolar a violência com que se agride a dimensão étnica dos alunos negros.
Estes, se querem permanecer na escola
branca, têm de afastar de si marcas culturais e históricas.
É branca porque existe a partir de um
ponto de vista branco.
a) 1 - 2 - 3 - 6 - 5 - 4 d) 2 - 1 - 3 - 6
- 4 - 5
b) 4 - 5 - 2 - 1 - 6 - 3 e) 1 - 3 - 6 - 5
- 2 - 4
c) 2 - 1 - 3 - 5 - 4 - 6
223. (AFTN) Indique a afirmativa que
interpreta corretamente o trecho transcrito abaixo: "... esta minha a que
por aí chamam prolixidade, bem fora estaria de merecer os desprezilhos, que
nesse vocábulo me torcem o nariz. A mais copiosa das orações não é, ainda
assim, difusa, quando o assunto não comportara menos dilatado tratamento. Não
haverá prolixidade, em não havendo sobejidão; e o discurso não entra a cair no
vício de sobejo, senão quando excede a medida à matéria do seu tema. Só
principia a superabundância, onde se começa a descobrir a superfluidade".
(Ruy Barbosa)
O conceito de prolixidade, em Ruy
Barbosa, incorpora as noções de complexidade temática e seletividade do
auditório.
No trecho, Ruy Barbosa rebate as críticas
dos que lhe impõem a pecha de orador sobejo em superficialidade.
Ruy Barbosa desdenha dos vocábulos
desprezíveis por fazerem eles o discurso cair no vício do sobejo.
A caracterização de um discurso prolixo,
para Ruy, deve considerar a largueza do assunto a ser tratado.
Depreende-se do trecho que a medida da
prolixidade é inversamente proporcional à medida da sobejidão.
224. (AFTN) Indique a opção que completa
com coerência e coesão o trecho abaixo (extraído do Manifesto dos
"Pioneiros da Educação Nova"): Na hierarquia dos problemas nacionais,
nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de
caráter econômico lhe podem disputar a primazia dos planos de reconstrução
nacional. Pois, se a evolução de um país depende de suas condições econômicas,
subordina-se o problema pedagógico à
questão maior da filosofia da educação e dos fins a que devem se propor as
escolas em todos os níveis de ensino;
é impossível desenvolver as forças
econômicas ou de produção sem o preparo intensivo das forças culturais;
são elas as reais condutoras do processo
histórico de arregimentação das forças de renovação nacional;
o entrelaçamento das reformas econômicas
e educacionais constitui fator de somenos importância para o soerguimento da
cultura nacional;
às quais se associam a projetos de
reorganização do sistema educacional com vistas à renovação cultural da
sociedade brasileira.
225. (AFTN) Indique a seqüência correta
que transforma os fragmentos abaixo em um texto coeso e coerente:
Assiste-se hoje a um momento de superação
do conceito de Estado-Nação.
Novembro de 1989. Anoitece em Berlim e
milhares de pessoas se dirigem ao Muro de Berlim.
Em questão de horas, o Muro era
desfigurado, e, com ele, a ordem internacional implantada no pós-guerra.
O fenômeno tem atraído a atenção de
acadêmicas e analistas políticos de todo o mundo.
Na nova etapa histórica que se inaugurou
a partir de então, o mundo assistiu, perplexo, à desintegração da União
Soviética e da Iugoslávia.
a) 4 - 3 - 5 - 1 - 2 d) 4 - 1 - 5 - 2 - 3
b) 1 - 4 - 5 - 2 - 3 e) 2 - 3 - 4 - 1 - 5
c) 2 - 3 - 5 - 4 - 1
(FMU) Texto para as questões 226 a 230:
PETIÇÃO
§1º "Policarpo Quaresma, cidadão
brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada
ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral,
sobretudo no campo das letras, se vêem na humilhante contingência de sofrer
continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além que,
dentro do nosso país, os autores e escritores, com especialidade os gramáticos,
não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir
azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma - usando do
direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional
decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
§2º O suplicante, deixando de parte
argumentos históricos que militam em favor de sua idéia, pede vênia para
lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a
sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país
requer como complemento e conseqüência a sua emancipação idiomática.
§3º Demais, Senhores Congressistas,
língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo da
múltipla feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de
pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos
órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda
vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica para que
tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais,
oriundas de uma difícil adaptação de uma língua de outra região à nossa
organização cerebral e ao nosso aparelho vocal - controvérsias que tanto
impedem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica.
