terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

VÍCIOS DE LINGUAGEM



    Os vícios de linguagem costumam ocorrer por  falta de conhecimento da língua ou ainda por descuido do emissor. Tais vícios comprometem a imagem de quem escreve e causam problemas de comunicação, quando a mensagem apresenta duplo sentido ou falta de clareza na exposição da mensagem. Veja:
Pleonasmo Vicioso ou Redundância
Diferentemente do pleonasmo literário, o  pleonasmo vicioso torna a frase cansativa.Veja estas expressões:
Exemplos:
Encarar de frente
Subir pra cima
Descer ora baixo
Elo de ligação
Refazer novamente
Surpresa inesperada
Conjuntivite no olho
Barbarismo
É o desvio da norma padrão da linguagem nas seguintes situações:
1) Pronúncia
a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico.
Por Exemplo: Solicitei à cliente suabrica. (rubrica); neste ínterim, ele chegou( ínterim)
b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.
Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas); minha criente ainda não chegou.
c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.

Exemplos:           
Aquela chuva de granito estragou meu carro.( granizo)
Ele manteu seu voto.( manteve )
É um previlégio estar aqui com você.( privilégio)
Sua opinião vem de encontro a minha, por isso nos damos bem.( de encontro a= contra)
O adevogado vai me defender.( advogado)
Vivemos momentos prazeirozos( prazerosos)
2) Morfologia
Exemplos:
Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)

Sou a aluna mais pequena da turma. (menor)
3) Semântica
 Exemplo:
O funcionário dilatou o colega de serviço.( delatou)
Ninguém me comprimenta mais .( cumprimenta)
4) Estrangeirismos
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário e exagerado de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua.
Exemplos: O show é hoje! (espetáculo)
Vamos tomar um drink? (drinque)
Ela venceu a prova e tempo record( recorde)

Solecismo
É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis:
1) Concordância
Por Exemplo: Haviam muitos livros sobre a mesa . (Havia)
Fazem dois anos que eu me formei.( faz)
2) Regência
Por Exemplo: Prefiro mais português do que matemática( preferir dispensa do que ou mais ou menos. Exemplo: prefiro café a leite.)
Seu comportamento implicou em confusão( implicou confusão)
3) Colocação
Por Exemplo: Não preocupe-se demais.( Não se preocupe demais – palavra negativa atrai a próclise( colocação do pronome antes  do verbo.)
Ambiguidade ou Anfibologia
Ocorre quando há duplicidade de sentido, gerando falta de clareza da frase
Exemplos:
José marcou com a namorada em sua casa.( casa de quem?)
Policiais e bandidos trocam tiros; dois deles ficam feridos.( quem? O policial ou o bandido?

Cacofonia ou cacófato
Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente.
Exemplos:
Josefina ficou como herdeira do tio.( merdeira)
Nosso hino é o mais belo( suíno).
Nunca gaste aquilo que nunca ganha.( cagaste, caganha)
Meu namorado é um ás no volante( asno)
Eco
Ocorre quando há rima na prosa.
Por Exemplo:
Vicente frequentemente está contente com a gente.
A divulgação do mensalão causou revolta na polulação.

INSPER 2011 - VÍCIOS DE LINGUAGEM

insper 2010

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dicas práticas de redação




Cinco dicas práticas de Redação 

1 - Seja claro, objetivo,  direto, use vocabulário de fácil entendimento. Prefira frases curtas  e na ordem direta( sujeito - predicado- complementos - adjuntos)e escreva períodos com no máximo 3 linhas. Esse procedimento facilita  a leitura e a compreensão do seu texto.

2 – Escreva, de preferência, textos médios e vá direto ao ponto. Textos muito longos  e “enrolados” cansam  e desmotivam o leitor.

3 – Evite repetições desnecessárias e frases desgastadas pelo uso. Isso revela pobreza vocabular e falta de assunto.

4 –  Estruture bem os parágrafos( não misture os assuntos).

5- Nunca deixe seu texto vazio de informações ou incompleto.Conclua suas ideias.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

DONA GRAMÁTICA

Você tem medo da Gramática? Não tenha. Estude-a, domine-a. Mostre que você é quem manda...