§4º Seguro de que a sabedoria dos
legisladores saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio
de que a Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. E.
deferimento." (Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)
226. Quaresma é o Emissor, o Receptor é:
a) a Câmara dos Deputados
b) a Câmara dos Vereadores
c) o Senado de Lisboa
d) os Congressistas da Assembléia
Nacional Constituinte de 1934
e) o Congresso Nacional
227. O Emissor pede no requerimento que:
o tupi-guarani seja a língua oficial e
nacional da nação brasileira
o
falar e o escrever se aperfeiçoem
autores e escritores, especialmente os
gramáticos, os quais quase nunca se entendem
se divulgue ser a língua a mais alta
manifestação da inteligência de um povo
se declare o tupi-guarani, língua originalíssima
e aglutinante
228. O juízo que Quaresma faz dos
autores, escritores e gramáticos nasce:
de uma crítica apaixonada e do
conhecimento superficial dos problemas da língua
de uma crítica absolutamente correta que
faz dos gramáticos, os quais quase nunca se entendem
da maneira correta de como interpreta os
fatos históricos
da beleza fonética do tupi-guarani,
língua original e aglutinante
do conhecimento que demonstra ter do
polissintetismo
229. "O suplicante, deixando de
parte os argumentos históricos, que militam em favor de sua idéia, pede vênia
para lembrar que a língua é mais alta manifestação da inteligência de um
povo...". Suplicante, no texto, é:
a) o receptor d) o tema
b) a mensagem e) a testemunha
c) o peticionário
230. Vênia, no texto, é:
a) veneração d) licença
b) satisfação e) manifestação
c) lembrança
RESPOSTAS
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS (respostas)
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
1 - D 40 - C 79 - C 118 - E 157 - E 196 - B
2 - E 41 - A 80 - C 119 - B 158 - B 197 - A
3 - C 42 - D 81 - E 120 - D 159 - C 198 - E
4 - A 43 - B 82 - B 121 - A 160 - C 199 - C
5 - C 44 - C 83 - C 122 - A 161 - D 200 - B
6 - E 45 - D 84 - D 123 - D 162 - A 201 - C
7 - A 46 - E 85 - E 124 - E 163 - A 202 - A
8 - D 47 - E 86 - C 125 - D 164 - B 203 - C
9 - D 48 - C 87 - E 126 - C 165 - C 204 - C
10 - A 49 - B 88 - B 127 - C 166 - A 205 - A
11 - D 50 - D 89 - B 128 - D 167 - A 206 - D
12 - B 51 - E 90 - A 129 - A 168 - E 207 - A
13 - A 52 - D 91 - B 130 - C 169 - E 208 - D
14 - D 53 - A 92 - D 131 - A 170 - D 209 - C
15 - E 54 - C 93 - E 132 - B 171 - C 210 - A
16 - C 55 - D 94 - C 133 - D 172 - A 211 - C
17 - A 56 - D 95 - C 134 - A 173 - A 212 - A
18 - B 57 - C 96 - C 135 - E 174 - D 213 - C
19 - D 58 - B 97 - C 136 - B 175 - E 214 - A
20 - A 59 - D 98 - B 137 - B 176 - E 215 - A
21 - E 60 - C 99 - D 138 - D 177 - B 216 - C
22 - D 61 - C 100 - E 139 - B 178 - C 217 - E
23 - B 62 - C 101 - A 140 - A 179 - C 218 - C
24 - C 63 - C 102 - B 141 - E 180 - B 219 - E
25 - D 64 - B 103 - C 142 - E 181 - E 220 - C
26 - A 65 - A 104 - D 143 - A 182 - B
27 - B 66 - B 105 - C 144 - A 183 - E
28 - D 67 - C 106 - C 145 - C 184 - D
29 - E 68 - A 107 - A 146 - E 185 - E
30 - C 69 - D 108 - B 147 - A 186 - A
31 - D 70 - E 109 - E 148 - B 187 - C
32 - D 71 - A 110 - A 149 - B 188 - B
33 - B 72 - A 111 - C 150 - D 189 - B
34 - E 73 - B 112 - D 151 - C 190 - A
35 - A 74 - C 113 - C 152 - A 191 - D
36 - C 75 - E 114 - E 153 - B 192 - C
37 - D 76 - E 115 - C 154 - A 193 - A
38 - E 77 - B 116 - A 155 - B 194 - E
39 - A 78 - D 117 - A 156 - B 195 - D