Aprecie este texto do Veríssimo.

Um abraço,
Fátima 
O Gigolô das palavras - Luís Fernando Veríssimo

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção.
A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

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FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE






Figuras de Construção ou de Sintaxe



As figuras de construção ou de sintaxe ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade à construção das frases, tornando o texto mais elegante.

Pleonasmo
Consiste na repetição de um termo ou ideia. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:
mim você não me deve nada.

Nesta oração, os termos " mim" e "me" exercem a mesma função sintática: objeto indireto. Assim, temos um pleonasmo do objeto indireto, sendo o pronome "me" classificado como objeto indireto pleonástico.

Você ainda há de chorar lágrimas de saudade.

"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)

"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)


Observação:
Quando o pleonasmo deixa de ser um recurso de ênfase, torna-se um vício de linguagem. Exemplos:
O elevador está subindo pra cima.( é possível subir pra baixo)
Precisamos refazer o trabalho tudo de novo.( o prefixo –re indica a idéia de repetição.)
Você precisa encarar o problema de frente.( dá para encarar de costas?)
 Elipse
Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração. Tais termos podem ser facilmente identificados no  contexto. Exemplos:
Todos foram de avião; eu, de carro( omissão do verbo “fui”)
Estudamos muito para a prova.( omissão do sujeito nós)
 Zeugma
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. Exemplos:
Ele gosta de moto; eu, de carro..
Na opinião dela só havia uma solução para o problema; na minha, várias. dois termos subentendidos( opinião e havia)


 Silepse
A silepse é a concordância ideológica, isto é, que se faz com o termo que não vem indicado no texto, mas sim com a ideia que ele representa. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.

 Silepse de Gênero
Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
1) A grande São Paulo  ficou inundada mais uma vez.
Nesse caso, o adjetivo grande  e inundada não estão concordando com o termo São Paulo, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de São Paulo).

2) Vossa excelência está pronto para a viagem?.
Nesse exemplo, o adjetivo pronto concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.


Silepse de Número
Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
A multidão gritava, a alegria era geral. Agitavam os lenços!
A gente costumava sentar ao pé da paineira para ouvir histórias.Gostávamos muito daquelas tardes.
Note que nos exemplos acima, os verbos agitavam e gostávamos não concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, multidão  e gente, respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Multidão e gente  representam mais de uma pessoa.
Silepse de Pessoa
Temos três  pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa embutida no sujeito.
Exemplos:
Os brasileiros não precisamos passar por mais esse vexame.

Os professores  temos orgulho de nosso trabalho.

"Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)
Observe que os verbos precisamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasileiros, professores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os professores e os cariocas).

 Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição enfática da conjunção aditiva “e”  Exemplo:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza."


 Assíndeto
 Ausência  das conjunções coordenativas, resultando no emprego de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:
Tens saúde, tens dinheiro, mas não tens paz de espírito.

"Vim, vi, venci." (Júlio César)

Anáfora
É figura de sintaxe  que usa a repetição  palavras ou expressões no início de várias frases, criando assim, um texto mais coerente.  

Exemplos:

“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”.

(Vinícius de Moraes)


"O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem." (Manuel Bandeira)


Anadiplose
Figura  que consiste na repetição de termos já dispostos num fim de frase, ou verso, no início de uma sentença seguinte.
Veja este soneto de Gregógio de Matos Guerra. Cada palavra no final do verso inicia o verso seguinte:

Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.


Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.


Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação pretendo em tais abraços,
Misericórdia, Amor, Jesus, Jesus.

(GREGÓRIO DE MATTOS)


Anacoluto
Consiste na  quebra  na estrutura sintática, deixando alguns termos desligados do resto do período. Veja o exemplo:
"A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha". (Camilo Castelo Branco)
A expressão "a velha hipocrisia"  deveria exercer a função de sujeito. No entanto, isso não ocorre  e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O sujeito é oculto (o pronome eu).
Quem se recorda?Eu.
Hipérbato
É a inversão da estrutura da frase, caracterizando a ordem indireta ou inversa dos termos. Exemplos:
“Existe um povo que a bandeira empresta. Pr'a cobrir tanta infâmia e cobardia!.” (Castro Alves)
Na ordem direta seria: Existe um povo que empresta a bandeira)

“Ouviram do Ipiranga as margem plácidas de um povo heroico  o brado retumbante”
Na ordem direta seria:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.

INSPER 2011 - ANACOLUTO

A volta do caderno rabugento


Não sei se vocês se lembram de quando lhes falei, acho que no ano passado, num caderninho rabugento que eu mantenho. Aliás, é um caderninho para anotações diversas, mas as únicas que consigo entender algum tempo depois são as rabugentas, pois as outras se convertem em hieróglifos indecifráveis (...), assim que fecho o caderno. Claro, é o reacionarismo próprio da idade, pois, afinal, as línguas são vivas e, se não mudassem, ainda estaríamos falando latim. Mas, por outro lado, se alguém não resistir, a confusão acaba por instalar- se e, tenho certeza, a língua se empobrece, perde recursos expressivos, torna- se cada vez menos precisa.

Quer dizer, isso acho eu, que não sou filólogo nem nada e vivo estudando nas gramáticas, para não passar vexame. Não se trata de impor a norma culta a qualquer custo, até porque, na minha opinião, está correto o enunciado que, observadas as circunstâncias do discurso, comunica com eficácia. Não é necessário seguir receituários abstrusos sobre colocação de pronomes e fazer ginásticas verbais para empregar regras semicabalísticas, que só têm como efeito emperrar o discurso. Mas há regras que nem precisam ser formuladas ou lembradas, porque são parte das exigências de clareza e precisão — e essas deviam ser observadas. Não anoto, nem tenho qualificações para isto, com a finalidade de apontar o “erro de português”, mas a má ou inadequada linguagem.

E devo confessar que fico com medo de que certas práticas deixem de ser modismo e virem novas regras, bem ao gosto dos decorebas. É o que acontece com o, com perdão da má palavra, anacolutismo que grassa entre os falantes brasileiros do português. Vejam bem, nada contra o anacoluto, que tem nome de origem grega e tudo, e pode ser uma figura de sintaxe de uso legítimo. O anacoluto ocorre, se não me trai mais uma vez a vil memória, quando um elemento da oração fica meio pendurado, sem função sintática. Há um anacoluto, por exemplo, na frase “A democracia, ela é a nossa opção”. Para que é esse “ela” aí?

Está certo que, para dar ênfase ou ritmo à fala, isso seja feito uma vez ou outra, mas como prática universal é meio enervante. De alguns anos para cá, só se fala assim, basta assistir aos noticiários e programas de entrevistas. Quase nenhum entrevistado consegue enunciar uma frase direta, na terceira pessoa — sujeito, predicado, objeto — sem dobrar esse sujeito anacoluticamente (perdão outra vez). Só se diz “o policiamento, ele tem como objetivo”, “a prevenção da dengue, ela deve começar”, “a criança, ela não pode” e assim por diante. O escritor, ele teme seriamente que daqui a pouco isso, ele vire regra. (...)

Finalmente, para não perder o costume, faço mais um réquiem para o finado “cujo”. Tenho a certeza de que, entre os muito jovens, a palavra é desconhecida e não deverá ter mais uso, dentro de talvez uma década. A gente até se acostuma a ouvir falar em espécies em extinção, mas, não sei por que, palavras em extinção me comovem mais, vai ver que é porque vivo delas. E não é consolo imaginar que o cujo e eu vamos nos defuntabilizar juntos.

(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 18/07/2010)



01.  Ao mencionar o anacoluto, João Ubaldo Ribeiro reconhece que essa figura de sintaxe pode ter “uso legítimo”.
Identifique a alternativa em que o anacoluto foi empregado como recurso expressivo.
a) “E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos.” (Rachel de Queiroz)
b) “Eu canto um canto matinal” (Guilherme de Almeida)
c) “Da lua os claros raios rutilavam.” (Camões)
d) “Deixa lá, que ainda havemos de ser felizes os dois, com a nossa casinha e as nossas coisas.” (Almada Negreiros)
e) “A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade)
Comentário
Na frase de Rachel de Queiroz há clara ruptura sintática entre o termo inicial “a menina” e a sequência do enunciado, formado por uma oração principal (“era melhor”) e uma oração subordinada substantiva subjetiva (“que fosse dormir na casa de uns vizinhos”). Com isso, o termo inicial fica sem função sintática.





FIGURA SONORA

Figuras sonoras


Figuras de som ou harmonia
Usadas como recurso para intensificar o ritmo, a melodia .

a)   Aliteração: repetição intencional das consoantes:
“Vozes veladas, veludosas vozes.
Volúpias dos violões, vozes veladas
(Cruz e Souza)
Observe a repetição do Z e do s, tornando o verso musicalizado.
Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.

(Fernando Pessoa)

b)   Assonância: repetição intencional das vogais:
“Pássaro da lua
que queres cantar
nessa terra tua
sem flor e sem mar?”
(Cecília Meireles)
Nesses versos, a assonância se apresenta na repetição da vogal  “e” (queres, nessa, terra, sem), nas vogais “u” e “a” (lua, tua) e na vogal “a” (pássaro, cantar, mar).

c)   Paranomásia: aproximação de palavras com sons parecidos
Um coro colorido, com várias vozes e cores.
Não confunda dilatar com delatar, pode ser desastroso.
Posso pensar em alguma coisa enquanto você passa um e-mail para ele.

d)  Onomatopeia :criação de uma palavra para exprimir alguns sons ou vozes de animais

Ex:  "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." (Cecília Meireles)
A pobre galinha chorava: Có... có,  ri...ri... co...có, mas a cozinheira não teve pena da bichinha.

FIGURAS DE PENSAMENTO

Figuras de Pensamento



Chamamos FIGURA DE PENSAMENTO os recursos de linguagem que se referem ao aspecto semântico( significado) das palavras, tornando o texto mais expressivo.
Dentre as figuras de pensamento, as mais comuns são:
Antítese
Consiste no emprego de  termos opostos entre si.  Exemplos:
Quando o homem fecha uma porta, Deus abre duas janelas.
A tristeza pode vir de noite, mas a alegria vem pela manhã.
Paradoxo
Emprego  de ideias contraditórias simultaneamente, gerando uma situação aparentemente absurda. Um ótimo exemplo é a primeira estrofe deste poema de Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
Como é possível uma dor que não dói?
Ou uma ferida doer e você não sentir?
Diferença entre Antítese e paradoxo;
A Antítese não é simultânea, mas o paradoxo sim.
Quando a antítese acontece ao mesmo tempo, temos o paradoxo ou oximoro.
Eufemismo
Emprego de uma expressão para suavizar uma situação, ou quando se quer comunicar algo desagradável ou chocante.
Exemplos:
Aquele político insiste em aliviar os cofres da nação.( roubar)
Senhor João, já não precisamos mais dos seus serviços.( está demitido)

Ironia
Consiste em dizer o contrário do que se pensa. É uma figura usada com a intenção de satirizar ou ridicularizar.
  Exemplos:
Que lindo o seu boletim, Juquinha. Várias notas vermelhas!
“(...) Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis (...)” Machado de Assis

Hipérbole
Emprego de uma expressão exagerada com o objetivo de realçar uma ideia. Exemplos:
Já falei milhões de vezes que te amo.

"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)
.
Apóstrofe
   É uma espécie de Vocativo,consiste na "invocação" de um ser real ou figurado.Geralmente empregada em linguagem grandiloquente.  Ótimo exemplo é este excerto de Navio negreiro, de Castro Alves
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão


"Liberdade, Liberdade,
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório Duque Estrada)

Gradação
   Emprego  de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente, com o objetivo de intensificar uma ideia .Exemplo:
Seu rosto expressava tristeza, angústia, um sofrimento profundo diante do corpo inerte do marido.
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões...

"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)

O ASSASSINO ERA O ESCRIBA

O assassino era o escriba Neste poema, o autor critica o uso  de ironia e duplo sentido quando se refere aos termos empregados nas...